Costa Pinheiro, O poeta Fernando Pessoa, FCG, Lisboa, 1981
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119 pp. : principalmente il. color. ; 29 cm.
"Exposição de pintura, desenho e gravura do pintor António Costa Pinheiro (1932-2015), a partir da série «o Poeta Fernando Pessoa». Foi organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), através do seu Serviço de Exposições e Museografia, contando com a colaboração da galeria Christoph Dürr (Munique), onde a exposição havia sido apresentada anteriormente.
Reunindo 85 obras em pintura de grandes formatos (27), desenhos e estudos (41), guaches (14) e gravuras (3), realizados entre os anos de 1974 e 1980, a exposição estabeleceu um «diálogo com a imaginação e a poesia», mas também, e nas palavras de José-Augusto França, mostrou uma dimensão «pessoal […] ou pessoalíssima entre o pintor e o seu tema, este Pessoa que ele também é, e todos nós, afinal, agarrados ao último mito possível da nossa cultura» (França, Colóquio/Artes, set. 1981, p. 69). Para este autor, tratou-se porém de uma exposição-espetáculo, que, apesar da sua importância e de ter sido «umas das principais» daquele «ano-estação», não potenciou todos os sentidos da obra do pintor: «Porque a exposição de Costa Pinheiro foi um notável, admirável espectáculo adivinhado através (é forçoso dizê-lo) de uma encenação, ou de uma marcação de cena, banal e passiva, certamente pela pressa com que foi apenas correctamente elaborada, sem devido tempo de reflexão.» (Ibid.)
Em todos os trabalhos expostos, Costa Pinheiro procuraria evocar o poeta Fernando Pessoa, através dos seus objetos e «imagens-sinais». O reflexo dessa intenção estava presente, entre outros exemplos, numa instalação que integrava uma mesa, uma cadeira e uma chávena, cedidas pelo café-restaurante Martinho da Arcada, local que o poeta frequentava assiduamente.
Costa Pinheiro pretendia declarar esses objetos como sagrados-arqueológicos, e, a esse propósito, escreveria nas suas anotações: «Aqui estou no café Martinho da Arcada / tal como o senhor esteve / noutros dias d’outros anos deste século / Estou e não estou / O senhor esteve e não esteve / A chávena de café que pintei no meu atelier longínquo de Munique é uma chávena de café “marítima” (na sua cor azulada) mas não é a sua: é a chávena de café da sua chávena de café.» (Costa Pinheiro. O Poeta Fernando Pessoa, 1981, p. 28)
O catálogo, além de excertos de obras e poemas emblemáticos de Pessoa, continha reproduções dos «Cadernos do Atelier» de Costa Pinheiro, onde se dá a conhecer a sua pesquisa, as suas meditações, o seu processo criativo, que tomam um tom confessional e diarístico, constituindo contributos importantes para a compreensão da sua obra. Do catálogo, constam ainda textos de José Cardoso Pires, Eduardo Lourenço, Noronha da Costa ou António Tabucchi.
Ainda no que se refere à receção crítica da exposição, o próprio artista mencionaria, em carta dirigida ao diretor do Serviço de Exposições e Museografia da FCG, José Sommer Ribeiro, o êxito que esta obtivera junto da crítica alemã: «A exposição está a correr bem. A vernissage foi um acontecimento, dizem as vozes. Há um misto de surpresa e de fascínio nos meios entendidos das artes porque ninguém esperava este salto que dei. Eram muitos anos já que eu estava fora das lides artísticas-pintura. Veremos como se desenvolverá.» (Carta de Costa Pinheiro para José Sommer Ribeiro, 13 fev. 1981, Arquivos Gulbenkian, SEM 00222)
Em outubro desse mesmo ano de 1981, a exposição seria apresentada no Porto, na Galeria Árvore, contando para o efeito com a colaboração da FCG. Passados quatro anos, voltaria a ser apresentada, numa versão reduzida, em Paris, no Centre Culturel Portugais, antiga residência de Calouste Sarkis Gulbenkian e sede da FCG em França. A programação desta exposição decorreu em paralelo com a organização de uma importante mostra biobibliográfica do poeta Fernando Pessoa, que teve lugar no Centre Pompidou, por ocasião do cinquentenário da sua morte."
Filipa Coimbra, 2017
in: https://gulbenkian.pt/historia-das-exposicoes/exhibitions/429/