Gonzaga, Tomás António. Marilia de Dirceo, Lisboa, Tipografia Lacerdina, 1811
Acresce o valor do transporte pelos CTT (de acordo com as tabelas em vigor para o correio registado ou não registado). Enviar email para informação de envio por correio.
1ª e 2ª partes encadernadas num só tomo.
— 1ª parte 37 poemas;
— 2ª parte 38 poemas + 1 soneto final.
Contém índice e errata.
226 pp.; 13 cm
Tomás António Gonzaga, Porto, 1744 - ilha de Moçambique, 1810
Filho e neto de magistrados do Brasil, Tomás António Gonzaga foi muito novo (com sete ou oito anos) para o Brasil, onde estudou no Colégio dos Jesuítas da Baía. Voltou a Portugal, no começo da década de 60, para estudar Direito em Coimbra, tendo acabado o curso em 1768. Esta data, segundo observa com justeza Alexandre Pinheiro Torres, é muito importante «porque 1768 é o ano em que, em Coimbra, na tipografia de Luís Seco Ferreira, saem as Obras Poéticas de Cláudio Manuel da Costa, cujo "prólogo ao leitor" é [...] uma declaração quase polémica de novos princípios poéticos.»
Entre 1768 e 1779 (data em que vai para Beja, como juiz de fora) não se sabe concretamente a vida de Gonzaga em Portugal, mas Pinheiro Torres presume, com fundamento, que «tenha vivido a expensas do pai, possivelmente entregue à boémia literária da capital.» Em 1782 regressa ao Brasil, indo para Vila Rica, como ouvidor e procurador de defuntos e ausentes. Aí encontra Cláudio Manuel da Costa (de arcádico pseudónimo Glauceste Satúrnio) e Alvarenga Peixoto, com eles fechando um grupo fechado e unido, nas ideias poéticas e nas aspirações político-sociais. Aí encontra também aquela que será a sua musa inspiradora: Maria Joaquina Doroteia de Seixas, uma jovem de quinze ou dezasseis anos, por quem se apaixona e que será o modelo vivo da sua Marília de Dirceu. Apesar de Gonzaga ter já, nessa altura, quarenta anos, resolveram casar. Todavia, acusado, provavelmente sem grande fundamento, de ser o chefe da insurreição conhecida pelo nome de Inconfidência Mineira, Tomás António Gonzaga é preso a 21 de Maio de 1788 e mandado para a prisão da ilha das Cobras. Nesta permanece quatro anos, até que, em Maio de 1792, é condenado a dez anos de degredo na ilha de Moçambique. Aí, ao contrário de uma lenda romântica que chegou a correr, o poeta não só não perdeu o juízo como até «refez a vida», casando, em 1793, com uma abastada senhora, Júlia de Sousa Mascarenhas. Em 1809 foi nomeado juiz da Alfândega de Moçambique, falecendo em 1810.
A sua obra consiste, além da Marília de Dirceu (1792), escrita em parte na prisão, nas famosas Cartas Chilenas (sátira política) e no livro Direito Natural. Marília de Dirceu foi o livro de poesia mais editado em língua portuguesa, e para este êxito único vê José Régio sérios fundamentos: «À melodia dos seus versos, à sua graça um pouco mole e convencional mas aliciadora, à fresca sinceridade do seu amor, que nem os estafados ornatos mitológicos desmentem, alia Tomás António Gonzaga uma segura apercepção do concreto, um subtil humorismo e o senso do poético familiar muito notáveis.»
A edição mais completa que há da obra de Gonzaga é a que publicou o Prof. Rodrigues Lapa, no Rio de Janeiro, em 1957. Compreende, em dois volumes, as poesias, as Cartas Chilenas, o Tratado de Direito Natural, a Carta sobre a Usura, além de correspondência e documentos vários.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. I, Lisboa, 1989