Alexandre Alves, Escuturas de Laprade na Diocese de Viseu, Viseu, 1976
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Claude Joseph Courrat Laprade
Avignon, Provença, 1682 - Lisboa, 1738
Tido como o mais notável escultor estrangeiro que trabalhou em Coimbra depois da Renascença, Claude Laprade era originário da Provença (Avignon), tendo nascido em 1682. Adquiriu a sua formação nessa região, historicamente aberta à influência italiana, tendo-se formado na influência dos irmãos Puget e, de um modo geral, no rasto de influência de Bernini, que introduz em Portugal. Estabeleceu-se entre nós a partir de 1699, para executar, na capela da Quinta da Vista Alegre, em Ílhavo, o túmulo em alto-relevo de D. Manuel Moura Manuel, bispo de Bragança e Miranda, inquisidor-geral e reitor da Universidade de Coimbra. Esta obra, mandada erigir em cumprimento de um voto de agradecimento a Nossa Senhora da Penha de França, reflecte o seiscentismo italiano na animação das figuras e no enredo cenográfico dos panejamentos. No âmbito da extensa reforma da Universidade de Coimbra, empreendida pelo reitor Nuno da Silva Teles, Laprade colaborou no programa arquitectónico e escultórico (1700-1702) realizando, entre outras obras, o ostentoso frontão armoriado e sustentado por dois atlantes, com um retábulo alegórico em honra de D. Pedro II, as estátuas alegóricas das Faculdades e as sobreportas das Salas Gerais e dos Capelos. É-lhe ainda atribuída, embora sem confirmação documental, a autoria geral do programa artístico do sumptuoso edifício da Biblioteca da Universidade de Coimbra. A ductilidade do artista, movimentando-se com à vontade entre a arte da pedra e a da madeira, a sua adaptabilidade ao carácter da cultura estética nacional, o perfil essencialmente plástico que a construção da Biblioteca conformaria e o conhecimento de que dispunha do palácio universitário, tornam plausível esta atribuição. Acresce o facto de se encontrar radicado em Lisboa, de onde, certamente, provém o risco para esta obra, coordenada pelo Rei. Terminadas estas encomendas, transfere-se para Lisboa onde, em 1703, estabelece uma próspera oficina, na Rua de S. Paulo. Estendeu a sua actividade à escultura em madeira e ao trabalho da talha dos altares, adaptando-se, deste modo, às especificidades da clientela portuguesa, um campo que se revelava propício a novas experiências formais. O seu estabelecimento na capital corresponde a um ciclo de grande produção, enriquecendo com as suas inúmeras encomendas, mas também ao período menos conhecido da sua carreira. Colaborou com muitos outros artistas, sendo sobretudo no campo da talha que a sua produção foi mais fecunda. No entanto, a sua actividade parece ter-se estendido a outras áreas, nomeadamente às artes decorativas. São de sua autoria as estátuas de S. Pedro e S. João Evangelista da Sé de Viseu (1723) e as do retábulo do altar-mor da Sé Catedral do Porto (1729) e alguns trabalhos realizados no Mosteiro de S. Vicente de Fora e em Mafra (c. de 1730). Embora no contexto internacional não tenha atingido absoluta notoriedade, revelando algumas dificuldades na modelação das figuras e demonstrando alguma escassez de recursos, que de certa forma, limitavam as suas composições trouxe, no entanto, novidades que viriam influir no meio artístico português, quebrando o isolamento que caracterizava o panorama seiscentista nacional, pelo contacto que proporcionou aos artistas com o vocabulário internacional do barroco.