Francisco Rodrigues Lobo
Francisco Rodrigues Lobo nasceu em Leiria, no seio de uma família presumivelmente cristã-nova, sendo filho de André Luís de Lobo e D. Joana Brito de Gavião. Esta origem é aludida num poema dedicado à sua memória por D. Tomás de Noronha, após a sua morte.
Concluiu os seus estudos em Direito na Universidade de Coimbra, embora não existam registos concretos sobre o exercício de qualquer cargo relacionado com a sua formação académica. Passou a maior parte da sua vida na sua cidade natal, mantendo uma atividade literária constante e versátil, demonstrando interesse por temas com potencial tanto artístico como económico.
A sua produção inicial foi escrita em castelhano, prática comum entre os escritores luso-peninsulares do período, mas, com o tempo, aderiu ao uso da língua portuguesa, sob forte influência dos precursores do Classicismo em Portugal, como Sá de Miranda, Gil Vicente e, sobretudo, Luís de Camões, de quem é frequentemente considerado discípulo.
Do ponto de vista estético e temático, a sua obra poética é marcada pelo lirismo típico do Renascimento português, ainda que revele, pontualmente, ecos do barroquismo espanhol, nomeadamente de Gôngora. No entanto, a sua prosa distingue-se por um estilo depurado, claro e sóbrio, afastado dos excessos gongoristas. Esta característica torna-se particularmente evidente nas obras Corte na Aldeia e Noites de Inverno, nas quais o autor adota um tom dialético e narrativo que se adapta ao ideal de bom senso e clareza próprios da prosa renascentista. Como refere Jacinto do Prado Coelho, o seu estilo é “sensato, corrente, quase puro”.
Francisco Rodrigues Lobo faleceu tragicamente em 1622, afogado no rio Tejo durante uma viagem de barco entre Santarém e Lisboa.
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