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Novidades Artes/ História da Arte

Amadeo de Sousa-Cardoso. XX Dessins, Edição da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1983

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Edição facsimilada dos 20 desenhos, editada originalmente em Paris em 1912 para servir de portfolio ao artista. Exemplar em razoável estado de conservação (com marcas de luz solar nas bordas), mantém a caixa de protecção de origem.

Amadeo Ferreira de Souza-Cardoso nasceu a 14 de Novembro de 1887, em Manhufe, freguesia de Mancelos, concelho de Amarante. Filho de José Emygdio de Souza-Cardoso, grande proprietário rural e de Emília Cândida Ferreira Cardoso. O seu tio materno, Francisco José Lopes Ferreira Cardoso, carinhosamente apelidado de “Tio Chico”, apoia-o desde muito novo na sua vocação artística.

Em 1905, Amadeo parte para Lisboa com a intenção de seguir o curso de Arquitectura na Academia de Belas-Artes. É na Capital que desenvolve a actividade de desenhador e sobretudo de caricaturista, desde logo apoiada e apreciada pelo seu amigo Manuel Laranjeira.

Nos meses de Junho e Julho do ano seguinte conclui com sucesso três disciplinas de desenho: Desenho linear geométrico – 11 valores; Desenho de ornato por estampa – 13 valores; Desenho de figura por estampa – 18 valores.

No dia em que completa 19 anos parte para Paris na companhia de Francisco Smith e vai viver no Boulevard de Montparnasse. Frequenta ateliês de preparação para o concurso à Escola de Belas Artes com o objectivo de cursar Arquitectura.

A 6 de Janeiro de 1907, realiza-se um jantar no restaurante Daumesmil, no Quartier Latin, Amadeo desenha a ementa e nela coloca a caricatura de todos os comensais, no dia 13 de Janeiro este desenho é publicado no jornal portuense “O Primeiro de Janeiro”. Desiste da Arquitectura para se dedicar inteiramente à pintura e reinstala-se no número 33 da Rua Denfert-Rochereau. Em Outubro realiza uma viagem à Bretanha acompanhado pelo pintor português Eduardo Viana.

Em 1908 aluga o estúdio nº 21, no 14 Cité Falguiére onde reúne artistas portugueses – Manuel Bentes, Emmérico Nunes, Eduardo Viana, Domingos Rebelo, Francisco Smith entre outros. Um excerto de uma entrevista de Domingos Rebelo ao jornal “O Século”, a 20 de Outubro de 1970, deixa vislumbrar um pouco das tertúlias que por lá se faziam. “ [...] o atelier de Amadeo de Sousa Cardoso, no 14 Cité Falguière, que era de todos nós o que vivia com maior abastança, pois era filho de uma rica família de Amarante [...] tornou-se um centro de reunião. Iam lá todas as noites o Manuel Bentes, o Ferraz, o arquitecto Collin, o Emmérico Nunes e eu. [...] ”.

Ainda nesse ano conhece Lúcia Pecetto com quem viria a casar em Portugal no ano de 1914.

Em 1909 volta a mudar de estúdio, desta feita para o nº 27, Rue des Fleures. É um ano importante este na medida em que passa a frequentar a Academia Viti dirigida pelo pintor espanhol Anglada Camarasa e que conhece o pintor italiano Amadeo Modigliani.

Dois anos depois volta a mudar-se, agora para o nº 3 da Rue du Colonel Lombes onde expõe juntamente com Modigliani. Relaciona-se com o crítico Walter Pach e com os artistas Archipenko, Brancusi, Picabia, Juan Gris, Diego Rivera, Sónia e Robert Delaunay. Expõe seis trabalhos no XXVIII Salon des Indépendants em Paris.

Em 1912 Amadeo de Souza-Cardoso publica o álbum “XX Dessins” com prefácio de Jerôme Doucet. Desenha e ilustra o manuscrito de “La Légende de Saint Julien L’Hospitalier” de Flaubert. Expõe no XVIII Salon des Indépendants (Paris) e no Salon d’Automme (Paris). Conhece Boccioni e Severini.

No ano seguinte participa no Armory Show, em Nova Iorque, com oito trabalhos, exposição essa repetida em Chicago e Boston. Três destes trabalhos são adquiridos pelo crítico de arte Arthur Jerome Eddy. Expõe colectivamente no I Salão de Outubro de Berlim, conhece o pintor alemão Otto Freundlich.

A preocupação pelo bem-estar dos seus familiares está sempre bem patente nas missivas que o vão mantendo em contacto com a família, exemplo disso é este excerto da última carta que manda de paris para Portugal: “ [...] vou mandar-lhe por este correio o livro de Maurras. Queira dizer à Avozinha que muitas vezes penso n’ela e dar-lhe saudades.

Dê-me sempre notícias suas na certeza de serem particularmente estimadas, e aceite um bom abraço do seu de todo o coração. 

Amadeo
Paris, 28 de Abril de 1914.”

Algumas das suas obras são reproduzidas no livro de Arthur Jerome Eddy “Cubist and Post-Impressionist”. Em Abril de 1914 envia três trabalhos para o London Salon, exposição que entretanto não se realiza devido ao início da I Grande Guerra Mundial. No Verão desse ano encontra-se em Barcelona com o arquitecto Antoni Gaudi e visita o seu amigo escultor Sola. Surpreendido pela eclosão da Guerra, em Madrid, regressa a Manhufe dividindo o tempo entre a casa materna (já casado com Lúcia) e a casa de Espinho.

Em Manhufe, Amadeo de Souza-Cardoso trabalha na Casa do Ribeiro, casa pertencente ao tio Francisco. No ano de 1915 o casal Sónia e Robert Delaunay chega a Portugal e instala-se em Vila do Conde onde Eduardo Viana é visita frequente.

Em 1916 Amadeo publica uma selecção de “12 Reproductions” (Porto, Tipografia Santos). Em Lisboa, o pintor encontra-se com José de Almada Negreiros e o Grupo da Revista Orpheu, revista que tencionava publicar um terceiro número no qual reproduziria obras de Amadeo. É neste ano que o artista realiza duas exposições em Portugal. A primeira, em Novembro, no Porto, mais concretamente no Jardim Passos Manuel, tem como título: “Abstraccionismo”. Composta por 84 pinturas a óleo e a cera, 19 aguarelas e 11 desenhos, esta exposição é recebida com hostilidade por parte do público. Em Lisboa, a mesma, realiza-se na Liga Naval, não tem título e é acompanhada por um texto/manifesto de Almada Negreiros.

Em 1917 o mesmo Almada dedica-lhe o livro “K 4 o Quadrado Azul”. Sónia e Robert Delaunay partem para Madrid mas continuam a manter uma profícua correspondência com os seus amigos portugueses.

Em Abril realiza-se uma sessão futurista no Teatro da República, da qual surge a ideia de publicar a revista “Portugal Futurista” que foi apreendida. Nela constavam três obras de Amadeo.

No ano de 1918 uma doença de pele impede Amadeo de pintar. A 25 de Outubro morre bruscamente em Espinho, vítima da epidemia “pneumónica” que assolou a Europa no final da Guerra.


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