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Manuel Vieira Natividade, D. Frei Estêvão Martins e as escolas públicas do mosteiro de Alcobaça, 1915

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Encadernação inteira de pele.

Manuel Vieira Natividade nasceu a 20 de abril de 1860, em Casal do Rei, freguesia de N.ª Senhora dos Prazeres de Aljubarrota, e morreu a 20 de fevereiro de 1918, em Alcobaça.

Descendente de uma família de camponeses, formou-se em Farmácia pela Universidade de Coimbra, em 1886. Ligado aos interesses agrários, instalou em Alcobaça a primeira fábrica de conserva de frutas e compotas, considerada a mais importante da região, e desenvolveu entre 1910 e 1918, em colaboração com Ana de Castro Osório e José Joaquim dos Santos, a criação da Escola Agrícola Feminina Vieira Natividade. 

Foi uma personalidade de grande notoriedade em Alcobaça, desenvolvendo atividade como escritor, arqueólogo e etnógrafo. Realizou uma obra notável de índole regionalista, nomeadamente com os trabalhos sobre a História e a Pré-História de Alcobaça e com a interpretação iconográfica dos túmulos de D. Pedro I e D. Inês de Castro. 

Consagrou ao domínio etnográfico a investigação da cultura tradicional de Alcobaça, destacando-se a obra O Povo da minha Terra — Notas e registos de Etnografia alcobacense, publicada em 1917, no periódico Terra Portuguesa, na qual privilegiou as temáticas da literatura oral e das tradições populares. Efetuou recolhas de narrativas orais, desde quadras, canções, às crenças e superstições populares, fazendo referência aos estudos de arte pastoril, de medicina popular, da habitação, do traje popular, bem como a descrição dos ofícios tradicionais de tecelagem e bordados, entre outros. Estudou as festividades e romarias do Concelho de Alcobaça, em particular, a Romaria de N.ª Senhora dos Enfermos e os Círios. 

Na sua obra Alcobaça d’outro tempo: Notas sobre Indústria e Agricultura (1906), escreveu acerca da importância económico-agrícola dos coutos de Alcobaça e fez referências ao estudo das indústrias tradicionais rurais, como a ferraria, a fiação e a tecelagem de lã e linho, a olaria, a cal, a rouparia, entre outros. Destaque ainda para os seus trabalhos sobre os processos artesanais de secagem de fruta e conservação, bem como, o estudo da doçaria conventual. 

Os seus estudos centraram-se igualmente na temática da arte popular, consagrando às rocas da região de Alcobaça e seus motivos ornamentais o artigo Alcobaça etnográfica - As rocas da minha terra, publicada em 1908 na revista Portugália. Escreveu ainda sobre a iconografia do coração na arte popular no artigo intitulado Coração (Excerpto dum estudo inédito), de 1918, na revista Terra Portuguesa


Nota bibliográfica elaborada pelo DPI/IMC com base na seguinte bibliografia:

NATIVIDADE, Joaquim Vieira, (s/d) “No centenário de Manuel Vieira da Natividade”, Obras várias, Alcobaça, Comissão Promotora das Cerimónias do I aniversário da morte do Professor J. Vieira da Natividade, vol 2, 123-129

PEREIRA, Benjamim Enes, 2009 [1965], Bibliografia Analítica de Etnografia Portuguesa (edição em formato electrónico), Lisboa, Instituto dos Museus e da Conservação


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