Descrição
Exemplar com dedicatória do autor.
Manuel Maria Múrias Júnior (Carrazeda de Ansiães, 3 de Abril de 1900 — Lisboa, 23 de Junho de 1960) foi um político e publicista ligado ao Integralismo Lusitano e aos apoiantes iniciais de António de Oliveira Salazar, tendo sido director do órgão oficial da União Nacional. Foi deputado à Assembleia Nacional do Estado Novo, professor da Escola Normal Primária de Lisboa (depois de 1930, da Escola do Magistério Primário de Lisboa) e membro da Junta de Educação Nacional. Foi ainda director do Arquivo Histórico Ultramarino e sócio da Academia Portuguesa da História. Foi pai do político e jornalista Manuel Maria (Baptista) Múrias.
Biografia
Nascido em Carrazeda de Ansiães, Distrito de Bragança, cedo foi para Lisboa, cidade onde se licenciou em filologia românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, enveredando pela carreira docente, atingindo o cargo de professor efectivo da Escola do Magistério Primário de Lisboa.
Aderiu à segunda geração do Integralismo Lusitano e fez-se membro do Movimento Nacional Sindicalista, cujo Grande Conselho integrou. Esteve envolvido com o grupo civil que apoiou várias das tentativas revolucionárias contra a Primeira República Portuguesa, afirmando-se que a proclamação que o general Gomes da Costa difundiu em Braga no lançamento do Golpe de 28 de Maio de 1926 foi redigida por Manuel Múrias. Tem também colaboração na revista Ordem Nova (1926-1927).
Cedo se distinguiu como escritor e publicista, sendo uma das vozes mais ouvidas na defesa dos ideais do integralismo e da visão nacionalista que esteve na origem do Estado Novo em Portugal. No contexto do movimento integralista liderou o grupo de Camisas Azuis que apoiou abertamente António de Oliveira Salazar e o não retorno à democracia após a Ditadura Nacional, sendo acompanhado nesta linha, entre outros, por José Cabral, Costa Leite e Eusébio Tamagnini. Coube-lhe dirigir o periódico ligado ao grupo, o Revolução Nacional (1934).
Esse destaque e o seu claro apoio às teses salazaristas levou a fosse escolhido para dirigir, de 1943 a 1956, o órgão oficial da União Nacional, o agrupamento político que suportava a ditadura, sendo o principal publicista do regime. Nessas funções, dirigiu as revistas A Nação Portuguesa e Ocidente e mais tarde os jornais Acção e Diário da Manhã.
O seu trabalho de publicista levou-o a integrar diversas comissões, entre elas a Comissão Nacional das Comemorações Centenárias (1939-1940) tendo colaborado na Revista dos Centenários [5] publicada por ocasião da Exposição do Mundo Português, e secretário-geral da comissão organizadora do Congresso do Mundo Português. Para essas comissões, dedicou-se à escrita sobre temas da história da expansão portuguesa, publicando diversos estudos sobre a história portuguesa dos séculos XVI e XVII, em especial sobre questões do colonialismo português.
Entre os seus estudos de história conta-se a colaboração com António Baião e Hernâni Cidade na edição da História da Expansão Portuguesa no Mundo, obra editada entre 1937 e 1940. Também é autor das obras Portugal: Império (1939), História Breve da Colonização Portuguesa (1940) e A Restauração e o Império Colonial Português (1942).
Também se dedicou à actividade política, ingressando em 1942 como deputado à Assembleia Nacional, onde foi um dos mais destacados ideólogos do regime. Paralelamente desempenhou diversos outros cargos e funções, entre os quais o de secretário da Junta de Educação Nacional e o de director do Arquivo Histórico Ultramarino.
Foi sócio da Academia Portuguesa da História. Publicou alguns livros, de intenção histórica e ideológica:
- O Seiscentismo em Portugal, 1922 (tese de licenciatura).
- História Breve da Colonização Portuguesa, 1940 (por ocasião da Exposição do Mundo Português, tendo sido publicado pela comissão dela encarregada).