Descrição
“Incorpórea, a claridade da manhã dança. Quem não terá visto na claridade da manhã, na dança perfeita que é a metamorfose, uma pluralidade de figuras que, desenhadas e desdenhadas, não se corporizam, transformando-se infatigavelmente? Nascem e desfazem-se, enlaçam-se e retiram-se; escondem-se para reaparecer como faz o homem a jogar quando é criança, ou quando joga com esses jogos em que a infância se eterniza.“
María Zambrano, O Homem e o Divino, p.41.
María Zambrano (1904-1996)
Filósofa espanhola, nascida em Málaga. Em 1921 iniciou estudos de Filosofia como aluna livre na Universidade Central de Madrid. Completou os estudos em 1927 e em 1931 é já professora auxiliar de Metafísica na Universidade Central. Começou a escrever a sua tese de doutoramento sobre: ” A salvação do indivíduo em Espinosa”. Casou, em 1936, e partiu para Santiago de Chile. Em 1937, no mesmo dia em que cai Bilbau, María e o marido regressam a Espanha. Este alista-se no exército e María colabora na defesa da República como Conselheira de Propaganda e Conselheiro Nacional para a Infância Evacuada. Parte para o exílio em Janeiro de 1939. Passou por Paris, Nova Iorque, Havana e México, aqui leccionou filosofia na universidade. Viveu em Paris de 1946 a1949 e depois Havana, de novo. Em 1953 regressa à Europa e escolhe Roma para viver até 1964, relacionando-se com intelectuais italianos e com espanhóis exilados como Ramón Gaya, Diego de Mesa, Enrique de Rivas, Rafael Albertie Jorge Guillén. Em 1964, publica “Claros do bosque”. Fixa residência em Genebra, quando no seu país começa a ser apreciada, ao ser nomeada “Filha Adoptiva do Principado das Astúrias”. E em 1981 recebe o Prémio Príncipe das Astúrias de Comunicação e Humanidades. Em 1982 é-lhe atribuído o título de doutora honoris causa. Em 1987 abre a Fundação com o seu nome e em 1988 recebe o “Prémio Cervantes”, o equivalente, no nosso país, ao “Prémio Pessoa.” Em português tem diversas obras traduzidas, nomeadamente «O Homem e o divino» e «Os Sonhos e o Tempo».