Descrição
O transporte no Atlântico e a Companhia Geral do Comércio do Brasil (1580-1663) tem como tema central as rotas do açúcar na época em que o Brasil se afirmou como principal região produtora. Considerando os centros marítimos envolvidos, observam-se as modalidades organizativas do comércio e do transporte como factores determinantes de uma hierarquia portuária em mutação ao longo do período em estudo, marcado por diferentes conjunturas político-militares, numa reapreciação das tesos mais fecundas da historiografia económica, na senda de Jaime Cortesão. Os regimes de navegação e a tipologia dos navios utilizados são questionados neste trabalho como formas de adaptação dos agentes ao risco acrescido da guerra.
A Companhia Geral do Comércio do Brasil integra-se nesta problemática na medida em que comporta, simultaneamente, elementos de ruptura e de continuidade com os sessenta anos de União Dinástica. Se a empresa introduziu alterações substantivas nas comunicações luso-brasileiras e na hierarquia dos portos implicados, insiste-se nos elementos de continuidade com as duas últimas décadas dos Áustrias em Portugal, quando o grupo dos futuros acionistas e promotores da Companhia sustentaram as rotas do açúcar, contornando de modo inovador os obstáculos da ocupação holandesa do Nordeste da colónia.
Ao integrar a história da Companhia Geral do Comércio do Brasil, este trabalho aborda temas que contribuem para uma lenta e colectiva pesquisa sobre o período da Restauração, com obrigatórias incursões no campo da história política e institucional.