Ir para o conteúdo

Novidades Artes/ História da Arte

Amadeo Souza Cardoso, Centenário do Nascimento 1887-1987, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1987

Indisponível Avise-me quando estiver disponível
Acresce o valor do transporte pelos CTT (de acordo com as tabelas em vigor para o correio registado ou não registado). Enviar email para informação de envio por correio.

O mais importante catálogo das obras de Amadeo;

Exemplar com sinais de uso.

 

Amadeo Ferreira de Souza-Cardoso nasceu a 14 de Novembro de 1887, em Manhufe, freguesia de Mancelos, concelho de Amarante. Filho de José Emygdio de Souza-Cardoso, grande proprietário rural e de Emília Cândida Ferreira Cardoso. O seu tio materno, Francisco José Lopes Ferreira Cardoso, carinhosamente apelidado de “Tio Chico”, apoia-o desde muito novo na sua vocação artística.

Em 1905, Amadeo parte para Lisboa com a intenção de seguir o curso de Arquitectura na Academia de Belas-Artes. É na Capital que desenvolve a actividade de desenhador e sobretudo de caricaturista, desde logo apoiada e apreciada pelo seu amigo Manuel Laranjeira.

Nos meses de Junho e Julho do ano seguinte conclui com sucesso três disciplinas de desenho: Desenho linear geométrico – 11 valores; Desenho de ornato por estampa – 13 valores; Desenho de figura por estampa – 18 valores.

No dia em que completa 19 anos parte para Paris na companhia de Francisco Smith e vai viver no Boulevard de Montparnasse. Frequenta ateliês de preparação para o concurso à Escola de Belas Artes com o objectivo de cursar Arquitectura.

A 6 de Janeiro de 1907, realiza-se um jantar no restaurante Daumesmil, no Quartier Latin, Amadeo desenha a ementa e nela coloca a caricatura de todos os comensais, no dia 13 de Janeiro este desenho é publicado no jornal portuense “O Primeiro de Janeiro”. Desiste da Arquitectura para se dedicar inteiramente à pintura e reinstala-se no número 33 da Rua Denfert-Rochereau. Em Outubro realiza uma viagem à Bretanha acompanhado pelo pintor português Eduardo Viana.

Em 1908 aluga o estúdio nº 21, no 14 Cité Falguiére onde reúne artistas portugueses – Manuel Bentes, Emmérico Nunes, Eduardo Viana, Domingos Rebelo, Francisco Smith entre outros. Um excerto de uma entrevista de Domingos Rebelo ao jornal “O Século”, a 20 de Outubro de 1970, deixa vislumbrar um pouco das tertúlias que por lá se faziam. “ [...] o atelier de Amadeo de Sousa Cardoso, no 14 Cité Falguière, que era de todos nós o que vivia com maior abastança, pois era filho de uma rica família de Amarante [...] tornou-se um centro de reunião. Iam lá todas as noites o Manuel Bentes, o Ferraz, o arquitecto Collin, o Emmérico Nunes e eu. [...] ”.

Ainda nesse ano conhece Lúcia Pecetto com quem viria a casar em Portugal no ano de 1914.

Em 1909 volta a mudar de estúdio, desta feita para o nº 27, Rue des Fleures. É um ano importante este na medida em que passa a frequentar a Academia Viti dirigida pelo pintor espanhol Anglada Camarasa e que conhece o pintor italiano Amadeo Modigliani.

Dois anos depois volta a mudar-se, agora para o nº 3 da Rue du Colonel Lombes onde expõe juntamente com Modigliani. Relaciona-se com o crítico Walter Pach e com os artistas Archipenko, Brancusi, Picabia, Juan Gris, Diego Rivera, Sónia e Robert Delaunay. Expõe seis trabalhos no XXVIII Salon des Indépendants em Paris.

Em 1912 Amadeo de Souza-Cardoso publica o álbum “XX Dessins” com prefácio de Jerôme Doucet. Desenha e ilustra o manuscrito de “La Légende de Saint Julien L’Hospitalier” de Flambert. Expõe no XVIII Salon des Indépendants (Paris) e no Salon d’Automme (Paris). Conhece Boccioni e Severini.

No ano seguinte participa no Armory Show, em Nova Iorque, com oito trabalhos, exposição essa repetida em Chicago e Boston. Três destes trabalhos são adquiridos pelo crítico de arte Arthur Jerome Eddy. Expõe colectivamente no I Salão de Outubro de Berlim, conhece o pintor alemão Otto Freundlich.

A preocupação pelo bem-estar dos seus familiares está sempre bem patente nas missivas que o vão mantendo em contacto com a família, exemplo disso é este excerto da última carta que manda de paris para Portugal: “ [...] vou mandar-lhe por este correio o livro de Maurras. Queira dizer à Avozinha que muitas vezes penso n’ela e dar-lhe saudades.

Dê-me sempre notícias suas na certeza de serem particularmente estimadas, e aceite um bom abraço do seu de todo o coração. 

Amadeo
Paris, 28 de Abril de 1914.”

Algumas das suas obras são reproduzidas no livro de Arthur Jerome Eddy “Cubist and Post-Impressionist”. Em Abril de 1914 envia três trabalhos para o London Salon, exposição que entretanto não se realiza devido ao início da I Grande Guerra Mundial. No Verão desse ano encontra-se em Barcelona com o arquitecto Antoni Gaudi e visita o seu amigo escultor Sola. Surpreendido pela eclosão da Guerra, em Madrid, regressa a Manhufe dividindo o tempo entre a casa materna (já casado com Lúcia) e a casa de Espinho.

Em Manhufe, Amadeo de Souza-Cardoso trabalha na Casa do Ribeiro, casa pertencente ao tio Francisco. No ano de 1915 o casal Sónia e Robert Delaunay chega a Portugal e instala-se em Vila do Conde onde Eduardo Viana é visita frequente.

Em 1916 Amadeo publica uma selecção de “12 Reproductions” (Porto, Tipografia Santos). Em Lisboa, o pintor encontra-se com José de Almada Negreiros e o Grupo da Revista Orpheu, revista que tencionava publicar um terceiro número no qual reproduziria obras de Amadeo. É neste ano que o artista realiza duas exposições em Portugal. A primeira, em Novembro, no Porto, mais concretamente no Jardim Passos Manuel, tem como título: “Abstraccionismo”. Composta por 84 pinturas a óleo e a cera, 19 aguarelas e 11 desenhos, esta exposição é recebida com hostilidade por parte do público. Em Lisboa, a mesma, realiza-se na Liga Naval, não tem título e é acompanhada por um texto/manifesto de Almada Negreiros.

Em 1917 o mesmo Almada dedica-lhe o livro “K 4 o Quadrado Azul”. Sónia e Robert Delaunay partem para Madrid mas continuam a manter uma profícua correspondência com os seus amigos portugueses.

Em Abril realiza-se uma sessão futurista no Teatro da República, da qual surge a ideia de publicar a revista “Portugal Futurista” que foi apreendida. Nela constavam três obras de Amadeo.

No ano de 1918 uma doença de pele impede Amadeo de pintar. A 25 de Outubro morre bruscamente em Espinho, vítima da epidemia “pneumónica” que assolou a Europa no final da Guerra.


Scroll to Top