Descrição
174 pp.; 20 cm; B.
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MĆ”rio Cesariny de Vasconcelos, Lisboa, 1923 – Lisboa, 2006
Poeta e pintor, tendo participado em vƔrias exposiƧƵes.
Na Escola António Arroio fez estudos orientados para as Belas-Artes, que desenvolveu mais tarde.
A sua afirmação como escritor faz-se em torno do primeiro grupo surrealista de Lisboa, desempenhando intensa actividade que nunca interrompeu: intervenção em conferências, publicação de folhas volantes colectivas e individuais, organização de antologias (Antologia Surrealista do CadÔver Esquisito, 1961; Surreal/Abjeccionismo, 1963; A Intervenção Surrealista, 1966; 50º. AniversÔrio do Primeiro Manifesto Surrealista, 1974; Horta de Literatura de Cordel, antologia, 1983; etc.)
Publica tambƩm traduƧƵes (Rimbaud, Artaud, etc.)
Inicialmente próximo do Neo-Realismo, rompe com este movimento que é posto em questão de um modo sarcÔstico e irónico em «Nicolau Cansado Escritor», que foi recolhido, em 1961, em Poesia: 1944-1955. Entretanto, apresenta-se como defensor ortodoxo do movimento surrealista, envolvendo-se nas confrontações e rivalidades entre grupos ligados a esse movimento ou em vÔrias polémicas.
A sua poesia Ć© espontĆ¢nea, subversiva, fulgurante, animada por um sentido de contestação aos comportamentos ou princĆpios mais institucionalizados ou considerados normais no campo do pensamento, da cultura, dos costumes, do erotismo. Ao recorrer a processos tipicamente surrealistas (enumeraƧƵes caóticas, utilização sistemĆ”tica do sem-sentido ou do humor negro, formas paródicas, trocadilhos e outros jogos verbais, automatismo, etc.), nĆ£o deixa de atingir o que possa haver de imprevisĆvel numa linguagem que sabe encontrar o equilĆbrio entre o quotidiano, tantas vezes surpreendido sentimentalmente, e o insólito, a clareza e o hermetismo, a ternura e a agressividade, o artifĆcio e a mais exaltada espontaneidade.
Escreveu um texto de Ćndole teatral (Um Auto para JerusalĆ©m, 1964) e reuniu em livro (As MĆ£os na Ćgua a CabeƧa no Mar, 1972) um conjunto de artigos sobre vĆ”rios escritores, pintores, movimentos artĆsticos, etc.
Colaborador das revistas Transformaction (Inglaterra), Brumes Blondes (Holanda), Phases e La Crecele Noire (FranƧa), Arsenal: Surrealist Subversion (EUA).
Parte do espólio de MÔrio Cesariny encontra-se no Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea da Biblioteca Nacional.
in DicionÔrio Cronológico de Autores Portugueses, Vol. V, Lisboa, 1998