Revista Ocidental, Escritório da Revista Ocidental, Tipografia de Cristóvão augusto Rodrigues, Lisboa, 1875
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t. 1, fasc. 1 (15 Fev. 1875); t. 2 (1875). - Lisboa: Typ. de Cristovão Augusto Rodrigues, 1875. - 24 cm
(t. 1, 768 pp. e t. 2, 639 pp.)
Os 11 fascículos encadernados em 2 volumes, com lombadas e cantos em pele.
Colecção completa. Raríssima e muito procurada.
No final de cada volume, conserva as capas de brochura dos respectivos fascículos (faltam ambas as capas do fascículo 6.º; e as anteriores dos fascículos 4.º, 5.º do primeiro tomo e 5.º do segundo tomo, o índice do primeiro tomo é uma reprodução).
Eça de Queirós, O crime do Padre Amaro
— (Revista Ocidental: publicação quinzenal).- 1.º fascículo, 1.º ano, tomo 1.º a 5.º fascículo, 1.º ano, tomo 2.º (15 de fevereiro de 1875 a 15 de julho de 1875. Lisboa, escritório da revista Ocidental, 1875-1875; 11 fascículos encadernados em 2 volumes.
Trata-se da primeiríssima edição da obra, publicada nesta revista, desde o primeiro fascículo do primeiro tomo, ao ao primeiro fascículo do segundo, editada no ano seguinte em forma de livro, com inúmeras alterações.
A revista teve a colaboração de Antero de Quental, Batalha Reis, Gonçalves Crespo, Oliveira Martins e muitos outros. Obra fundamental para compreender o ideário da Geração de 70.
Notas sobre esta publicação:
"A primeira edição da famosa obra — «O crime do Padre Amaro» —, que veio a abrir a nova época na história do romance português, apareceu em 1875, em fascículos da Revista Ocidental, em cujos tomos I e II se encontram, respectivamente, dezoito e quatro capítulos. Logo no ano seguinte foi publicada, em volume de 362 páginas, a chamada edição definitiva, diferente daquela em muitos pontos, na qual o autor fez as modificações a que se referem os editores da Revista ocidental no final da reprodução do primitivo texto do romance: — «Achando-se fora de Portugal não pode, o sr. Eça de Queiroz, dirigir pessoalmente a publicação do seu romance, e introduzir neste modificações importantes que tencionava fazer.»
Dada a extrema raridade daquela revista e dos exemplares da edição de 1876, os leitores de Eça só conhecem, em regra, o texto das últimas edições, ou seja a refundição feita entre outubro de 1878 e outubro de 1879 e publicada em 1888, que é, afinal, a verdadeira edição ne varietur." in José Pereira Tavares, O crime do Padre Amaro, Aveiro, 1943
O Crime do Padre Amaro de Eça de Queirós é pela primeira vez publicado na «Revista Ocidental», entre 15 de Fevereiro e 15 de Maio de 1875, uma revista quinzenal, fundada por Jaime Batalha Reis e Antero de Quental. A publicação do romance teve muitas peripécias. Eça de Queirós tinha prometido escrever para a Revista o romance «Uma Conspiração em Havana»; no entanto, não consegue cumprir o prometido e, ao partir para Newcastle-on-Tyne, a 14 de Dezembro de 1874, deixa aos seus amigos um rascunho do romance O Crime do Padre Amaro, contando depois revê-lo e refundi-lo, à medida que lhe fossem enviando as provas impressas.
A 6 de janeiro de 1875, em carta dirigida a Batalha Reis:
"Meu querido Batalha
Meu caro Batalha, que faz o Padre Amaro? Tenho esperado vê-lo chegar, espalmado num envelope, vestido de imprensa, com o seu crime às costas - mas tenho esperado debalde. Tens outros planos a respeito do romance para a Revista? Sofreu a mesma revista alguma alteração na sua laboriosa nascença? Tem sido impossível passar a letra de imprensa os gatafunhos românticos em que está escrita aquela história realista? Se nada disto — então remete-me as provas. Se — ou por alteração do plano literário da Revista ou por dificuldades de composição — o Padre Amaro não pode ir matar o filho para a rua, à luz pública — então peço-te que me avises — e que mo remetas empacotado. Se ele não puder cometer a sua patifaria em letra de imprensa — então quero que ele esteja aqui ao meu lado, na gaveta, matando sossegadamente — seu filho — e portanto meu neto.”
A 8 de fevereiro de 1875, nova carta a Jaime Batalha Reis, depois de enviar as provas:
"Meu querido Batalha
Remeto-te as provas.
É indispensável, é absolutamente necessário — que eu reveja umas segundas provas — ou as provas de página. As emendas que fiz são consideráveis e complicadas: e se a um trabalho onde o estilo já de si é afectado e amaneirado, todo cheio de pequenas intenções e todo dependente da pontuação — ajuntamos os erros tipográficos — temos um fiasco deplorável. É portanto indispensável que me remetas imediatamente as provas de página — ou segundas provas. E vai mandando provas — sem descanso. Agora uma importante observação: se os compositores tiverem achado uma dificuldade insuperável em compor os capítulos que estão em borrão — os capítulos suplementares que eu introduzi posteriormente — põe corajosamente de parte todos esses capítulos: e faz compor só o que era primitivamente o romance: os capítulos suplementares são fáceis de conhecer porque estão numa letra confusa, não têm numeração e estão — pelo seu aspecto, evidentemente, intercalados no original que está todo escrito numa letra mais regular e com tiras numeradas."
A 26 de Fevereiro, depois de ter já saído o primeiro número da Revista, o texto foi impresso sem as alterações feitas pelo autor:
"Meu caro Batalha
Acabo de receber a tua carta e estou verdadeiramente indignado. Pois quê! Eu dou-vos um borrão de romance — e vocês em lugar de publicar o romance publicam o borrão! Nós ficámos em que eu corrigiria as provas — bem o que eu vos dei não era mais que um trabalho informe e absurdo. E vocês não esperam pelas provas — e publicam o informe e absurdo. É verdadeiramente insensato! Vocês sacrificaram o meu trabalho ao desejo de encher a revista de matéria — sem atenção a que a matéria fosse boa ou má: há decerto algumas desculpas do vosso lado, reconheço-o, mas é incontestável que eu tenho montes de razão. Se vocês publicaram a primeira parte — tal qual eu a li nas provas que me mandaram — podem-se gabar de que publicaram a maior borracheira de que a estupidez lusitana de se pode gloriar. É indispensável que V.V. façam uma declaração — dizendo — que estando eu em Newcastle — e não tendo podido corrigir as provas, o romance sai tal qual está no borrão."