Descrição
345 pp.; il.; mapas ; 24 cm.
Degredados e órfãs poderão parecer elementos improváveis na construção de um império. Contudo, neste estudo inovador, Timothy Coates descreve o papel extremamente importante que estas figuras supostamente marginais desempenharam na construção e na manutenção do vasto Império Português. Face à necessidade de explicar a notável longevidade da presença portuguesa não apenas em áreas que, formalmente, eram parte do Império, mas também em regiões que escapavam ao controlo português, estudiosos como Charles Boxer e Magalhães Godinho analisaram os laços marítimos, sociais e económicos formais que suportaram este empreendimento global. Neste seu estudo, Timothy Coates examina a utilização do sistema judicial como fonte de elos complementares entre os vários espaços.
A administração deslocava os degredados a fim de satisfazer as suas necessidades específicas, tanto na metrópole europeia como nos territórios portugueses da Ásia, da África e da América.
O elo social e imperial, até agora inexplorado, que estas figuras representam, constitui precisamente o cerne deste estudo.
Para além deste uso dos degredados, ensaiavam-se outras formas de colonização forçada ou patrocinada, num infindável esforço para povoar as suas longínquas possessões coloniais. O autor explora assim uma outra área negligenciada — a das mulheres portuguesas no Império — nomeadamente, a concessão de dotes a raparigas órfãs consideradas merecedoras e o encorajamento que lhes era dado para que se instalassem nos territórios ultramarinos.
Baseando-se em dados fragmentários descobertos em mais de trinta bibliotecas e arquivos, em Portugal, em Goa e nos Estados Unidos, esta obra realça o poderoso papel desempenhado pelos degredados no espaço do Império Português, e para lá desse espaço, e apresenta também importantes contributos para o estudo do crime e da criminalidade, dos processos de construção imperial e do papel desempenhado pelas mulheres nos primórdios da era moderna.