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Novidades Literatura portuguesa

Vieira, Padre António. Em Defesa dos Judeus. Contexto, Lisboa, 2001

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151 pp. ; 21 cm

 

Padre António Vieira, Lisboa, 1608 - São Salvador da Baía, 1697

O maior orador sacro português, homem de acção, missionário e visionário, que conjuga enigmaticamente os seus anelos utópicos com um forte sentido de realismo político. Durante o período duríssimo da Restauração procurou consolidar a independência nacional e garantir a continuidade do império português, empenhando-se igualmente na defesa dos índios do Brasil e dos direitos humanos.

A sua longa e trabalhosa vida, repartida essencialmente entre Portugal e o Brasil, fez dele uma grande figura luso-brasileira. Oriundo de uma família modesta, nasceu em Lisboa, na freguesia da Sé, e foi com os pais para o Brasil, em 1614, fixando-se na Baía. Em 1623 ingressou na Companhia de Jesus. Dois anos depois fez votos de pobreza e propôs-se missionar entre os ameríndios e os escravos negros. Havia na sua ascendência uma avó mestiça, o que decerto o predispunha a simpatizar com a sorte daquele grupo social. Revelou nessa altura os seus excepcionais dotes linguísticos ao estudar o tupi-guarani e o quimbundo, para cumprir a missão a que ia dedicar-se.

Pouco depois da sua ordenação como padre, em 1634, começou a espalhar-se a sua fama de grande pregador. Os seus sermões tratam do sentido da luta contra os holandeses e pesaram na opinião pública para que se desse todo o apoio aos portugueses. Em 1641 veio a Lisboa, integrado numa delegação que trouxe a adesão do Brasil a D. João IV. Este nomeia-o seu conselheiro. Vieira pregou para um escol em S. Roque. E, assim como no Brasil havia profligado a corrupção e defendido a causa portuguesa, sustenta em Portugal a necessidade de mobilizar todos os recursos e energias contra a Espanha. Desempenha missões diplomáticas e propõe, com êxito, a criação de uma companhia destinada a proteger dos holandeses o transporte de mercadorias entre Portugal e o Brasil. Habilmente convence os cristãos-novos a investir capitais nessa companhia, o que os isentava do confisco da Inquisição. Estas medidas suscitaram-lhe ódios implacáveis.

Em 1652 regressa às missões do Maranhão. A sua actividade de catequista junta-se à denúncia dos abusos dos colonos nas suas relações com o índio. Obrigado a voltar à metrópole em 1661, justifica a acção da Companhia e acusa os colonos num sermão pregado na capela real. A Inquisição persegue-o e obriga-o ao recolhimento, ao tachá-lo de herege, com fundamento num manuscrito da autoria de Vieira em que este manifesta a sua crença no Quinto Império e na ressurreição de D. João IV. Posto em liberdade, segue para Roma, em 1669. Aí se distingue como pregador em italiano. E consegue que a Santa Sé peça contas ao Santo Oficio do modo como decorrem os julgamentos dos cristãos-novos. Em 1675 regressa a Lisboa. E sente-se dominado pelo desânimo, ostensivamente afastado pela corte de todos os negócios públicos. Em 1681 volta definitivamente para o Brasil, onde morrerá dezasseis anos mais tarde.

Vieira empenha-se seriamente na edição completa dos Sermões, que compreenderá quinze volumes (1679-1748) e só ficará terminada depois da sua morte. Em vida dele já corriam alguns sermões impressos. E os sermões publicados, que não são todos os que ele proferiu, são o texto escrito na última fase da vida, baseado em apontamentos, ou, nalguns casos, em versões completas dos sermões que ele pregou, onde havia lugar para a improvisação oral.

in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. I, Lisboa, 1989


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