Descrição
A Arte e a Natureza em Portugal
Edição definitiva;
Colecção fotográfica de monumentos, costumes e paisagens
fototipias inalteráveis; descripções em portuguez e francez; clichés originais.
Publicada sob a direcção de F. Brüt e Cunha Moraes
Volume sexto: Mafra, Batalha, Leiria, Batalha e Tomar.
Emílio Biel e C.ª Editores, Porto MDCCCCVIII
A Natureza e a Arte em Portugal
“O presente volume parece-no ser satisfeito as promessas que fizemos. entre os processos de reprodução procurou-se aquele que conciliasse melhor as condições de nitidez e perfeição artística com a modicidade do custo, indispensável numa tentativa de vulgarização desta ordem.(…)
Procurámos também fazer uma escolha, tão cuidada quanto possível, dos nossos colaboradores, que figuram indiscutivelmente entre primeiros dos nossos escritores de arte. (…)
Contamos realizar, com a presente publicação, o mais vasto arquivo das nossas riquezas artistas e naturais. (…)”
Emílio Biel, A Arte e a Natureza em Portugal, Porto, 1902
Emílio Biel nasceu em Amberg, Baviera em 1838 e morreu no Porto em 1915. Comerciante, industrial, fotógrafo e editor.
Em 1857 estabelece-se em Lisboa, como empregado da casa Henrique Schalk, mas em 1860, vai para o Porto, como representante dessa firma de Lisboa. Em 1864 estabelece-se por conta própria, como negociante, fundando uma fábrica de botões. Para além desta actividade estabeleceu-se como representante de diversas empresas alemãs. Integrou várias associações de comerciantes da cidade, tais como a Associação Comercial do Porto e o Centro Comercial do Porto.
Como industrial empreendeu, por exemplo, a electrificação de Vila Real, as estações de caminho de ferro de Lisboa e Porto, entre outros.
Iniciou-se na fotografia na década de 70 e em 1873/4 adquiriu a casa “Fotografia Fritz”, estúdio fotográfico na Rua do Almada, nº 122, Porto, que veio a dar origem ao seu segundo estabelecimento a “E. Biel & C.ª” (1890), no Palácio do Bolhão, no nº 342 da Rua Formosa.
Rapidamente se tornou um dos maiores estúdios do país. Em 1877 integrou a comissão encarregada de preparar a participação da cidade do Porto na Exposição Universal de Paris de 1878.
Em 1880 casa com Edith Katzenstein, filha do Cônsul do Império Alemão no Porto, e devido às estreitas relações que mantinha com o rei D. Fernando de Saxe Coburgo, torna-se o Photographoda Casa Real. Mantinha, também relações com várias personalidades ligadas à cultura e à arte, os pintores Silva Porto, Marques de Oliveira, Henrique Pousão, entre outros.
A par do trabalho de estúdio (retratista), a Casa Biel iniciou a atividade de edição fotográfica recorrendo à fototipia, processo fotomecânico, que Biel apreendeu com Carlos Relvas, seu introdutor em Portugal. Os seus trabalhos com este processo começaram com a edição de “Os Lusíadas” (1880), comemorativos do tricentenário da morte de Camões, tornando-se assim uma importante editora de fototipias em Portugal.
Em 1883, por ocasião da Exposição Distrital de Aveiro, ocorrida em 1882, edita o “Álbum da Exposição Distrital de Aveiro -1882”, da autoria do historiador Joaquim de Vasconcelos, colaboração que dará muitos frutos.
Da sociedade, desde 1900, com o fotógrafo Cunha Morais, como responsável pelas secções de publicações e fotografia, começa a publicação, em gravuras, na revista “O Ocidente” daquilo que virá a ser “A Arte e a Natureza em Portugal”. Por incentivo de Joaquim de Vasconcelos, entre 1902 e 1908, é publicada em 8 volumes, a obra propriamente dita “A Arte e a Natureza em Portugal“, dirigida pelo seu sócio e fotógrafo Fernando Brutt e por Cunha Morais.
Obras como “Album Phototypico de vistas e Costumes do Norte de Portugal”, e os álbuns que documentam a construção do Caminho de ferro em Portugal (Linha do Douro, Minho e Beiras), ou ainda os álbuns de temática religiosa, além de postais ilustrados, são também da edição da Emílio Biel & Cª.
Participou nas Exposições Universais, foi-lhe atribuída Medalha de Ouro no Rio de Janeiro e de prata em Viena.
Com o advento da I Grande Guerra, em 1914, Biel é obrigado a ausentar-se para o estrangeiro e com a sua morte em 1915 a Casa entra numa fase de declínio e com a declaração de guerra da Alemanha a Portugal, o Estado confisca os bens aos herdeiros. Em Maio desse ano é nomeado um depositário-administrador (Júlio d’Oliveira) que tenta manter a oficina. Fernando Brütt arremata em hasta pública (1920) o espólio e com Cunha Moraes e Marques de Abreu, a quem o segundo se associara também após o seu regresso a Portugal, terão comprado parte desses bens. Uma outra parte, segundo as herdeiras, foi adquirida por compra pela “Companhia Portuguesa Editora, Lda.” (sucessora de antigas livrarias do Porto), de José Augusto da Costa. Foram herdeiras de José da Costa, Maria Eugénia Samaritana Pedrosa da Costa Simões e a Margarida Madalena Macedo Costa Soares.
apud CPF; Alterações e aditamentos nossos.