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Livros invulgares

Francisco de Andrade, Crónica do muito Alto, e muito Poderoso Rei D. João III, Coimbra, 1796

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FRANCISCO DE ANDRADE (1.º), Commendador da Ordem de Christo, do Conselho d'Elrei, Guarda-mór da Torre do Tombo e Chronista-mór do reino, etc. - Foi natural de Lisboa, filho de Fernão Alvares d'Andrade, Fidalgo da Casa Real, e irmão de Diogo de Paiva d'Andrade e de Fr. Thomé de Jesus, dos quaes faço menção em seus logares. Conjectura#se que deveria nascer pelos annos de 1540; m. na sua patria em 1614. - No Ensaio Biographico Critico de J. M. da Costa e Silva, tomo IV pag. 248 e seguintes, vem uma breve noticia da sua vida, na qual pouco ou nada avança alem do que diz Barbosa no artigo respectivo. - E. 

443) (C) Chronica do muito alto e muito poderoso rei d'estes reinos de Portugal D. João o III d'este nome. Lisboa, por Jorge Rodrigues 1613. fol. de XVIIl-113-134-131-155 folhas numeradas pela frente. - E novamenle em segunda edição: Coimbra, na Real Offic. da Universidade 1796. 4.°, 4 tomos 

«Esta Chronica (diz o Marquez d'Alegrete) é escripta com a falta que muitas das outras chronicas têem, por não tractarem do governo economico do reino. No estylo conserva o auctor a naturalidade e clareza do seculo que acabava.»

O preço dos exemplares da primeira edição tem sido muito variavel, e não ha a esso respeito indicação segura. A edição de Coimbra, que d'antes se vendia por 3:360 réis, soffreu ultimamente um consideravel abatimento, pois custa agora 1:200 réis.

Ha exemplares da primeira edição na Bibliotheca Nacional, na livraria de Jesus na da Academia Real das Sciencias, etc. etc.

444) (C) Instituição d'elrei nosso senhor. Escripta originalmente em latim por Diogo de Teive, e traduzida por Francisco de Andrade em versos soltos portuguezes, e não em sextinas, como disse Barbosa com engano manifesto, a pag. 703 do tomo I da Bibl. - Vej. no presente volume o n.° D, 227. - O mesmo Barbosa, e os que o seguem, têem dado a entender que este opusculo se imprimiu em separado, quando tal não ha. 

445) (C) Chronica do valoroso principe e invencivel capitão Jorge Castrioto, senhor dos Epirenses ou Albanezes, que por suas maravilhosas obras foi chamado Scanderbego, que entre os Turcos quer dizer Alexandre senhor, escripta em latim por Marino Barlecio. e trasladada em portuguez.... Impressa em Lisboa, em casa de Marcos Borges, impressor del Rey nosso senhor. 1567. Com privilegio. - E no fim diz: Foy impressa em Lisboa, em casa de Marcos Borges, tmpressor del Rey nosso senhor, detrás de Nossa senhora da Palma. Acabousse aos quatro dias do mes de Marco. Anno de 1567. fol. de CCXLV folhas. A tarja do frontispicio é aberta em madeira. 

É obra summamente rara, de que só se conhece o exemplar que existia na livraria do hospicio da Terra Sancta, e passou d'ahi para o Archivo Nacional; e outro, que consta ter pertencido a D. Francisco de Mello Manuel, e deverá existir na Bibl. Nacional, onde todavia não tive ainda occasião de o vêr.

Esta chronica foi traduzida em castelhano por Juan Ochoa de la Salde, e sahiu impressa em Sevilha, 1582. fol.; posto que Nicolau Antonio assigna a data d'esta edição em 1528, a qual eyidentemente se convence de falsa, por ser tantos annos anterior á publicação da chronica em portuguez sobre a qual foi feita a traducção hespanhola, como n'ella se declara.

446) (C) O primeiro cerco que os Turcos puzerão ha fortaleza de Diu nas partes da India, defendido pollos portugueses. Coimbra, sem nome do impressor 1589. 4.º 

É um poema dividido em vinte cantos, de ousava rima, bem versificado com pureza e louçania de linguagem, e estylo elegante e figurado. O auctor é talvez n'estes dotes entre os nossos antigos poetas o que mais se approxima de Camões. Porém a acção, apezar da sua importancia, exposta nor um modo narrativo, destituida de maravilhoso e pobre de ficções e affectos, interessa pouco, por faltar-lhe aquella variedade de sensações, que arrebata e encanta o espirito do leitor, e é essencial a natureza do poema heroico. Não póde portanto entrar na classe dos de primeira ordem, mas figura notavelmente entre os melhores de segunda.

Os exemplares d'esta edição são raros. Ha um na Bibl. Nacional, pertencente ao fundo do estabelecimente, e outro que foi de D. Francisco de Mello Manuel. Os que têem vindo ao mercado venderam-se de 4:000 até 6:000 réis: mas um que existe na livraria do finado Joaquim Pereira da Costa foi no respectivo inventario avaliado em 1:600 réis!

Recentemente se fez uma nova edição d'este poema, formando parte da collecção de livros classicos denominada: Bibliotheca Portugueza (V. n'este Diccionario o tomo I, a pag. 387) e sahiu: Lisboa, na Typ. de F. I. Pinheiro 1852. 18.° gr. de VII-716 pag. - Como porém os editores se servissem para esta reimpressão de um exemplar da primeira, ao qual faltava a longa tabella de erratas, que deve acompanhal-os, mas que em alguns não apparece, resultou d'este descuido e inadvertencia, que para a nova edição passaram sem alguma emenda todos os numerosos erros da primeira, ficando por isso merecedora de pouca estimação. Bom seria que d'aqui tomassem exemplo os futuros editores, para não emprehenderem esta especie de trabalhos sem consultarem primeiro pessoas competentes, e entendidas no assumpto. A outro caso analogo me referi já no tomo I d'esta obra, pag. 252, e não serão poucos os que ainda terei de accusar para o diante.

447) (C) Philomena de S. Boauentura, trasladada de latim em lingoagem em terceira rima, em que a alma deuota breuemente medita sua creacão, a encarnação a prégação e paixão do Filho de Deos. - Elegia da alma deuota a seu esposo. - Desejos de Amor divino. - Aspirações da alma deuota ao Amor diuino. - Trasladação do Psalmo Benedic anima mea Domino, em terceira rima: Em o qual a alma deuota se aleuanta em admiracam do seu creador por o conhecimento das creaturas. - E no fim diz: Foy impresso em. casa de Ioannes Blavio de Colonia 1561. 24.º 

É este livro de extrema raridade, pois que até agora não pude descubrir a existencia de algum exemplar, alêm do que foi de Monsenhor Hasse, e que deverá ter passado com a livraria d'este para a bibliotheca da Universidade de Coimbra, onde não sei se existe actualmente.

Barbosa attribuindo esta obra (que não traz nome de auctor) a Francisco de Andrade, faz menção de uma edição, que diz impressa cm Lisboa por German Galharde 1566. 12.º, e que segundo elle, começa: 

Filomena suaue, que cantando

O fim do brauo inverno denuncias,

E a vinda do verão alegre e brando!

Porém ninguem dá hoje noticia de algum exemplar d'esta edição, nem julgo que elle effectivamente exista, com as indicações que se apresentam, pois que Galharde era sem duvida já falecido alguns annos antes do de 1566 como adiante haverá occasião de mostrar a outro proposito. Se comtudo existe, com aquellas ou com outras indicações, e differente em todo o caso da que teve Monsenhor Hasse, porque o principio d'esta era como se segue:

Philomene, que o tempo bom declaras 

E o fim do inverno denuncias,

Os dias brandos, e as noutes claras. 

O primeiro que parece deu em attribuir a Francisco d'Andrade esta obra anonyma, foi o conde da Ericeira D. Francisco Xavier de Menezes, na sua chamada Bibliotheca Ericeiriana, que anda no fim de alguns exemplares do poema do mesmo conde A Henriqueida. É provavel que d'ahi colhesse Barbosa a noticia que nos deu, e que os seus servis copiadores reproduziram, tanto do titulo da obra, como da edição que aponta. Note#se que o auctor do pseudo Catalogo da Academia alterou o formato, que segundo Barbosa e 12.° e elle escreveu 24.º vers.

Lembrarei que ha ainda uma Philomena attribuida a Antonio Ribeiro Chiado, que não pude ver, e por isso não sei se terá de commum alguma cousa com a de que se tracta no presente artigo. (V. no tomo I, n.ºA, 1332.)

Sobre a parte que Francisco d'Andrade teve na publicação da Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, já no artigo relativo a este ultimo disse o que me occorria ácerca d'essa especie, que tambem foi, creio, suscitada a primeira vez pelo dito conde no logar supra indicado.

E para terminar o que respeita a Francisco d'Andrade, concluirei observando que o P. Antonio Pereira de Figueiredo assigna a este chronista o terceiro logar entre os classicos da nossa lingua, ao passo que o outro erudito philologo e critico, P. Francisco José Freire, nem d'elle se lembra entre o bom numero dos que cita como taes no principio das suas Refleções sobre a lingua portugueza! Concilie quem poder esta desconcordancia, é outras que do mesmo genero se notam entre os dous illustres oratorianos, no modo por que cada um avaliava o merito dos escriptores nacionaes em pontos de linguagem. 

Dicionário Bibliográfico Português, Estudos de Incêndio Francisco da Silva aplicáveis a Portugal e ao Brasil. Continuados e ampliados por P. V. Brito Aranha. Revistos por Gomes de Brito e Álvaro Neves, Lisboa, Imprensa Nacional, 23 vol., 1858-1923


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