Ir para o conteúdo
Encontramos-nos encerrados de 5 a 13 de novembro. Encomendas e/ou outros assuntos só serão tratados após esta data. Qualquer assunto: geral@livraria-trindade.pt

Novidades Poesia Portuguesa

Cristovam Pavia, Poesia, Lisboa, Moraes, 1982

Indisponível Avise-me quando estiver disponível
Acresce o valor do transporte pelos CTT (de acordo com as tabelas em vigor para o correio registado ou não registado). Enviar email para informação de envio por correio.

 

Cristovam Pavia, Lisboa, 1933 - Lisboa, 1968

Poeta.

Pseudónimo de Francisco António Lahmeyer Flores Bugalho, Cristovam Pavia era filho do poeta (da Presença) Francisco Bugalho. Teve a sua infância ligada ao espaço rural (a família possuía uma casa – A Quinta das Palmeiras, ainda existente – em Castelo de Vide), facto que influenciou de um modo marcante a sua poesia. Tendo-se mudado para Lisboa nos anos 40, aí frequenta o Liceu D. João de Castro (entre 1943 e 47) e, posteriormente (em 1949), direcciona os seus estudos para a área do Direito. Em 1951 ingressa no curso de Direito da Universidade de Lisboa, abandonando-o em 1954. Inicia, então, o curso de Filologia Germânica na Faculdade de Letras de Lisboa, completando o curriculum académico, mas não apresentando a tese de final de curso que lhe poderia conceder a licenciatura em Letras.
Tendo começado a escrever nos anos 40, só em 1959 publica o seu único título – 35 Poemas –, sobretudo porque o seu percurso biográfico (e, consequentemente, também o poético) foi afectado por diversas crises do foro psiquiátrico.
Um dos factores determinantes desta situação foi a morte do pai (em Janeiro de 1949), facto que marcou indelevelmente a sua adolescência e vida adulta. De facto, em 1960 inicia psicoterapia em Heidelberg, tratamento que se prolongaria com estadas intermitentes nessa cidade alemã por cerca de dois anos. Depois de ter percorrido alguns países europeus (Alemanha, França e Suiça) durante os anos compreendidos entre 1960 e 1962, e tendo escrito alguns dos seus poemas durante essas estadas em países estrangeiros, regressa em 1962 definitivamente a Lisboa, para a residência da família na qual tinha vivido a sua juventude.
Não tendo conseguido superar as crises psicológicas que o tinham afectado, Cristovam Pavia suicida-se a 13 de Outubro de 1968, em Lisboa, com apenas trinta e cinco anos.
Apesar da sua morte precoce, Pavia deixou inúmeros textos poéticos inéditos, assim como dispersos por alguns jornais e revistas em que colaborou (de entre os quais se destacam Serões, Árvore, Távola Redonda, Anteu, etc.).
Reunida num único volume, intitulado Poesia, publicado em 1962 por iniciativa de alguns amigos e poetas da mesma geração (de entre os quais há a destacar os nomes de António Luís Moita, António Osório, Pedro Tamen e José Bento), a sua obra poética encontra-se aí na sua quase totalidade (ficaram por publicar cerca de 30 poemas, assim como correspondência e um diário íntimo).
Formado pelas leituras de poetas da geração de seu pai e, sobretudo, do movimento da Presença, a poesia de Cristovam Pavia é considerada por alguns críticos como uma simultânea continuação e superação do espírito desta importante corrente da literatura portuguesa.
Entre os autores que mais influenciaram Cristovam Pavia e enformaram a sua poesia encontram-se José Régio, Carlos Queiroz e Saúl Dias, a par de seu pai, Francisco Bugalho. Um dos poemas de Pavia em que esta presença tutelar pode ser verificada é o «Poema» em cujo subtítulo se encontra a anotação «de uma fotografia de meu pai comigo, pequeno de meses, ao colo». O citado poema permite, também, assinalar inequivocamente o facto de que um dos vectores temáticos que atravessa toda a poesia do autor é o que diz respeito à tentativa de recuperação poética e memorial do tempo da infância, visto como um paraíso: «Além disso a infância sempre foi para ele o paraíso / (perdido...) / Não precisa de outro».
Decorrente do anterior (e devido à vivência de Cristovam Pavia num espaço rural particular, o Alentejo), um dos outros temas persistentes na obra poética do autor é o da integração no espaço natural e nos seus elementos, como se de um espaço vital se tratasse: «Com os pés enterrados / na planície tão minha... / Abram-se as veias dos pulsos, / corra o sangue na terra».
O autor encontra-se representado em algumas das mais importantes antologias de poesia portuguesa como, a título de exemplo, História da Poesia Portuguesa do Século XX, de João Gaspar Simões, Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa, de E. M. de Melo e Castro e Maria Alberta Menéres, e Líricas Portuguesas, organizadas por António Ramos Rosa.


in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. VI, Lisboa, 1999


Scroll to Top