Philipe, Anne. L'éclat de la lumière: entretiens avec Marie-Hélène Vieira da Silva et Arpad Szenes. Paris: Gallimard, 1978
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Exemplar valorizado com dedicatória da artista.
124 pp.; Il. 20 cm
«L'admiration que j'éprouve, depuis des années, pour la vie et l'œuvre de Marie-Hélène Vieira da Silva et d'Arpad Szenes m'avait, depuis longtemps déjà, donné le désir de faire entendre leurs deux voix, comme celles d'une fugue.
Vieira da Silva vit, d'une façon presque permanente, dans un état de tension qui s'exprime, sublimé, dans son œuvre. Il semble que son esprit ne soit jamais en repos. On dirait qu'elle pose au monde et à elle-même des questions dont elle ne trouve nulle part la réponse.
Le lecteur sentira, je crois, l'humour profond d'Arpad Szenes, sa sagesse, son humanité lucide et généreuse.
Tous deux possèdent au plus haut point le don d'intensité de vie. Chaque jour, je pourrais dire chaque instant, est vécu par eux avec une force extraordinaire, d'où jaillit sans doute leur pouvoir de création et leur rayonnement.
On découvrira ici, pour la première fois exprimé, l'amour qui les unit et la qualité exceptionnelle de leur intimité. En même temps, on mesurera la solitude qu'ils éprouvent, comme chaque artiste, au moment même de la création ; alors, ils sont seuls et ils savent que cette solitude devant la toile vierge, comme devant la page blanche ou le bloc de marbre, est inévitable et sans doute nécessaire.» Anne Philipe.
Maria Helena Vieira da Silva, Lisboa 1908 - Paris, 1992
Uma das mais importantes pintoras europeias da segunda metade do século XX
Filha do embaixador Marcos Vieira da Silva, ficou órfã de pai aos três anos, tendo sido educada pela mãe em casa do avô materno, director do jornal O Século.
Tendo mostrado interesse, desde muito pequena, pela pintura e pela música começou a estudar pintura, a partir de 1919, com Emília Santos Braga e Armando Lucena. Em 1924, frequenta as aulas de Anatomia Artística da Escola de Belas Artes de Lisboa.
Em 1928 vai viver para Paris, acompanhada pela Mãe, indo visitar a Itália. No regresso começa a frequentar as aulas de escultura de Bourdelle, na Academia La Grande Chaumière. Mas abandona definitivamente a escultura, depois de frequentar as aulas de Despiau.
Começa então a estudar pintura com Dufresne, Waroquier e Friez, participando numa exposição no Salon de Paris. Conhece o pintor húngaro Arpad Szenes, com quem casa em 1930, e com quem visitará a Hungria e a Transilvânia.
Em 1935 António Pedro organiza a primeira exposição da pintora em Portugal, e que a faz estar em Portugal por um breve período, até Outubro de 1936, após o qual voltará para Paris, onde participará activamente na associação «Amis du Monde», criada por vários artistas parisienses devido ao desenvolvimento da extrema direita na Europa.
Regressará em 1939, devido à guerra, já que para o seu marido, judeu húngaro, a proximidade dos nazis o incomoda, naturalmente. Ficará em Portugal por pouco tempo, pois o governo de Salazar não lhe restitui a cidadania portuguesa, mesmo tendo casado pela igreja. Não deixa de participar num concurso de montras, realizado no âmbito da Exposição do Mundo Português, que também lhe encomendou um quadro, mas cuja encomenda será retirada.
O casal de pintores decide-se a ir para o Brasil, até porque as notícias sobre uma possível invasão de Portugal pelo exército alemão não são de molde a os sossegar.
Em Brasil serão recebidos de braços abertos, recebendo passaportes diplomáticos, que substituem os de apátridas emitidos pela Sociedade das Nações, tendo mesmo recebido uma proposta de naturalização do governo.
Residirão no Rio de Janeiro até 1947, pintando, expondo e ensinando, regressando Vieira da Silva primeiro que o marido, retido pelos seus compromissos académicos.
É a época em que Vieira da Silva começa a ser reconhecida. O estado francês compra-lhe La Partie d'échecs, um dos seus quadros mais famosos. Vende obras suas para vários museus, realiza tapeçarias e vitrais, trabalha em gravura, faz ilustrações para livros, cenários para peças de teatro.
Expõe em todo o mundo e ganha o Grande Prémio da Bienal de São Paulo de 1962, e no ano seguinte o Grande Prémio Nacional das Artes, em Paris,
Em 1956, foi-lhe dada a naturalidade francesa.
Fonte: José Augusto França, A Arte em Portugal no Século XX, Lisboa, Bertrand, 1974