Ir para o conteúdo

Antiguidades

Manuel Alcino, Par de Garças em prata cinzelada e relevada.

Preço sob consulta
Acresce o valor do transporte pelos CTT (de acordo com as tabelas em vigor para o correio registado ou não registado). Enviar email para informação de envio por correio.

Contraste do Porto, prata 925 com punções da oficina de Manuel Alcino

A Casa Manuel Alcino & Filhos

“Manuel Alcino Figueiredo Moutinho é herdeiro de uma história familiar na ourivesaria, à qual tem dado todo o contributo para lhe dar continuidade. Em 1902, numa fase em que, conforme já foi referido, a ourivesaria portuguesa e nomeadamente a portuense, se encontravam em expansão, após as décadas anteriores terem sido marcadas pelas comemorações dos centenários dos Descobrimentos, o bisavô, Manuel Alcino de Sousa e Silva fundou a sua primeira oficina, na freguesia portuense do Bonfim.
Esta oficina de ourivesaria, com o passar do tempo, acolhia um cada vez maior núcleo de ourives-feitores, e com Manuel Sousa e Silva, trabalhavam também os seus filhos Raul Alcino e Alcino de Sousa e Silva, com quem mais tarde veio a constituir sociedade. Após a morte de Manuel Alcino de Sousa e Silva, a sua esposa D. Maria Marques Dias e o seu filho Raul Alcino estabeleceram nova marca em 1916, tendo este vindo a desempenhar um papel de destaque na ourivesaria da cidade do Porto ao participar na organização do primeiro congresso de ourivesaria, desempenhando o papel de primeiro secretário da comissão de finanças. Mais tarde, o seu filho Manuel Alcino de Carvalho Moutinho estabeleceu marca própria (1935), seguindo o ramo dos seus ascendentes e construindo a sua oficina. Mas foi com o filho deste, Manuel Alcino Figueiredo Moutinho, com uma vasta formação artística e uma visão abrangente daquilo que se passava nesta área a nível internacional, contactando também com uma notável geração de artistas, que a prataria portuguesa teve uma profunda mudança nas últimas décadas. A partir de 1966 Manuel Alcino instalou a sua oficina na esquina de Santos Pousada com o Campo 24 de Agosto, onde permanece a sede da empresa.
Mantendo a execução de peças revivalistas de forma a satisfazer os gostos neoclássicos de uma clientela conservadora, Manuel Alcino começou, simultaneamente, a apresentar novas propostas para a renovação da ourivesaria profana e sacra, ligando-a às Belas Artes, através da concepção de peças pelos artistas dessas áreas. É este último aspeto que destaca o seu contributo para a prataria portuguesa. Colocam-no a par de empresários que fomentaram a indústria em aliança com designers para incrementar a exportação. São exemplos a Metalúrgica da Longra, que contou com Daciano Costa; o empresário Batista Gomes e Vieira, que contou com o Atelier de Sena da Silva, da Interforma, da Olaio e de várias outras empresas que, nos anos 1960-70, adotaram o mesmo tipo de visão estratégica. O catálogo da “1ª Exposição de Design Português” mostra bem um vasto panorama de alianças semelhantes. Reconhece-se a dificuldade de abarcar integralmente um campo, quando se organiza uma exposição como esta. Curiosamente, Manuel Alcino não foi convidado a participar, o que é lamentável. Numa fase em que o investimento em vanguardas era necessário e em que era preciso romper de vez com o ciclo vicioso das cópias e dos «neo» requeridos pela clientela, vários artistas de reconhecido valor da arte nacional, fundaram, na década de 60, o Grupo de Renovação de Arte Sacra. Juntou-se Manuel Alcino para a concretização deste projeto na área da prataria. Este é um aspeto a explorar em seguida.
Por outro lado, podemos dividir os objetos de natureza civil produzidos por Manuel Alcino em três tipos: objetos funcionais ou decorativos de gosto tradicional, animais em prata e os objetos com design contemporâneo. É possível compreender que parte da produção até à década de 80 tivesse um grande cunho revivalista porque, inserindo-se dentro dos cânones vigentes da época, garantia a sustentabilidade económica da empresa. No entanto, o peso do trabalho de repuxado e cinzelado tornaram a execução dessas peças muito dispendiosa, pelo que a sua realização foi sendo abandonada. A empresa fabrica também peças de prata lisa, em aliança com designers, respondendo a outros públicos.”

in: Gabriela Duarte, Manuel Alcino e Filhos, história, design e sustentabilidade, (mestrado em design de produto), Porto, 2011

 

Scroll to Top