Descrição
Invulgar.
António Serrão de Crasto, cristão novo, poeta, nasceu por volta de 1613 e faleceu em 1684. Na família, tinham entrado já muitos cristãos velhos, não sendo de acreditar que se dedicassem à prática de cerimónias judaicas. No entanto, foi preso a 24 de Maio de 1673, quando era já viúvo. Seguiu-se a prisão de seus filhos Luis Serrão, estudante de medicina, de 23 anos, Pedro Serrão, estudante de teologia, de 20, e Teresa Maria, solteira, de 18 anos. Escapou o filho mais novo, Duarte de 16-17 anos. A Inquisição prendeu ainda três irmãs, já bem idosas, Francisca Serrã, Paula de Castro e Inês Duarte. Esta última morreu na prisão em 28 de Fevereiro de 1675. Prendeu ainda os sobrinhos Luis de Bulhão e Pedro Duarte Ferrão e ainda uma segunda prima, Catarina de Castro. Para salvarem a vida, todos se sujeitaram à comédia da Inquisição denunciando a família; todos, menos o filho Pedro Serrão que se recusou a representar o papel de arrependido. Segundo testemunhos da época, era ele um católico fervoroso, mas foi morto no auto da fé de 10 de Maio de 1682, onde saiu também toda a família.
António Serrão de Castro participou activamente nas Academias dos Singulares e deixou bastantes poesias barrocas nos dois volumes ali publicados; mas a maior parte dos seus poemas chegou até nós em manuscritos. Em 1765, saiu em Lisboa a Macarronea Latino-Portuguesa, onde aparece um seu poema em Latim macarrónico. Em 1883, Camilo Castelo Branco, publicou o poema “Os ratos da Inquisição”. António Serrão de Castro, saiu da Inquisição, ao fim de dez anos menos dois dias de prisão, completamente arruinado, do corpo, do espírito e da fazenda. Aliás terá sido a composição de poesias, unicamente com a memória, que lhe permitiu manter alguma sanidade mental.
Os ratos que lhe roem a roupa e a canastra de alimentos (inexistente) são os Inquisidores que o despojaram de tudo.