Descrição
Licenciou-se em Filologia Germânica pela Universidade Clássica de Lisboa e doutorou-se em Estudos Hispânicos do Século de Oiro, pela Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA). Foi professora catedrática na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde criou o Instituto de Estudos Portugueses, em 1994, do qual é presidente.
Para além das funções de docente, desempenhou ainda outras. Entre 1980 e 1981, foi diretora-adjunta da revista literária Loreto 13 da Associação Portuguesa de Escritores e da qual é igualmente membro. Entre 1987 e 1990, integrou a Comissão Editorial e o Conselho de Redação da Revista da Faculdade de Ciências Humanas. Entre 1988 e 1991, fundou e dirigiu a revista Claro-Escuro, que se dedica a estudos barrocos. Em 1991, fundou a revista Incidênciasdo Instituto de Estudos Portugueses. Entre 1991 e 1993, foi presidente da Comissão para a Tradução e os Direitos Linguísticos do PEN Club Internacional, clube do qual foi também presidente, entre 1992 e 1994. Membro de várias associações nacionais e internacionais, entre 1971 e 1974, trabalhou também no London Film School, realizando quatro pequenos filmes, como Revolução(1976).
Quanto à sua carreira literária, iniciou-a com a publicação do livro de poesia Ritmo Perdido (1958). Nas décadas de 60 e 70, foi elemento ativo do Movimento da Poesia Experimental (conhecido por Po-Ex) que procurava realizar exposições de artistas vanguardistas e divulgar a poesia visual e concreta, em Portugal e no estrangeiro. É precisamente na categoria de vanguardista que Ana Hatherly é integrada. Revelando uma pluralidade inventiva, procura conciliar a literatura, sobretudo a sua poesia, de pendor barroco, com as artes visuais (desenho, colagem, pintura).
No que concerne aos seus trabalhos artísticos, realizou diversas exposições individuais e coletivas, tanto a nível nacional como internacional, salientando-se a Bienal de Veneza, a Bienal de S. Paulo, o Museu do Chiado, a Fundação Calouste Gulbenkian ou a Fundação da Casa de Serralves, podendo encontrar-se cerca de 200 trabalhos da artista, produzidos entre 1960 e 2002, na obra A Mão Inteligente (2002).
Relativamente à sua produção escrita, estão publicados diversos títulos de poesia, ficção, ensaios e artigos para revistas e congressos, estando também parte do seu trabalho representado em várias antologias. Destacam-se algumas obras, como As Aparências (1959), Nove Incursões (1962), O Espaço Crítico: Do Simbolismo à Vanguarda (1979), PO.EX: Poesia Experimental Portuguesa (1981), Poemas em Língua de Preto dos Séculos XVII e XVIII (1990), A Casa das Musas: Uma Releitura Crítica da Tradição (1995), 351 Tisanas (1997), A Idade da Escrita (1998), Um Calculador de Improbabilidades (2001), Itinerários(2003), Poesia Incurável: Aspetos da Sensibilidade Barroca (2003). Para além disto, é também autora de traduções de obras inglesas, francesas, italianas e espanholas e de estudos sobre o Barroco em Portugal.
Ana Hatherly foi distinguida com vários prémios: Medalha de Mérito Linguístico e Filológico Oskar Nobiling (1978) da Sociedade Brasileira de Língua e Literatura do Rio de Janeiro; Prémio de Ensaio (2000) da Associação Portuguesa de Escritores, pelo seu livro O Ladrão Cristalino (1997); Prémio de Poesia (2001) do PEN Club, pela sua obra Rilkeana (1999); Prémio Évelyne Encelot (2003), que distingue mulheres europeias, pelas suas obras nas áreas das artes ou das ciências; Prémio da Crítica 2003 (2005) da Associação Portuguesa dos Críticos Literárias, pela sua obra O Pavão Negro (2003).
Poesia
• Um Ritmo Perdido. Lisboa: Ed. Aut. (1958)
• As Aparências. Lisboa: Sociedade de Expansão Cultural (1959)
• A Dama e o Cavaleiro. Lisboa: Guimarães Editores (1960)
• Sigma. Lisboa: Ed. Aut. (1965)
• Estruturas Poéticas – Operação 2. Lisboa: Ed. Aut. (1967)
• Eros Frenético. Lisboa: Moraes Editores (1968)
• 39 Tisanas. Porto: Colecção Gémeos, 2 (1969)
• Anagramático. Lisboa: Moraes Editores (1970)
• 63 Tisanas: (40-102). Lisboa: Moraes Editores (1973)
• Poesia: 1958-1978. Prefácio de Lúcia Helena da Silva Pereira – Lisboa: Moraes Editores (1980)
• Ana Viva e Plurilida. in Joyciana (ob. colec.), Lisboa: &etc. (1982)
• O Cisne Intacto. Porto: Limiar (1983)
• A Cidade das Palavras. Lisboa: Quetzal (1988)
• Volúpsia. Lisboa: Quimera (1994)
• 351 Tisanas. Lisboa: Quimera (1997)
• Rilkeana. Apresentação de João Barrento e Elfriede Engelmayer – Lisboa: Assírio & Alvim (Prémio de Poesia do PEN Clube Português) (1999)
• Um Calculador de Improbabilidades. Lisboa: Quimera (2001)
• O Pavão Negro. Prefácios da Autora e de Paulo Cunha e Silva, Lisboa: Assírio & Alvim (Prémio de Consagração da Associação Portuguesa de Críticos Literários) (2003)
• Itinerários. Vila Nova de Famalicão: Edições Quasi (2003)
• Fibrilações. Edição bilingue. Tradução para castelhano de Perfecto E. Cuadrado, Lisboa: Quimera (2005)
• A Idade da Escrita e outros poemas. Antologia com org. e pról. de Floriano Martins, São Paulo: Escrituras (2005)
• 463 Tisanas. Prefácio da Autora, Lisboa: Quimera (2006)
• A Neo-Penélope. Lisboa: &etc. (2007)
Prosa
• O Mestre. Lisboa: Arcádia (1963). 2.ª edição: Prefácio de Maria Alzira Seixo, Lisboa: Moraes Editores (1976). 3ª edição: Prefácios de Silvina Rodrigues Lopes e Simone Pinto Monteiro de Oliveira e posfácio da Autora, Lisboa: Quimera (1995). 1.ª edição brasileira: Prefácio de Nadiá Paulo Ferreira, Rio de Janeiro: 7LETRAS (2006)
• No Restaurante. In Antologia do Conto Fantástico Português. Edições Afrodite de Fernando Ribeiro de Mello (1967). 2.ª edição: idem (1974). [3.ª edição]: Lisboa: Arte Mágica Editores (2003)
• Crónicas, Anacrónicas Quase-tisanas e outras Neo-prosas. Lisboa: Iniciativas Editoriais (1977)
• O Tacto. In Poética dos cinco sentidos. Lisboa: Livraria Bertrand (1979)
• Anacrusa: 68 sonhos. Lisboa: & Etc (Sonhos da Autora comentados por vários autores) (1983)
• Elles: um epistolado (com Alberto Pimenta). Lisboa: Editorial Escritor (1999)
• O Neo-Ali Babá. In Mea Libra – Revista do Centro Cultural do Alto Minho, n.º 14, Viana do Castelo (2004)
Ensaios e Edições Críticas
• Nove Incursões. Lisboa: Sociedade de Expansão Cultural (1962)
• O Espaço Crítico: do simbolismo à vanguarda. Lisboa: Caminho (1979)
• A Experiência do Prodígio – Bases Teóricas e Antologia de Textos-Visuais Portugueses dos séculos XVII e XVIII. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda (1983)
• Defesa e Condenação da Manice. Lisboa: Quimera (Apresentação, notas e fixação do texto) (1989)
• Poemas em Língua de Preto dos Séculos XVII e XVIII. Lisboa: Quimera (Apresentação, notas e fixação do texto) (1990)
• Elogio da Pintura de Luís Nunes Tinoco. Com estudo crítico de Luís de Moura Sobral, Lisboa: Instituto Português do Património Cultural (Apresentação e edição) (1991)
• A Preciosa de Sóror Maria do Céu. Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica (Edição actualizada do códice 3773 da Biblioteca Nacional precedida dum estudo) (1991)
• Lampadário de Cristal de Frei Jerónimo Baía. Lisboa: Editorial Comunicação (Apresentação crítica, fixação do texto, notas, glossário e roteiro de leitura) (1991)
• O Desafio Venturoso de António Barbosa Bacelar. Lisboa: Assírio & Alvim (Organização e prefácio) (1991)
• Triunfo do Rosário: repartido em cinco autos de Sóror Maria do Céu. Lisboa: Quimera (Tradução e apresentação) (1992)
• A Casa das Musas: uma releitura crítica da tradição. Lisboa: Editorial Estampa (1995)
• O Ladrão Cristalino: aspectos do imaginário barroco. Lisboa: Edições Cosmos (Prémio de Ensaio da Sociedade Portuguesa de Autores, 1998) (1997)
• Frutas do Brasil numa nova, e ascetica monarchia, consagrada à Santíssima Senhora do Rosário de António do Rosário. Lisboa: Biblioteca Nacional (Apresentação) (2002)
• Poesia Incurável: aspectos da sensibilidade barroca. Lisboa: Editorial Estampa (2003)
• Interfaces do Olhar – Uma Antologia Crítica / Uma Antologia Poética. Lisboa: Roma Editora (2004)
• Obrigatório não ver. Lisboa: Quimera (2009)