José Cardoso Pires
José Cardoso Pires (Vila de Rei 1925 — Lisboa 1998)
José Cardoso Pires nasceu em São João do Peso, Vila de Rei, filho de José António Neves, oficial da Marinha Mercante, e de Maria Sofia Cardoso Pires, dona de casa. A família mudou-se cedo para Lisboa, onde cresceu ao lado dos irmãos Maria de Lurdes e António Nuno. Frequentou o Liceu Camões entre 1935 e 1944, tendo como professores figuras notáveis como Rómulo de Carvalho e Delfim Santos, antes de ingressar na Faculdade de Ciências para uma licenciatura em Matemáticas Superiores, que nunca concluiu.
Em 1945, alistou-se na Marinha Mercante como praticante de piloto, mas foi afastado sob suspeita de indisciplina. Optou pelo jornalismo e dirigiu as Edições Artísticas Fólio, contribuindo para a publicação de autores como Aquilino Ribeiro, Samuel Beckett e William Faulkner. Em 1959, estagiou na revista italiana Época, visando lançar um semanário em Portugal, impedido pela censura. Fundou a revista Almanaque, reunindo colaboradores como Luís Sttau Monteiro e Alexandre O’Neill, e escreveu para publicações como o Diário de Lisboa.
A morte trágica do seu irmão António Nuno, em 1953, num acidente de aviação militar durante um treino, marcou profundamente Cardoso Pires. Dez anos depois, dedicou-lhe o romance O Hóspede de Job, como protesto contra a Guerra Fria e o colonialismo militar. Em 1954, casou-se com Maria Edite Pereira, com quem teve duas filhas, Ana e Rita.
Considerado um dos grandes escritores portugueses do século XX, publicou 18 livros entre 1949 e 1997, mantendo uma postura independente face a escolas literárias. Embora próximo do neo-realismo até 1974, sua obra revela influências surrealistas e da estética de Hemingway, caracterizando-se por narrativas cinematográficas e diálogos concisos.
Seu romance O Delfim (1968) é amplamente reconhecido como sua obra-prima, retratando um Portugal anacrónico através da fictícia aldeia de Gafeira. Inicialmente visto como neo-realista, tem sido cada vez mais estudado como um marco do pós-modernismo português.
Ao longo da vida, recebeu diversas distinções, incluindo a Comenda da Ordem da Liberdade (1985) e a Grã-Cruz da Ordem do Mérito (1989). Faleceu em 1998, sendo sepultado no Cemitério dos Prazeres, e sua obra continua a ser celebrada como um legado essencial na literatura portuguesa.
• Os Caminheiros e Outros Contos (Contos), 1949
• Histórias de Amor (Contos), 1952
• O Anjo Ancorado (Novela), 1958
• Cartilha do Marialva (Ensaio), 1960
• O Render dos Heróis (Teatro), 1960
• Jogos de Azar (Contos), 1963 ; 1993
• O Hóspede de Job (Romance), 1963
• O Delfim (Romance), 1968
• Dinossauro Excelentíssimo (Sátira), 1972
• E agora, José ? (Ensaio), 1977
• O Burro em Pé (Contos), 1979
• João Janito, o burro em pé, Moraes, 1979
• Corpo-Delito na Sala de Espelhos, 1980
• Balada da Praia dos Cães (Romance), 1982
• Alexandra Alpha (Romance), 1987
• A República dos Corvos (Contos), 1988
• Cardoso Pires por Cardoso Pires (Crónicas), 1991
• A Cavalo no Diabo (Crónicas), 1994
• De Profundis, Valsa Lenta (Crónicas), 1997
• Lisboa, Livro de Bordo (Crónicas), 1997
• Lavagante, editado em 2008
• Celeste & Làlinha — Por Cima de Toda a Folha (Ilustrações de Rita Cardoso Pires), 2015
8 produtos







