Belo Redondo e Tomé Vieira, Diogo Alves e a sua quadrilha, Guimarães editores, Lisboa, s/d
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Diogo Alves, galego nascido em Santa Gertrudes (Samos), bispado de Lugo, Galiza - Lisboa (1810-1841).
Veio viver para Lisboa ainda novo, tendo ficado conhecido como o assassino do Aqueduto das Águas Livres já que de 1836 a 1839 perpetrou nesse local vários crimes hediondos, muitos deles (pensa-se) instigado pela sua companheira Gertrudes Maria, de alcunha "a Parreirinha". Foi por fim apanhado pelas autoridades em 1840, na sequência do assassinato da família de um médico cuja casa assaltara e, por isso, foi sentenceado à forca . A história de Diogo Alves, cuja sentença de morte foi aplicada a 19 de fevereiro em 1841, intrigou os cientistas da então Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa. Estes, após o enforcamento do homicida, na tentativa de compreender a origem da sua perfídia, deceparam e estudaram a cabeça de Diogo Alves. Esta encontra-se, ainda hoje, conservada num recipiente de vidro, onde uma solução de formol lhe tem perpetuado a imagem de homem com ar tranquilo - bem contrária ao do que realmente foi. Os cientistas nunca terão conseguido explicar o que o levou a adquirir uma chave falsa do Aqueduto das Águas Livres, onde se escondia, para assaltar as pessoas que passavam, atirando-as de seguida do aqueduto, com 65 m de altura. Na altura, chegou a pensar-se numa onda de suicídios inexplicáveis, e foram precisas muitas mortes - só numa família registaram-se quatro vítimas - para que se descobrisse que era tudo obra de um criminoso: Diogo Alves.
A cabeça decepada encontra-se actualmente no teatro anatómico da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, na sequência da formação de um gabinete de frenologia por José Lourenço da Luz Gomes, que permitiu a conservação do crânio de Diogo Alves juntamente com o de Matos Lobo (tendo sido um dos últimos sujeitos a quem foi aplicada a Pena de morte em Portugal, algo bastante significativo para a história judicial de Portugal) na antiga escola médico-cirúrgica. A cabeça de Diogo Alves constituiu um dos objectos mais significativos - e sem dúvida mais horríficos - da exposição Passagens. Cem Peças para o Museu de Medicina, que decorreu no Museu Nacional de Arte Antiga em 2005.