Matilde Rosa Araújo, O livro da Tila, poemas, Editorial Os Nossos Filhos, Lisboa, 1957
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1ª edição. Exemplar assinado e com dedicatória da autora.
Matilde Rosa Araújo, Lisboa, 1921 - Lisboa, 2010
Ficcionista, poetisa, cronista e pedagoga. Após estudos secundários ministrados em casa por professores particulares, licenciou-se (1945) em Filologia Românica, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. À época, a sua tese – «A Reportagem como género: génese do jornalismo através do constante histórico-literário», 1946 – foi um trabalho precursor, por haver feito do jornalismo objecto de análise académica, o que pela primeira vez acontecia em Portugal. Docente, durante mais de quarenta anos, do ensino secundário técnico-profissional (do Barreiro a Portalegre e do Porto a Elvas), leccionou também a cadeira de «literatura infantil», na Escola do Magistério Primário, de Lisboa. Álvaro Salema considera os seus livros para crianças «inalteravelmente exemplares».
A estreia literária, em volume, verificou-se com A Garrana (1943), que obteve o 1º. prémio de um concurso («Procura-se um novelista») patrocinado pelo matutino O Século e pelo Rádio Clube Português. Mas foi só em 1956 que começou a publicar para crianças, com a edição, no nº. 3 de Graal, dos «Poemas Infantis». No ano seguinte, O Livro da Tila vai dar início a uma vasta obra no domínio da literatura juvenil, em que se notabilizaria (cf. José António Gomes, A Poesia na Literatura para a Infância, 1993).
Colaboração sua, muito variada (crónica, contos, poemas, artigos de vária índole), encontra-se dispersa por jornais e revistas, de que se destacam o Jornal do Fundão, A Capital, O Comércio do Porto, Jornal do Comércio, República, Diário de Lisboa, Comércio do Funchal, Diário de Notícias (do Funchal), Graal, Árvore, Vértice, Seara Nova, Litoral, Gazeta Literária, Colóquio-Letras, etc. Na Távola Redonda, além de poemas, publicou um emocionado texto evocativo de Sebastião da Gama.
Vocacionada para problemas de âmbito pedagógico, a sua obra ficcional caracteriza-se por uma tonalidade didáctico-moralizante, reflectindo o seu ponto de vista, nada ingénuo, sobre a evolução do estatuto da criança nas sociedades ocidentais. Esse pendor leva-a a organizar antologias centradas nessa temática, como, por exemplo, As Crianças, Todas as Crianças (1976). A edição de 1992 de Praia Nova refunde a obra original, editada trinta anos antes, e colige no mesmo volume os contos de Estrada sem Nome (1945).
Figura discretíssima da vida literária portuguesa, nem por isso se alheou de actividades corporativas, tais como funções nos corpos directivos da extinta Sociedade Portuguesa de Escritores. Foi também sócia fundadora do Comité Português para a UNICEF.
Livros seus encontram-se traduzidos no Brasil, na Roménia e na Moldávia.
Pelo conjunto da obra, recebeu em 1980 o Grande Prémio de Literatura Infantil, da Fundação Calouste Gulbenkian.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. V, Lisboa, 1998