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Jorge de Sena

Editora: Moraes

Local de edição: Lisboa

Ano: 1980

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Descrição

119 pp.; 20 cm

Jorge de Sena, Lisboa, 1919 – Santa Barbara, EUA, 1978

Filho tardio e Ășnico de Augusto Raposo de Sena, natural dos Açores e comandante da marinha mercante, e de Maria da Luz Grilo de Sena, natural da CovilhĂŁ e domĂ©stica. Segundo testemunho do prĂłprio escritor, tanto a famĂ­lia paterna como a materna pertenciam Ă  alta burguesia, tendo a paterna mostrado sempre «presunçÔes de aristocracia velha e predominĂąncia de militares, altos funcionĂĄrios, etc.», ao passo que «a materna era sobretudo de poderosos comerciantes portuenses.»

Jorge de Sena teve uma infĂąncia retirada e infeliz, tendo feito a instrução primĂĄria e os primeiros anos do liceu no antigo ColĂ©gio Vasco da Gama, hoje desaparecido e substituĂ­do, no mesmo local, por um colĂ©gio de freiras. O restante do curso liceal fĂȘ-lo no Liceu CamĂ”es, onde foi, no sexto e sĂ©timo ano de CiĂȘncias, aluno, em FĂ­sico-QuĂ­micas, de RĂłmulo de Carvalho que, sob o pseudĂłnimo literĂĄrio de AntĂłnio GedeĂŁo, viria a notabilizar-se como poeta. Na Faculdade de CiĂȘncias de Lisboa efectua os estudos preparatĂłrios para entrada na Escola Naval, com altĂ­ssimas classificaçÔes, sendo a ela admitido em 1937, portanto com 17 anos feitos, como nÂș. 1 do seu curso. ApĂłs uma «viagem de instrução» no navio-escola Sagres, Ă©-lhe recusado o acesso a Oficial de Marinha, por falta de perfil necessĂĄrio. Dessa ferida jamais se curarĂĄ, visto o mar e o que este supĂ”e de «andanças» ter-lhe sempre sido uma profunda atracção. Tendo que escolher entre as opçÔes que os preconceitos burgueses da famĂ­lia consideravam aceitĂĄveis, Jorge de Sena optou pela engenharia civil, que foi concluir ao Porto, com a generosa ajuda financeira de dois amigos que para sempre lhe ficaram fiĂ©is: Ruy Cinatti e JosĂ© Blanc de Portugal (ambos, tambĂ©m significativamente, de formação cientĂ­fica). Conclui o curso em 1944, mas, antes, publicara jĂĄ poemas nos Cadernos de Poesia (revista que, posteriormente, co-dirigirĂĄ) e, em 1942, dera Ă  luz o seu primeiro livro de poesia, Perseguição, que passou quase despercebido. Como jĂĄ foi dito, a poesia de Sena chocava menos pelo que era do que por aquilo que nĂŁo era: nĂŁo era um lirismo ortodoxo, nĂŁo era de fĂĄcil leitura, nĂŁo era prolixa; mas era, em contrapartida, densa, concisa, difĂ­cil, pouco musical, onĂ­rica, agreste, inteligente e culta. Com vivĂȘncias do surrealismo mas em muito o transcendendo.

Em 1947 inicia a sua carreira profissional como engenheiro civil (na CĂąmara Municipal de Lisboa, na Direcção-Geral dos Serviços de Urbanização e na Junta AutĂłnoma de Estradas). Tendo casado com MĂ©cia de Freitas Leça, em 1949, depressa teve que juntar, Ă s tarefas inerentes Ă  profissĂŁo, as de tradutor, director-literĂĄrio e revisor, o que impediu que se entregasse de modo mais profundo Ă  obra de criação e investigação para que se sentia vocacionado e interiormente equipado. Isto e o ter participado num golpe revolucionĂĄrio abortado que poderia vir a ter, eventualmente, consequĂȘncias, levou-o a fixar-se, em 1959, no Brasil, primeiro, como catedrĂĄtico contratado de Teoria da Literatura, na Faculdade de Filosofia, CiĂȘncias e Letras, de Assis, no Estado de SĂŁo Paulo, depois, em 1961, como catedrĂĄtico contratado de Literatura Portuguesa, na Faculdade de Filosofia, CiĂȘncias e Letras de Araraquara, cargo que desempenhou atĂ© 1965, ano em que a situação polĂ­tica no Brasil o leva a mudar-se para os Estados Unidos. No Brasil defendera, entretanto, tese de doutoramento em Letras e de livre-docĂȘncia em Literatura Portuguesa, com o trabalho Os sonetos de CamĂ”es e o soneto quinhentista peninsular, e adquirira a cidadania brasileira, que conservaria atĂ© morrer.

Nos Estados Unidos, Sena começou por aceitar o cargo de «visiting professor» na Universidade de Wisconsin, sendo, em 1967 nomeado catedrĂĄtico do Departamento de Espanhol e PortuguĂȘs. Em 1970 mudou-se para Santa Barbara, onde foi nomeado catedrĂĄtico efectivo do Departamento de Espanhol e PortuguĂȘs e, por acumulação, director do Departamento de Literatura Comparada. AĂ­ viria a falecer em 4 de Junho de 1978.

A obra de Jorge de Sena Ă© monumental em volume, em variedade (poesia, ficção, teatro, crĂ­tica, ensaio, histĂłria, histĂłria literĂĄria, organização de antologias, tradução) e, frequentemente, de qualidade excepcional. Dando razĂŁo, em todos os pelouros, ao mot de Flaubert: «La poĂ©sie n’est point une dĂ©bilitĂ© de l’esprit», Jorge de Sena imprimiu a tudo o que escreveu um vigor, uma ironia corrosiva, uma energia ĂĄcida, um ousar quase, por vezes, Ă  beira da loucura, um gosto (e uma capacidade) de subversĂŁo, um poder intelectual e espiritual, um apetite omnĂ­voro de outras e diversas fontes culturais capazes de o alimentarem e excitarem, que dĂŁo ao corpus da sua obra uma força e uma monumentalidade quase monstruosas. Na ficção, citarĂ­amos tudo: trĂȘs colectĂąneas de contos, Andanças do DemĂłnio (1960), Novas Andanças do DemĂłnio (1966); Os GrĂŁo-CapitĂŁes (1976); uma novela, O FĂ­sico Prodigioso (1977) e um romance, fortemente autobiogrĂĄfico, Sinais de Fogo (1979). Na poesia muitos dos poemas de As EvidĂȘncias (1955), Fidelidade (1958), Metamorfoses (1963), Peregrinatio ad Loca Infecta (1969) e Exorcismos (1972) ficarĂŁo, por certo, a fazer parte do nosso patrimĂłnio poĂ©tico.

António Ramos Rosa, Eduardo Lourenço e Eugénio Lisboa contam-se entre os ensaístas que mais atentamente se dedicaram ao estudo e anålise da obra de Jorge Sena.
in DicionĂĄrio CronolĂłgico de Autores Portugueses, Vol. IV, Lisboa, 1997

Informação adicional

Autor

Editora

Moraes

Local de Edição

Lisboa

Ano

1980

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