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Gravuras Gravura

Gravura, Castelo São Jorge da Mina, John Ogilby, 1670

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Castelo São Jorge da Mina

Feitoria portuguesa no Golfo da Guiné, constituída por uma fortaleza e uma povoação, fundada em 1482 com o intuito de controlar e defender o comércio do ouro e a navegação dos portugueses na costa ocidental de África. 
No arranque dos Descobrimentos portugueses ao longo da costa africana, no século XV, empreendeu-se uma política de construção de feitorias, de forma a poder vender com segurança os produtos nacionais em troca de ouro, especiarias e escravos, principalmente. A defesa e o apoio às navegações costeiras eram outras das atribuições que recaíam sobre as feitorias. A primeira de todas foi a de Arguim, fundada em 1445-1450 na ilha com o mesmo nome, sucedida de algumas pequenas fortificações na costa.

Em 1469, nove anos após a morte do infante D. Henrique, mentor e dinamizador da gesta marítima e comercial portuguesa, Afonso V, seu sobrinho e rei de Portugal, inclinado para as conquistas militares em Marrocos, arrendou a um comerciante lisboeta, Fernão Gomes, a exploração da costa da Guiné, com todo o monopólio comercial, por cinco anos (mais um no fim do contrato). Em troca, para além da renda, exigiu um avanço de 100 léguas por ano ao longo do litoral, a partir da Serra Leoa.

O grande sinal do avanço costeiro e do esforço empreendedor de Portugal na região surgiu com a necessidade de se construir um estabelecimento comercial fortificado no Golfo da Guiné, entreposto esse que seria, para além de placa giratória do trato português, base de apoio para a defesa, em terra e no mar, das rotas e interesses da Coroa. O descobrimento da região da Mina, em 1471, durante o arrendamento de Fernão Gomes, anunciou a existência de um ponto geográfico estratégico para tais missões. Fernão Gomes, por sua vez, obteve um título de nobreza como gratificação e passou a ostentar o nome de Fernão Lopes da Mina e, como arma, três cabeças de africanos com colares e brincos em ouro (devido à existência de estruturas de extração de ouro, abundante na zona, derivando daí o seu topónimo).
Assim, em 1482, D. João II, entretanto chegado ao trono, encarregou Diogo da Azambuja da construção de uma fortaleza naquele lugar, mais tarde batizada de S. Jorge da Mina, tornando-se o seu primeiro capitão, lugar que foi ocupado por muitos homens ilustres do reino, nomeados por um triénio. Estes capitães tinham vastos poderes instituídos pela Coroa, ainda que sujeitos a um apertado regulamento, de forma a poderem impedir o contrabando do ouro ou outras atividades ilícitas. A sua autoridade estendia-se aos outros entrepostos da costa (como Waddan, Cantor, Benim), fundados principalmente a partir de 1487 e até meados do século XVI.
Construiu-se também, junto à fortaleza, uma pequena povoação chamada Aldeia das Duas Partes, para além de outros dois pequenos fortes em Axém e Shamá. Nesta empresa trabalharam mais de quinhentos homens, entre militares e artífices. 
S. Jorge da Mina chegou mesmo a receber carta de foral em 1486. As populações locais rapidamente se colocaram ao serviço da feitoria, auxiliando os portugueses no comércio, nas incursões no interior e na luta contra a pirataria. Rapidamente, a Mina tornou-se o principal estabelecimento português em África, fonte do abastecimento de ouro que se tornara o motor da economia nacional até se iniciar o ciclo da Índia após 1498. Ganhou fama internacional e despertou a cobiça dos europeus, nomeadamente dos Reis Católicos, que só cessaram as pressões para se apossarem da região com o Tratado de Alcáçovas, no qual reconheciam a Portugal o domínio a sul das Canárias. 
A feitoria e a fortaleza em questão comerciava sobretudo ouro, servindo como intermediária entre a origem e os comerciantes e certificando que os caminhos percorridos pelas caravanas eram seguros. Sendo o monopólio do ouro o que maior riqueza trazia a Portugal, chegavam cerca de 410 quilos deste metal por ano ao país. Contudo, esta quantidade começou a decrescer drasticamente a partir de meados do século XVI. Ao longo deste século, ataques de corsários franceses aos navios portugueses no regresso da Mina começaram a suceder-se, para além de tentativas de tráfico do ouro na Mina. Repelidos estes, chegaram os ingleses, que, depois de conseguirem algum ouro, cessaram as suas operações com o tratado luso-inglês de 1570. Vieram os holandeses no século XVII, durante o domínio espanhol sobre Portugal. Após várias tentativas falhadas, a partir do Brasil até, os holandeses, através da sua Companhia das Índias Ocidentais, enfraqueceram lentamente o monopólio comercial português na região, conseguindo dominar as três dezenas de militares da guarnição portuguesa de S. Jorge da Mina, a maior parte dos quais doentes e mal armados. Por volta de 1637, chegavam ao fim 150 anos de domínio português na Mina, período no qual nunca os portugueses dali traficaram escravos, ao contrário dos holandeses. A feitoria exerceu mesmo uma atividade cultural na região, visível nos vocábulos portugueses que se mesclaram nos idiomas locais, para além de melhorias alimentares com a introdução do milho.


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