Ir para o conteúdo

Livros invulgares Antropologia/ Geografia

J. Leite de Vasconcellos, A barba em Portugal. Lisboa. Imprensa Nacional, 1925

70 € Adicionar
Acresce o valor do transporte pelos CTT (de acordo com as tabelas em vigor para o correio registado ou não registado). Enviar email para informação de envio por correio.

189 pp.; Il.; B.

Exemplar com a lombada com sinais de desgaste; miolo em bom estado.

(Solicite uma fotografia de pormenor).

 

José Leite de Vasconcelos , Ucanha/Trancoso, 1858 - Lisboa, 1941

Oriundo de uma família liberal de uma aldeia beirã, o centro dos seus interesses foi, desde sempre, o conhecimento da alma popular. Formado em Ciências Naturais e Medicina na Universidade do Porto, depois de breve período em que foi subdelegado de saúde no Cadaval, abandonou por completo a medicina quando foi nomeado conservador da Biblioteca Nacional.
Influenciado pelo sentimentalismo da época, estreou-se literariamente, apenas com 20 anos, com o Poema da Alma, tendo já por essa altura publicado na Aurora do Cávado artigos sobre as suas investigações das tradições populares.
Em 1887 fundou a Revista Lusitana (que reunia a melhor colecção de trabalhos publicados na época sobre assuntos de etnologia e de filologia), e em 1893, sob proposta sua, foi criado o Museu Etnológico, do qual foi nomeado director, tendo fundado pouco depois a revista O Arqueólogo Português, que lhe servia de órgão de difusão cultural. Em 1901 doutorou-se em Letras na Universidade de Paris e, de regresso a Lisboa, foi-lhe atribuída a regência de um curso de Filologia Românica, ao mesmo tempo que prosseguia as suas investigações.
Conhecedor das últimas descobertas científicas do século em matéria de cultura popular, e tendo sido o primeiro entre nós a proclamar a importância do trabalho de campo e da observação directa, percorreu o País de ponta a ponta, recolhendo da boca do povo um material inesgotável, sob a forma de romances, anedotas, provérbios, adivinhas, cantigas, orações. Este material, que está na base da sua vastíssima produção (cerca de 1243 títulos), é acompanhado de comentários de um grande saber e reflexão.
Embora Leite de Vasconcelos prefira deixar os factos falar por si, é possível encontrar um corpo de doutrinação teórica suficientemente estruturado, em que o leitor atento consegue seguir um fio condutor. Apesar da aparente dispersão por matérias tão diversas como a filologia, a história, a geografia, a arqueologia, há uma linha que define e estrutura as suas investigações, e essa linha é de cunho predominantemente etnológico. Diz Orlando Ribeiro: «tudo ou quase tudo o que escreveu se integra dentro do plano de um vastíssimo corpus do povo português, desde as suas mais remotas origens até aos nossos dias, nas manifestações mais típicas da sua individualidade» (Vida e obras de José Leite de Vasconcelos, separata de Portucale, vol. XV). E acrescenta, no mesmo artigo, que não é apenas um critério científico, mas sobretudo o seu grande amor por Portugal e pela gente portuguesa, que leva Leite de Vasconcelos para o campo da história.
Daqui que a sua obra mais importante, Etnografia Portuguesa, cujo 1º. vol. saiu apenas em 1933, no dia em que o autor completava 75 anos, seja secundada por outra em que estuda as relações do território de Portugal com a antiga Lusitânia: Religiões da Lusitânia. Este seu constante amor pela alma portuguesa levava-o a ouvir com o mesmo encantamento as histórias do moleiro Elias e da Tia Miquelina como a conversar incansavelmente com quem dele se abeirasse, na botica de Campolide, diz ainda o mesmo depoimento de Orlando Ribeiro.
Leite de Vasconcelos, com os seus mestres evolucionistas, acreditava na unidade espiritual do Homem (foi dos primeiros a estudar a convergência das tradições populares em diversos países) e aceitava a ideia de que o povo tinha «em potência» as mesmas qualidades do «civilizado». O volume das suas investigações (ainda há muitos inéditos por publicar) e o rigoroso registo das observações fazem da obra de L. V. uma obra ainda hoje fundamental, apesar de algumas das suas interpretações terem sido, posteriormente, postas em causa.
Colaborou em numerosos jornais e revistas, tanto portugueses como estrangeiros, era presidente honorário da Associação dos Arqueólogos Portugueses e sócio da Academia das Ciências.

in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. II, Lisboa, 1990


Scroll to Top