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João Ameal

João Ameal, pseudónimo de João Francisco de Barbosa Azevedo de Sande Aires de Campos (1902–1982), foi uma das figuras mais influentes da historiografia portuguesa do século XX, distinguindo-se pela sua abordagem tradicionalista e pela defesa de uma visão católica e monárquica da história nacional. Descendente da aristocracia coimbrã — era o 2.º visconde e 3.º conde do Ameal —, formou-se em Direito pela Universidade de Lisboa e dedicou grande parte da sua vida à produção intelectual, ao jornalismo político e à reflexão histórica.
A sua obra mais emblemática, História de Portugal – Das Origens até 1940, publicada pela primeira vez em 1941, representa um marco na historiografia portuguesa. Galardoada com o Prémio Alexandre Herculano em 1943, esta obra monumental distingue-se pela sua extensão, profundidade documental e coerência narrativa. João Ameal propôs-se a construir uma síntese histórica que abrangesse desde os primórdios da nacionalidade até aos primeiros anos do Estado Novo, com especial atenção à missão espiritual e civilizacional de Portugal no mundo
A História de Portugal de Ameal não se limita à exposição cronológica dos acontecimentos. Ela articula uma leitura providencialista da história, onde Portugal é apresentado como uma nação eleita, com um papel singular na expansão da fé cristã e na construção da civilização ocidental. A Batalha de Ourique, por exemplo, é interpretada como um momento fundacional, em que D. Afonso Henriques teria recebido uma revelação divina, legitimando a independência do reino e a sua missão evangelizadora.
A obra cobre temas como:
• A formação da identidade nacional e a consolidação da monarquia portuguesa;
• As lutas contra os mouros e a Reconquista;
• A epopeia das descobertas e a constituição do primeiro império ultramarino moderno;
• A crise dinástica de 1580 e a Restauração de 1640;
• O papel da Igreja e dos santos portugueses na vida pública;
• A decadência do Antigo Regime, as invasões napoleónicas e a transição para o liberalismo;
• A Primeira República e a emergência do Estado Novo, que Ameal interpreta como uma restauração da ordem tradicional.
A perspectiva adotada é claramente contrária às leituras marxistas ou liberais da história, privilegiando uma narrativa centrada na continuidade, na autoridade e na espiritualidade. Esta abordagem, embora criticada por alguns setores académicos pela sua parcialidade ideológica, continua a ser valorizada por investigadores interessados na história das ideias, na cultura política e na genealogia das elites portuguesas.
Além da História de Portugal, João Ameal publicou obras sobre filosofia tomista, biografias de santos e ensaios políticos, tendo sido um dos principais ideólogos do Estado Novo. O seu Decálogo do Estado Novo (1934) é um exemplo da sua influência na construção simbólica do regime salazarista. Membro da Academia Portuguesa da História e da Academia de Ciências de Lisboa, Ameal manteve até ao fim da vida uma ligação estreita ao legitimismo monárquico, integrando o conselho privado do duque de Bragança.
A sua obra continua a ser uma referência incontornável para quem procura compreender a história de Portugal à luz da tradição católica e da visão providencialista da política e da cultura. O seu legado, embora marcado por tensões ideológicas, permanece como testemunho de uma época e de uma corrente de pensamento que moldou profundamente a memória histórica nacional.

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