Jorge, Luiza Neto. Poesia: 1960-1989. Lisboa: Assírio & Alvim, 2017
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319 pp.; 21 cm.
Organização e prefácio de Fernando Cabral Martins.
Luiza Neto Jorge, Lisboa, 1939 - Lisboa, 1989
Poeta e tradutora. Frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, mas desistiu do curso e foi viver para Paris, onde permaneceu durante oito anos (1962-1970).
Ainda hoje é considerada a personalidade de maior destaque do grupo de poetas que se reuniu em torno de Poesia 61, no âmbito do qual publicou Quarta Dimensão. Não foi essa, todavia, a sua estreia literária. O primeiro livro foi Noite Vertebrada (1960), a que iria seguir-se uma obra escassa mas de obrigatória referência.
Joaquim Manuel Magalhães assinala com veemência que, «numa geração que não conseguiu escapar ao maneirismo gramatical, ao tédio de uma ausência de vocações temáticas múltiplas, à insistente sobrevalorização da busca prosódica, a obra de Luiza Neto Jorge representa um esforço e um conseguimento exemplares de amplidão imaginativa, de renovação processual e de ímpeto transformador.»
Como tradutora deixou uma obra inigualável, nos domínios da poesia, da ficção e do teatro, abrangendo autores como Céline – Morte a Crédito valeu-lhe o prémio de tradução do PEN Clube –, Sade, Goethe (o Fausto), Verlaine, Marguerite Yourcenar, Éluard, Max Jacob, Genet, Brantôme, Witold Gombrowicz, Apollinaire, Queneau, Karl Valentim, Bataille, Nerval, Raymond Guérin, Perrault, Giono, Anaïs Nin, Artaud, Breton, Oscar Panizza, Claudel, Michaux, Boris Vian, Jarry, Ionesco, Leopold Senghor, Stendhal, Lorca e muitos outros cujo inventário seria redundante.
Fez adaptações de textos para teatro (Diderot, etc.) e colaborou com alguns cineastas, tendo escrito diálogos para filmes de Paulo Rocha e o argumento de Os Brandos Costumes, de Alberto Seixas Santos. Salvo poemas avulsos em algumas publicações, como é o caso da revista Colóquio-Letras, não publicou nenhum livro nos últimos dezasseis anos de vida.
Encontra-se representada em quase todas as antologias de poesia portuguesa contemporânea (editadas em Portugal e no estrangeiro) e tem grande parte dos poemas traduzidos para diversos idiomas.
Morreu em Lisboa pouco antes de completar 50 anos. Quando em 1993 foi coligida a obra completa, Fernando Cabral Martins, responsável pela sua criteriosa edição, diz da sua poesia que «tudo o que está nela tem o seu tempo, esse não é só o tempo em que viveu mas a falha do seu tempo e de todos os tempos».
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. VI, Lisboa, 1999