França, José Augusto. O romantismo em Portugal: estudo de factos socioculturais. Lisboa: Livros Horizonte, 1977
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Edição especial numerada e assinada pelo autor, 43/500
O primeiro volume tem uma dedicatória do autor.
José Augusto França, Tomar, 1922 - Angers, França, 2021
Historiador e crítico de arte, ficcionista. Foi professor da Escola de Belas-Artes e professor convidado da Sorbonne, e professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa. Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas (1944), pela Universidade de Lisboa, diplomou-se mais tarde, em Paris, na École Pratique des Hautes Études, em Ciências Sociais (Sociologia da Arte), dissertando sobre «L'art dans la société portugaise au XXe siècle». Depois obteve o doutoramento em História (1962) e o doutoramento de Estado em Letras e Ciências Humanas (1969). No primeiro caso com uma tese sobre a Lisboa pombalina, «Une Ville des Lumières: La Lisbonne de Pombal»; e, no segundo, sobre o romantismo, «Le Romantisme au Portugal: Étude de Faits Socio-Culturels» (estas duas teses foram editadas em volume, respectivamente em 1965 e 1975).
Nos anos quarenta e cinquenta foi uma das figuras mais dinâmicas e influentes da vida cultural portuguesa. Entre 1947 e 1949, dinamizou o Grupo Surrealista de Lisboa. Em 1949, depois de uma breve experiência africana, publicou Natureza Morta, o seu primeiro romance. Preocupações de natureza existencial, decorrentes de um desencantado quotidiano «ultramarino» (o livro é fruto de alguns meses passados em Angola), são muito nítidas no enfoque discursivo. Entre Maio de 1951 e Dezembro de 1956, organizou e editou um conjunto de «antologias de inéditos de autores portugueses contemporâneos», que se chamaram Unicórnio / Bicórnio / Tricórnio / Tetracórnio / Pentacórnio. Ao mesmo tempo (1951-53), foi, ao lado de Jorge de Sena, José Blanc de Portugal e Ruy Cinatti, um dos co-directores dos Cadernos de Poesia, nas suas 2ª. e 3ª. séries. A publicação de Azazel (1956), peça em três actos, confirma a tonalidade existencialista da sua escrita ficcional.
É sobretudo a partir dos anos sessenta, coincidentes com a sua fixação em Paris, que se evidencia como historiador e crítico de arte e, de modo mais lato, como enciclopédico comentador da cultura portuguesa entre os séculos XVIII e XX. Álvaro Manuel Machado enfatiza com propriedade essa feição dominante da sua obra, quando faz notar que se trata de «estudos fundamentais sobre toda a modernidade portuguesa, na arte como na literatura, os primeiros em Portugal com rigor científico e abarcando um vasto período». Com efeito, a obra de José-Augusto França é muito extensa nesse domínio, incluindo títulos como A Arte em Portugal no Século XIX (1967, revista e ampliada em 1981), A Arte e a Sociedade Portuguesa no Século XX (1972), ou os Quinhentos Folhetins (1984), notável conjunto de textos sobre arte e artistas, anteriormente publicados na imprensa. Emblemáticos são os volumes de ensaio que dedicou a Columbano, Malhoa, Bordalo Pinheiro, Amadeo, Almada, António Carneiro e António Pedro. É ainda co-autor de um Dicionário da Pintura Universal, publicado entre 1959 e 1973. Intelectual pluridisciplinar, o seu interesse pelo cinema encontra-se recenseado em mais de uma obra.
Dirigiu, durante vinte e seis anos (1971-97), a revista Colóquio-Artes, da Fundação Calouste Gulbenkian. Foi presidente do extinto Instituto de Cultura e Língua Portuguesa e da Academia de Belas-Artes, bem como director do Centro Cultural Calouste Gulbenkian, em Paris. Teve vasta colaboração dispersa por jornais e revistas de vários países.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. V, Lisboa, 1998