Descrição
174 pp.; ill. color.; 1 mapa; 28 cm
A tapeçaria de Bayeux é uma obra extraordinária. O texto explora possíveis erros de restauro, questiona se se trata de reportagem ou imaginação, e investiga se houve um único criador, se o autor teve experiência directa dos eventos, conhecimento de guerra e armamento, ou se recorreu à arquitectura fantasiosa. Segue-se uma análise do detalhe vivo: observações da vida quotidiana, ferramentas e utensílios, cenas de combate, cavalos e cavaleiros, e a natureza como paisagem. O estudo destaca invenções pictóricas inéditas, como a “Última Ceia” no acampamento normando, cenas de caça e elementos cómicos ou grotescos (drolleries). A secção dedicada aos navios aborda escudos ao longo da borda, na proa e na popa, velas, cabeças de animais e humanas, costumes pagãos, transporte de cavalos, obras portuárias, sondagens e sinais luminosos.
Questões em aberto incluem a identidade de Turold e o mistério de Ælfgyva. Os bordos da tapeçaria são analisados como possíveis glosas visuais, com fábulas, motivos de calendário, modelos decorativos, erotismo e imagens da natureza. A autoria anglo-saxónica é debatida: o texto considera um relevo de Winchester, a ausência de desenho figurativo anglo-saxónico, a continuidade estilística, a técnica de bordado como factor, a arte em Saint-Vaast, o traço e a composição românica inicial, figuras na arte catalã, pintura em Jumièges, um relevo num capitel em Bayeux, paralelos com arte anglo-normanda, e conclui com argumentos estilísticos que apontam para uma obra normanda. O programa iconográfico é interpretado sob uma perspectiva normanda. O patrono, o bispo Odo, é destacado, bem como o atraso táctico de Guilherme, as crónicas normandas, a coroação do usurpador, divergências face às fontes, a “reescrita” da história e influências da poesia francesa. As inscrições são examinadas quanto à relação entre texto e imagem, à possibilidade de múltiplos escribas, e às características anglo-saxónicas e franco-normandas, com referência à situação da Normandia e Inglaterra antes de 1066. Baudri de Bourgueil é mencionado em relação à tapeçaria. A técnica de bordado é ligada a antecedentes nórdicos, com discussão sobre bordadeiras, cores dos fios e conexões com têxteis escandinavos. As tradições da arte viking são exploradas: árvores estilizadas, reminiscências nórdicas, uso “bárbaro” da cor, ornamento viking. As técnicas narrativas incluem comunidade narrativa, árvores como participantes, novas formas narrativas, inversões de sequência, exuberância gestual e envolvimento do espectador.



