Frei Álvaro Pais, Colírio da fé contra as heresias. Lisboa. Instituto de alta Cultura, 1954
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Texto original em latim e tradução portuguesa de Miguel Pinto de Meneses.
Frei Álvaro Pais (em latim Alvarus Pelagius, em castelhano Álvaro Pelayo ou Álvaro Pelágio) ou Álvaro Pais Gomes Charinho (Salnés, Galiza, c. 1275 - Sevilha, 25 de Janeiro de 1352 ou 1349) foi um célebre teólogo franciscano e bispo de Silves (1334-1352).
Julga-se que Álvaro fosse filho ilegítimo do trovador galego e almirante de Castela Pai Gomes Charinho. Estudou primeiramente na corte de Sancho IV de Castela, tendo depois partido para Itália, a fim de estudar direito em Bolonha e Perugia. Em Bolonha, tendo por mestre Guido de Baisio, obteve o grau de Doutor nos dois direitos (o civil e o canónico).
Em 1304, contactando os Frades Menores reunidos em capítulo em Assis, e em particular com o seu Mestre-Geral, Gonçalo de Balboa, ingressou naquela ordem mendicante, tendo renunciado aos seus bens e doado-os aos pobres. Envolveu-se nas disputas internas da ordem, aproximando-se dos espirituais, que defendiam uma interpretação mais rigorosa das palavras de São Francisco no que tocava à pobreza. No entanto, por obediência ao Papa (João XXII), acabou por se afastar dessa corrente.
Permaneceu em Itália, primeiro Perugia, depois em Assis, tendo-se por fim mudado-se para Roma, estabelecendo-se na Igreja de Santa Maria in Aracoeli. Grande defensor do primado do Papa sobre o poder dos príncipes, tornou-se legado do Papa João XXII no conflito que o opunha junto do Imperador, Luís da Baviera. Quando o Imperador fez coroar o seu representante, Pietro Rainalducci, como Antipapa (sob o nome de Nicolau V), Álvaro fugiu para Anagni (1328), setenta quilómetros para Sudoeste de Roma.
Daí partiu para Avinhão (1330), onde se achava o Papa com a sua corte, tendo exercido o cargo de penitenciário apostólico. Em 1332, o Papa conferiu-lhe dispensa da bastardia, o que lhe permitia o acesso a cargos eclesiásticos, tendo sido nomeado bispo titular da diocese de Corona, na Grécia, não tendo contudo chegar a tomar posse.
Em 9 de Junho de 1333, o Papa nomeou-o bispo de Silves, regressando enfim à Península Ibérica. Envolveu-se em conflito com o rei português D. Afonso IV, por não o apoiar na guerra que este declarara ao monarca castelhano Afonso XI, bem como por não concordar com os impostos extraordinários lançados sobre os bens eclesiásticos para poder manter o conflito. Chegou a ser atacado por sicários do rei, tendo fugido para Sevilha, cidade a partir da qual continuou a reger a sua diocese até à sua morte.