Descrição
281 pp.; contém ilustrações e mapas.
Sinopse:
“O projecto inicial deste livro eram as minorias islâmicas (xiitas ou fatimidas) que o Mediterrâneo e a Península Ibérica conheceram na Idade Média. Pelo caminho, o autor apercebeu-se da existência de elementos da gnose xiita dos séculos IX-XII nos relatos das visões da Cova da Iria (1917). Uma estranha encruzilhada. Não abandonou esses elementos imprevistos e abriu uma pista nova… para Fátima. Apesar desta ampliação, as investigações são autónomas: os leitores tanto poderão descobrir os berberes que invadiram a Península em 711 e entraram em conflito com o islão, como redescobrir Fátima…
Segundo o modelo de análise transdisciplinar que é o do autor, associa-se neste estudo a História documental, a Etnologia histórica, a Etnolinguística e a Teologia. É o primeiro trabalho sobre os conflitos no interior do islão publicado na Península onde se desconhecem as diferenças fundamentais (teoló-gicas) entre o xiismo e o sunismo; o que em Portugal se sabe do antigo islão ibérico é um punhado de estereótipos difundidos pelos manuais escolares ou pela propaganda.
Quanto à Cova da Iria, os escritos procedem ora de apologistas católicos que defendem a descida da Mãe de Jesus à serra d’Aire, ora de alguns autores do campo oposto que «desmascaram» essa pretensão; pelo meio encontram-se alguns trabalhos jornalísticos, umas tantas fantasias de ovniólogos e muita desconfiança. O único relato fiável sobre as visões das crianças é o relatório que se publica em anexo; tudo o que vai para além disso (posterior aos factos) é suspeito, invenções e reinterpretações. Este livro também é o primeiro estudo etno-sociológico sobre o tema da Cova da Iria, circunscrito aos dizeres dos videntes de Maio a Outubro de 1917 e enriquecido pela transdisciplinaridade.
O autor procede, como num laboratório, à decomposição da teologia xiita (ou fatimida) dos séculos IX-XII por um lado, e das visões da Cova da Iria (1917) por outro. Descobre-se que há uma identidade comum; a toponímia da freguesia de Fátima e elementos etno-históricos referentes a Ourém e a Tomar demonstram que as aparições de 1917 foram uma repetição, porque houve, no espaço da actual freguesia, outras aparições de Fátima, no tempo dos Mouros que eram fatimidas. Deparamos assim com um enigma insolúvel face aos nossos actuais conhecimentos.”




