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Orlando da Costa, Sem flores nem coroas, Seara Nova, 1971

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Orlando da Costa, 1927-2006

Durante a ditadura, décadas e décadas, Orlando da Costa encontrava-se sempre na fila da frente dos combates antifascistas. Apoiou a candidatura de Norton de Matos e foi preso três vezes pela Pide, na década de 50. Da última vez, permaneceu em Caxias durante cinco meses, acusado de militar em defesa da paz. Aí escreveu a sua tese. Militou no MUD Juvenil e uma das suas prisões ocorreu nesse contexto. Passou pelo ensino particular, até ser proibido de ensinar e ir trabalhar numa agência de publicidade. Militante do Partido Comunista Português, desde 1954 até à data da sua morte, era um homem bom, de uma grande dignidade e com um incomum sentido das suas responsabilidades cívicas.   Nascido em Lourenço Marques, hoje Maputo, em 2 de Julho de 1929, no seio de uma família goesa, de brâmanes católicos, Orlando da Costa foi criado em Margão, Índia. Ficcionista, dramaturgo, poeta, morreu em Lisboa, onde chegou aos 18 anos.  Apaziguador no uso da palavra e sempre próximo da militância cívica, pulsa na sua obra uma consciência social e política, lado a lado com um olhar minucioso sobre o coração dos homens nos seus amores e desamores, na alegria, no sonho, no deserto da solidão.  Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi autor de vários livros de poesia e teatro.   Foi colega, na Faculdade, de Maria Barroso, de Augusto Abelaira, de Jacinto Baptista e de José Tengarrinha, de quem foi grande amigo.  Publicou "A Como Estão os Cravos Hoje" (1984), peça levado à cena pela Companhia Seiva Trupe, e "O Último Olhar de Manú Miranda" (Âncora, 2000).  Os seus livros de poesia - como "A Estrada e a Voz", "Os Olhos sem Fronteira" e "Sete Odes do Canto Comum" - circulavam clandestinamente entre os amigos e intelectuais, mas "O Signo da Ira", totalmente passado em Goa (Prémio Ricardo Malheiros, Academia das Ciências, 1961), vendeu dez mil exemplares, apesar de a Pide o ter proibido de circular. A mulher, em seus anseios, fragilidades e força, esteve sempre no centro da sua prosa, como em "Podem Chamar-me Eurídice" ou em "Os Netos de Norton".   Pelo conjunto da sua obra, a Academia de Ciências de Lisboa atribuiu-lhe o Prémio Ricardo Malheiros. O livro de poemas "Os Netos de Norton" (1994) valeu-lhe o Prémio Eça de Queiroz, da Câmara Municipal de Lisboa.  A 5 de Janeiro de 2006, poucos dias antes de falecer ( a 27 de Janeiro de 2006), recebeu o grau de Comendador da Ordem da Liberdade.  Na notícia da sua morte, publicada na imprensa, o escritor Mário de Carvalho destacou "a humanidade e o companheirismo" de Orlando da Costa, classificando a sua prosa como "muito apurada". Para José Manuel Mendes, então presidente da Associação Portuguesa de Escritores, de que Orlando da Costa foi vice-presidente, a obra do romancista foi "um dos momentos mais relevantes da ficção portuguesa". O seu espólio foi doado pela família ao Museu do Neo Realismo de Vila Franca de Xira. Era pai de António Costa, Secretário Geral do PS e actual Primeiro Ministro, e do jornalista Ricardo Costa.  

Biografia da autoria de Helena Pato

 


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