Frei Agostinho da Cruz, Poesias inédita. Coimbra, Impr. da Universidade 1924
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Descrição completa:
Frei Agostinho da Cruz, Poesias inéditas: Com Um Prefácio do Prof. Mendes dos Remédios, Coimbra, Impr. da Universidade 1924
179 pp., errata; In-4°
Frei Agostinho da Cruz, Ponte da Barca, 1540 - Setúbal, 1619
Poeta, Agostinho Pimenta, irmão de Diogo Bernardes fez-se frade capuchinho, entrando aos vinte e um anos como noviço no Convento de Santa Cruz, em Sintra. A partir de 1605 passou a habitar na Arrábida.
A Natureza, mas sobretudo a serra da Arrábida, é motivo e objecto do lirismo ascético deste poeta: seu espaço de fuga do mundo, a Arrábida é, para Agostinho da Cruz, motivo de cântico persistente, mas este afirma-se não tanto sob a forma de contemplação serena quanto de uma torturada necessidade de redenção do pecado humano. É como se a natureza circundante mais lhe apontasse uma saudade de Deus, por um lado, um remorso do sofrimento de Cristo por outro: o que confere à sua poesia o carácter de um lirismo devoto, mas desenganado. Formalmente, esses mesmos contrastes e antíteses denunciam já em Agostinho da Cruz o conceptismo de um poeta pré-barroco.
Não tendo sido ainda objecto de uma edição crítica, a obra de Agostinho da Cruz, que se distribui por sonetos, éclogas, elegias, odes, canções e vilancetes, foi contudo objecto de uma edição organizada e prefaciada por Mendes dos Remédios, em 1918, e, em 1946, de uma tese de Maria de Lourdes Belchior intitulada Da Poesia de Frei Agostinho da Cruz.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. I, Lisboa, 1989
Joaquim Mendes dos Remédios, Nisa, 1867 - Coimbra, 1932
Mendes dos Remédios, um dos grandes vultos da história da cultura em Portugal e notável professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Depois de ter frequentado o Seminário de Portalegre, estudou Teologia em Coimbra, tendo-se doutorado em 1895. Professor catedrático da Faculdade de Letras de Coimbra, a ele se deve a fundação da revista Biblos e da Revista da Universidade de Coimbra.
É autor de «a única história completamente metódica da literatura portuguesa», no dizer de Aubrey F. G. Bell, a História da Literatura Portuguesa: Desde as Origens até à Actualidade (6ª. ed. em 1930), assim como da Introdução à História da Literatura Portuguesa.
Prepara magistralmente a edição de mais de vinte volumes de Subsídios para o Estudo da História da Literatura Portuguesa (dos quais podemos destacar, a título de exemplo, O Auto do Fidalgo Aprendiz de D. Francisco Manuel de Melo, Poesias Inéditas de D. Tomás de Noronha: Poeta Satírico do Século XVII, Os Lusíadas e Écloga dos Faunos de Camões, Guerra do Alecrim e Manjerona de António José da Silva, as Obras de Gil Vicente, a Castro de Domingos dos Reis Quita, Obras de Fr. Agostinho da Cruz - conforme a Edição Impressa de 1771 e os Códices Manuscritos das Bibliotecas de Coimbra, Porto e Évora e tantas outras obras-primas dos clássicos da nossa literatura).
É ainda um famoso historiador do judaísmo (Os Judeus em Portugal, I, 1895, dissertação para concurso ao magistério na Faculdade de Teologia da Universidade de Coimbra, e Os Judeus Portugueses em Amsterdam, Coimbra, 1911).
A sua acção pedagógica e didáctica em prol da cultura portuguesa ombreia com as de Carolina Michaëlis de Vasconcelos, Joaquim de Carvalho, Manuel Gonçalves Cerejeira, para só citar alguns dos seus contemporâneos.
Foi reitor da Universidade de Coimbra (1911-1913 e 1918-1919), director da Faculdade de Letras da mesma (1925-1929) e ministro da Instrução Pública (1926).
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. III, Lisboa, 1994