Mário Soares
Mário Alberto Nobre Lopes Soares nasceu em Lisboa a 7 de dezembro de 1924, vindo a falecer na mesma cidade a 7 de janeiro de 2017. Proveniente de uma família com tradição republicana e liberal, envolveu-se desde cedo na oposição ao regime do Estado Novo, tendo essa militância acarretado várias detenções por parte da polícia política e períodos de exílio — primeiro em São Tomé e, posteriormente, em França, onde se encontrava aquando da Revolução de 25 de Abril de 1974.
Formado em Direito, distinguiu-se como advogado defensor de diversos opositores do regime autoritário, tendo representado, com especial notoriedade, a família do general Humberto Delgado, no contexto das investigações sobre o seu assassinato. Embora tenha participado em atos eleitorais permitidos pelo regime, nunca chegou a ser eleito, mantendo-se, no entanto, como uma das vozes mais influentes da oposição democrática.
Foi dirigente da Ação Socialista Portuguesa e, em 1973, cofundador do Partido Socialista (PS), assumindo o cargo de primeiro secretário-geral. Após a revolução de 1974, regressou a Portugal e foi nomeado Ministro dos Negócios Estrangeiros, tendo desempenhado um papel central na redefinição da política externa portuguesa e nas negociações que conduziram à independência das antigas colónias.
No âmbito da política interna, Soares afirmou-se como uma figura moderadora, defendendo um modelo democrático pluralista e posicionando-se contra o domínio de forças comunistas e de extrema-esquerda nas instituições do Estado e das forças armadas. O seu empenho na consolidação da democracia refletiu-se também na sua oposição à unicidade sindical.
Exerceu as funções de Primeiro-Ministro em três governos constitucionais, sempre em contextos de particular complexidade política e económica. A sua governação variou entre executivos de maioria socialista e coligações parlamentares, consoante a correlação de forças na Assembleia da República.
Em 1986 foi eleito Presidente da República, tornando-se o segundo chefe de Estado eleito democraticamente após o 25 de Abril. Foi reeleito em 1991, tendo cumprido dois mandatos consecutivos até 1996. Durante esse período, promoveu a aproximação entre o poder político e a sociedade civil, nomeadamente através das chamadas “presidências abertas”, e reforçou significativamente a projeção externa de Portugal.
Figura politicamente polarizadora, Mário Soares manteve relações complexas com diversos protagonistas da vida política nacional, como Francisco Sá Carneiro, António Ramalho Eanes, Salgado Zenha e Aníbal Cavaco Silva. Apesar dessas tensões, terminou os seus mandatos presidenciais com elevado reconhecimento público.
Na sua primeira candidatura presidencial, abdicou da militância partidária e, findo o seu segundo mandato, recusou o regresso à política ativa. No seu discurso de despedida, expressou o desejo de se afastar da vida política — “política nunca mais” —, orientando-se para atividades culturais e intelectuais, nomeadamente a escrita.
Em 1998, foi convidado pela Organização das Nações Unidas para chefiar uma missão de informação à Argélia, composta por personalidades internacionais selecionadas pelo então Secretário-Geral Kofi Annan. A missão visava avaliar a situação interna do país, através do contacto direto com organizações políticas, meios de comunicação social e visitas institucionais.
Durante a sua carreira, publicou várias obras de reflexão política e ensaio, entre as quais se destacam Resposta Socialista para o Mundo em Crise (1983), Persistir (1984), A Árvore e a Floresta (1985) e Incursões Literárias (2003). Também reuniu em volume os seus principais discursos presidenciais entre 1986 e 1996.
Em 1991 foi criada a Fundação Mário Soares, da qual foi presidente. Esta instituição tem como objetivos a promoção da investigação histórica e política, a edição de estudos académicos e a formação cívica. A Fundação tem desenvolvido ainda um relevante trabalho na organização de debates e conferências, com especial enfoque na juventude e nas comunidades imigrantes oriundas dos países lusófonos.
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