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O espelho poliƩdrico

JosƩ Rodrigues MiguƩis

Local de edição: Lisboa

Ano: 1973

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Descrição

Encadernação do editor. 1ª edição.

JosƩ Rodrigues MiguƩis

Escritor portuguĆŖs (Lisboa, 1901 – Nova Iorque, 1980). Licenciado em Direito (Lisboa, 1924) e em CiĆŖncias Pedagógicas (Bruxelas, 1933). Foi temporariamente advogado, delegado do MinistĆ©rio PĆŗblico e professor do ensino secundĆ”rio. Atento Ć  imprensa periódica, colaborador d’A RepĆŗblica e da Seara Nova, dirige o semanĆ”rio O Globo (1933) com Bento CaraƧa e envolve-se em movimentos de intervenção cĆ­vica democrĆ”tica. Vendo o seu nome censurado nos jornais, vai em 1935 para os EUA, onde acabarĆ” por se fixar e viver a maior parte da sua vida. A partir de 1942, e durante cerca de dez anos, exerce funƧƵes de Assistant Editor das SeleƧƵes do Reader’s Digest. Colabora regularmente na imprensa de Lisboa e dedica-se Ć  tradução: Stendhal, Carson McCullers, Erskine Caldwell, F.Scott Fitzgerald. Ā A obra de JosĆ© Rodrigues MiguĆ©is configura-se predominantemente ao nĆ­vel da ficção narrativa e da crónica-ensaio. CoetĆ¢nea do presencismo e do neorrealismo, Ć© relativamente independente do cĆ¢none rĆ­gido daqueles movimentos, situando-se numa zona de interseção entre ambos, gerando sĆ­nteses originais. Leitor atento de Camilo e de EƧa, revela-se mestre da ironia e do humor, problematizando as contradiƧƵes sociais, analisando o sujeito individualmente considerado, nĆ£o raro em situação limite de amargura e de perda, mas tambĆ©m em busca de identidade, oscilando entre o regresso como forma de esperanƧa e a fuga como expressĆ£o de desistĆŖncia, a que nĆ£o Ć© alheia a heranƧa brandoniana: Ā«As crónicas da RepĆŗblica (tudo ali me lembrava Raul BrandĆ£o, que por lĆ” passara) eram talhadas em pleno material do mestre da Farsa. A sua sensibilidade luarenta e espectral coincidia visceralmente com o meu modo de ser.Ā» (in Ā«Nota do AutorĀ» Ć  2ĀŖ ed. de PĆ”scoa Feliz, 1958, p.183). Ā SĆ£o em nĆŗmero de seis os romances de JRM: Uma Aventura Inquietante (1958), que sob um enredo policial denuncia as arbitrariedades da JustiƧa, revelando em simultĆ¢neo a Ā«gastronostalgiaĀ» do expatriado na BĆ©lgica, que só dĆ” valor Ć  PĆ”tria quando se encontra longe dela; A Escola do ParaĆ­so (1960), revelando algumas caracterĆ­sticas do romance de formação, Ć© centrada na infĆ¢ncia do herói, decorrida entre o fim da Monarquia e os alvores da RepĆŗblica, concedendo particular destaque Ć  figura da mĆ£e e Ć  da cidade-berƧo; Nikalai! Nikalai! (1971), história pĆ­cara que retrata uma comunidade de russos brancos sediada em Bruxelas, após a revolução soviĆ©tica, e que pretende repor no trono o czar Nikalai; O Milagre segundo SalomĆ© (1975), grande fresco da sociedade lisboeta, da ambiĆŖncia depressiva que correspondeu Ć  degradação dos sonhos republicanos, que culminaria no golpe de 28 de maio de 1926; O PĆ£o NĆ£o Cai do CĆ©u (1981), a sua obra mais conforme ao cĆ¢none neorrealista, onde se destaca a figura do Ā«ciganoĀ», herói Ć©pico, sĆ­mbolo unificador da luta pela terra e pela liberdade na planĆ­cie alentejana; Idealista no Mundo Real (1986) que problematiza as contradiƧƵes de um jovem magistrado colaborador da Seara Nova em busca da sua identidade ideológica e social. SerĆ£o, contudo, a novela e o conto que tornarĆ£o JRM referĆŖncia obrigatória entre os melhores no gĆ©nero: PĆ”scoa Feliz (1932) – PrĆ©mio da Casa da Imprensa – revela-se um dos mais penetrantes retratos da desagregação mental do sujeito atĆ© ao limite da loucura e do crime, temĆ”tica que serĆ” retomada com menor dramatismo e expressividade na peƧa de teatro O Passageiro do Expresso (1960).A problemĆ”tica da dissolução do sujeito, associada a elementos fantĆ”sticos, constitui tambĆ©m a linha de forƧa da narrativa Ā«A Mancha nĆ£o se ApagaĀ» (Onde a Noite se Acaba, 1946). Ā De LĆ©ah e Outras Histórias (1958) – PrĆ©mio Camilo Castelo Branco – destacam-se as narrativas Ā«LĆ©ahĀ» e Ā«Saudades para a Dona GencianaĀ» . A primeira, oscilando entre a carta e o diĆ”rio, constitui-se como solilóquio confitente de um medroso e tĆ­mido narrador evocando a mulher amada e perdida; a segunda, considerada a obra-prima da ficção migueisiana, construĆ­da sobre uma dupla sinĆ©doque: Dona Genciana representando o espaƧo humano da Avenida (Almirante Reis), e esta, por sua vez, representando a cidade de Lisboa, vista disforicamente no passado e euforicamente no presente da rememoração, depreciadas ambas pela vivĆŖncia e tambĆ©m ambas glorificadas pela memória, testemunhas de um espaƧo-tempo relĆ­quia, que a saudade faz re(vi)ver. Ā A condição do imigrante constitui-se como eixo temĆ”tico dominante nos contos de Gente da Terceira Classe (1962). A experiĆŖncia autobiogrĆ”fica, forƧa motriz da obra migueisiana no seu conjunto, assume-se explicitamente em Um Homem Sorri Ć  Morte – Com Meia Cara (1959) onde o sofrimento perante a ameaƧa do fim se transmuta pela coragem e pela vontade, em vitória da vida e da esperanƧa. Ā A produção genericamente considerada crónica foi reunida em trĆŖs vols.: Ɖ Proibido Apontar – ReflexƵes de um BurguĆŖs I (1964), O Espelho PoliĆ©drico (1973), As Harmonias do CanelĆ£o – ReflexƵes de um BurguĆŖs II (1974). Ā Pass(Ƨ)os Confusos (1982) reedita o livro de contos ComĆ©rcio com o Inimigo (1973) bem como um conjunto de narrativas anteriormente publicadas na imprensa. Aforismos & Desaforismos de AparĆ­cio (1996, ed. OnĆ©simoT. Almeida) reĆŗne textos publicados no DiĆ”rio Popular sob o tĆ­tulo de Tablóides, subordinados a temĆ”ticas diversas na Ć”rea polĆ­tico-cultural, de que se destacam os conceitos de liberdade e de arte, bem como o papel dos intelectuais nas sociedades modernas, acusando dramatismo e angĆŗstia, fruto do exĆ­lio e da solidĆ£o. Ā BIBLIOGRAFIA: AA. VV. JosĆ© Rodrigues MiguĆ©is: CatĆ”logo da Exposição Comemorativa do CentenĆ”rio do Nascimento, Lx., 2001;OnĆ©simo T. Almeida (ed.) JosĆ© Rodrigues MiguĆ©is: Lisbon in Manhattan (Providence, 1984); OnĆ©simo T. Almeida & Manuela Rego (eds.), JosĆ© Rodrigues MiguĆ©is: Uma Vida em PapĆ©is Repartida, Lx., 2001; Margarida Barahona, introd. a Contos de JosĆ© Rodrigues MiguĆ©is, Lx, 1981; JoĆ£o JosĆ© Cochofel, Ā«O Último Romance de MiguĆ©isĀ», in CrĆ­ticas e Crónicas, Lx., 1982; JosĆ© Martins Garcia, Ā«Um ParaĆ­so Sempre AmeaƧadoĀ», introd. a A Escola do ParaĆ­so, Lx.,1986; John A. Kerr Jr., MiguĆ©is –To the Seventh Decade, University of Mississipi, Romance Monographs 29, 1977; Maria LĆŗcia Lepecki, Ā«Rodrigues MiguĆ©is: o Código e a ChaveĀ» in Meridianos do Texto, Lx., 1979; Ɠscar Lopes, Ā«O Pessoal e o Social na Obra de MiguĆ©isĀ», in Cinco Personalidades LiterĆ”rias, Porto, 1961; Eduardo LourenƧo, Ā«As Marcas do ExĆ­lio no Discurso de Rodrigues MiguĆ©isĀ», in O Canto do Signo, Lx., 1994; Teresa Martins Marques, O ImaginĆ”rio de Lisboa na Ficção Narrativa de JosĆ© Rodrigues MiguĆ©is, Lx., 1994; David MourĆ£o-Ferreira, Ā«Avatares do Narrador na Ficção de MiguĆ©isĀ», in Sob o Mesmo Tecto, Lx.,1989; MĆ”rio Neves, JosĆ© Rodrigues MiguĆ©is – Vida e Obra, Lx., 1990; Ernesto Rodrigues,Ā«Uma Atmosfera RevolucionĆ”ria: O PĆ£o nĆ£o Cai do CĆ©uĀ», in MĆ”gico Folhetim—Literatura e Jornalismo em Portugal, Lx.,1998; MĆ”rio Sacramento, Ā«A ProblemĆ”tica do Eu em JosĆ© Rodrigues MiguĆ©isĀ», in Ensaios de Domingo, Coimbra, 1959.

Fonte: Teresa Martins Marques , José Rodrigues Miguéis

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Autor

Local de Edição

Lisboa

Ano

1973

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