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Novidades Política/ Diplomacia

Góis, Damião de, Crónica do Príncipe Dom João, Coimbra. Imprensa da Universidade, 1905

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xxi, 278, [28] pp. : il. ; 21 cm.

Preparada por A. J. Gonçalves Guimarães.

Lombada ligeiramente danificada.

Damião de Góis, Alenquer, 1502 - Alenquer, 1574

Historiador, epistológrafo, músico, diplomata, alto funcionário régio, distingue-se pelo seu cosmopolitismo no Renascimento, aliando o seu vasto saber e cultura à acção.

Órfão de pai em 1513, e acolhido no paço como moço de câmara, a sua primeira educação decorre, portanto, na corte. Em 1523 ocupa a posição de secretário da feitoria de Anvers. Daqui viaja extensamente pela Alemanha, Flandres, Brabante e Holanda. Em 1529 segue para o Báltico em missão oficial e visita Danzigue e os confins da Lituânia. Vai a Poznan e à corte de Cracóvia. Em 1531 está na Di­namarca. Visita Vitemberga e avista-se com Lutero e Me­lâncton. Em 1534 cessa todas as actividades oficiais para se dedicar expressamente ao estudo. Vive nesse ano em Basileia na companhia de Erasmo. Segue depois para Pádua, onde vive quatro anos e frequenta a Universidade, viajan­do por Veneza, Roma e Nuremberga. Em 1538 dirige-se para Lovaina e aí constitui família.

O período de 1539 a 1542 caracteriza-se por uma inten­sa actividade literária. Escreve e publica, entre outros, os seguintes opúsculos: Comentarii rerum gestarum in India (Lovaina, 1539) onde narra os sucessos do primeiro cerco de Diu; Fides, religio moresque Aethioporum sub impe­rio Preciosi Joanni (Lovaina, 1540); Deploratio Lappianæ gentis (Paris, 1541). A guerra da Flandres, que o levara a descrever o cerco de Lovaina, Urbis Lovaniensis obsidio (Lisboa, 1546), no qual teve papel de relevo, obriga-o a regressar à pátria em 1545, talvez na esperança de nela contribuir para o desenvolvimento do Humanismo da alta aristocracia na corte.

Acusado à Inquisição de heterodoxia, logo no ano do seu regresso à Pátria, 1545, pelo seu antigo condiscípulo em Pádua, o Pe. Simão Rodrigues de Azevedo, voltam as mesmas acusações em 1571, do mesmo Pe. Simão e de um genro do próprio Góis, Luís de Castro, interessado nos seus bens, acusações agora acrescentadas de ter privado com músicos e de receber em sua casa músicos e cantores para executarem missas e motetes. De facto, Damião de Góis juntava a toda a sua vasta cultura a da arte musical: compositor, de que são conhecidos vários motetes e canções e executante, considerado como um dos maiores flautistas europeus do seu tempo. Aliás, ainda em meados do século XX tinha lugar na Alemanha um festival internacional de flauta que levava o seu nome. Para além da Livraria de D. João IV, onde havia um livro de motetes e canções de Damião de Góis e de Josquin, as suas restantes composições encontram-se na Alemanha, nomeadamente em Nuremberga, onde já no século passado foi descoberta uma composição sua a três vozes, intitulada In die tribulationis.

Com tão graves acusações, a Inquisição prendeu-o em 1571, transferindo-o dos seus cárceres, após confisco dos bens, para o Mosteiro da Batalha, com residência fixa, Mosteiro onde terá morrido, segundo alguns investigadores (Tomás Borba, p. e.), em 30 de Janeiro de 1572, ou de onde, segundo outros, terá sido transferido, doente, para uma casa de Alenquer, também com residência fixa, ali falecendo em 30 de Janeiro de 1574. Na Batalha ou em Alenquer, a sua morte esteve sempre rodeada de um certo mistério, havendo, por esse motivo, fortes suspeições de ter sido apressada.

Em 1603-1608, foi publicada em Frankfurt a obra, em quatro tomos, Hispaniae Illustrate seu rerum urbiunq: Hispaniae, Lusitaniae, Aethiopiae et Indiae scriptoris varii, em cujo tomo 3º. figuram numerosos textos extraídos da obra de Damião de Góis, valorizados por uma nota biográfica do cronista português. O conjunto de toda a sua obra em latim foi reeditado num só volume intitulado Opuscula, Lisboa, 1791.

Centro de Documentação de Autores Portugueses, 05/2004


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