Orlando Ribeiro, Introduções geográficas à história de Portugal, INCM, Lisboa, 1977
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230 pp.; 21 cm. B.
Orlando Ribeiro, Lisboa, 1911 - Amadora, 1997
"O gosto da Geografia devo-o ao amor
da natureza e da vida do campo,
desenvolvido em longos passeios a pé."
Geógrafo, historiador e etnógrafo. Poeta. Professor universitário.
Passou a sua infância fora de Lisboa, principalmente nos arredores de Almada e em Viseu, onde tomou o gosto pelo campo. Fez os estudos secundários no Liceu Passos Manuel, em Lisboa, cidade em cuja Universidade se licenciaria em História e em Geografia (1932), tendo ali sido discípulo de Leite de Vasconcelos e David Lopes. Em 1936, doutorou-se em Geografia, pela Universidade de Lisboa, com a tese A Arrábida: Esboço Geográfico.
Leitor na Sorbonne (1937-1940), professor de Geografia na Universidade de Coimbra (1941-1943) e na de Lisboa (1943-1971), ensinaria ainda no Colégio de França e na Sorbonne, bem como em outras Universidades de França, do Brasil, de Espanha e do Canadá. Na Universidade do Rio de Janeiro dirigiu um Curso de Altos Estudos Geográficos (1956) e, integrado nos 1º. e 2º. Cursos de Férias da Universidade de Lisboa no Ultramar, ensinou Geografia em Luanda e Lourenço Marques (1960 e 1961).
Durante a sua estada na Universidade de Coimbra, criou ali o Centro de Estudos Geográficos, de que foi o primeiro director (1942-1943), iniciativa que repetiu na Universidade de Lisboa (1943), sendo também aí o primeiro director. Deste último Centro haveria de sair a revista geográfica Finisterra. Em 1960, conheceu na Suécia, num congresso, Suzanne Daveau, que fora professora de Geografia no Senegal e ensinava então em França. Em 1965, Suzanne abandonou a sua carreira em França e casou com o português de quem passou a ser um dos principais colaboradores.
Para além de ser membro de numerosas instituições científicas portuguesas e estrangeiras, é doutor honoris causa por cinco Universidades.
Para Raquel Soeiro de Brito, trata-se do «Primeiro nome da geografia moderna portuguesa», pois, justifica, «Antes dele, a geografia era sobretudo a descrição da paisagem. Ele acrescentou a interpretação». Tendo revolucionado a geografia em Portugal, nomeadamente com a sua obra fundamental – Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico (1945) – acabou, como afirma José Mattoso, com o «chavão da unidade nacional que foi e continua a ser um mito». «Um dos vultos mais notáveis da cultura portuguesa do século actual», como lembra Carlos Alberto Medeiros, é autor de mais de três centenas de títulos, vários dos quais traduzidos em alemão, castelhano, francês, inglês e italiano, e que abrangem não só a geografia, mas também a história, a etnologia, a pedagogia e o próprio trabalho de investigação científica.
Inédita, ainda, a sua obra poética que, a avaliar pelos escassos inéditos que em 1995 permitiu que fossem revelados, não desmerecerá nada da científica, a qual, aliás, reflecte frequentemente o poeta e o humanista. Como diz Maria de Lourdes Belchior, Orlando Ribeiro «é um escritor de excelente estirpe: prosa tersa, às vezes poética, de um poder de comunicação que a maior parte das obras ditas científicas não consegue atingir».
Para além de ter trabalhos dispersos por numerosas revistas científicas, portuguesas e estrangeiras, colaborou no Dicionário de História de Portugal, dirigido por Joel Serrão, com artigos fundamentais de que se destacam os que se referem à «Formação de Portugal» e ao «Povoamento».
Partindo do esboço constituído pelo volume Portugal, publicado em Espanha em 1955 e incluído na obra Geografia de España y Portugal, Orlando Ribeiro, de colaboração com sua mulher e com o professor alemão Hermann Lautensach, publicou, em 1987-1991, uma Geografia de Portugal, que já vai em 3ª. edição e constitui a chave de ouro da sua extraordinária obra científica.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. IV, Lisboa, 1997