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Abade Correia da Serra, Elogio de Benjamin Franklin, Fundação Luso-Americana, Lisboa, 1996

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"This eulogy of Benjamin Franklin (1706-1790) was given by the Abbe? Jose? Correia da Serra at the Academy of Sciences of Lisbon on July 4, 1791 shortly after the formal establishment of diplomatic relations between Portugal and the U.S." p. 31.

Edição bilingue.

47 pp.; Il., facsimiles, retratos; 21 cm.

 

Abade Correia da Serra, Serpa, 1750 - Caldas da Rainha, 1823

Doutor em Leis, naturalista, historiador, diplomata e presbítero secular.

Tendo seu pai, o doutor em Medicina pela Universidade de Coimbra Luís Dias Correia, sido encarcerado pela Inquisição de Évora, acusado de judaísmo, viu-se José Francisco Correia da Serra a iniciar desde criança a sua larga saga de expatriado, ao ter de acompanhar o progenitor e a restante família, logo que aquele foi libertado, para o exílio, primeiro em Nápoles e, mais tarde, em Roma. Era então ainda muito novo o futuro cientista, quando iniciou a sua educação na primeira daquelas cidades, em casa do abade Genovesi, onde foi introduzido no estudo das línguas antigas e modernas, depressa se familiarizando com o italiano, o francês, o alemão, o inglês, o castelhano, o latim, o grego e o árabe.

Aos catorze anos passou a Roma, onde viria a aprofundar os seus conhecimentos e, exactamente com aquela idade, publicaria o seu primeiro livro, prosseguindo entretanto estudos eclesiásticos, jurídicos e científicos, dedicando-se nestes, sobretudo, à Botânica. Em 1770, passou por Itália o Duque de Lafões que, sendo já conhecido do pai de Correia da Serra desde Coimbra, o convidou para prosseguir com ele a viagem que estava a empreender na Europa e que durou um ano.

Em 1771, o doutor Luís Dias Correia, acompanhado da família, regressou a Portugal com o Duque e sob a sua protecção. Correia da Serra ficou em Roma, onde foi ordenado presbítero (1755) e onde se doutorou in utroque jure [simultaneamente em Direito Canónico e em Direito Civil]. Em 1776, foi chamado por seu pai a Lisboa, com a promessa de uma boa posição proporcionada por Pombal. Ao desembarcar em Cadiz, de onde deveria seguir por terra para Portugal, soube da morte de D. José, com a consequente queda do Marquês, e, logo que chegou a Mértola, recebeu a notícia da morte de seu pai.

De saúde abalada pelos dois golpes, seguiu para Lisboa, onde, em Janeiro de 1779, se hospedaria em casa do Duque de Lafões. Durante esse ano, Correia da Serra, já então conhecido nos meios científicos europeus como l' Abbé Corrêa, planeou e fez nascer, com o apoio do seu anfitrião, a Academia Real das Ciências, que haveria de ser oficializada por aviso régio de 24 de Dezembro de 1779, com Correia da Serra como seu secretário perpétuo. Poucos anos volvidos, passa a ser perseguido pelos esbirros de Pina Manique, sob a suspeita de ser maçon, o que era verdade, acabando por lhes dar um bom pretexto ao esconder, nos aposentos da Academia, Pierre-Marie Broussonnet (1761-1807), naturalista francês exilado do seu país sob a acusação de jacobinismo. Assim, em 1786, o cientista português teve de se homiziar em Londres, para onde partiu indocumentado, via Gibraltar, e onde foi muito bem acolhido pelo sábio e filantropo Joseph Banks (1744-1820), presidente da Real Sociedade, instituição que logo recebeu o Abade como seu membro.

São dessa época os estudos botânicos que o doutor Correia da Serra publicou nas Philosophical Transactions daquela Sociedade ou nas Transations da Sociedade Lineana, de que passou também a ser membro. Com a ascendência, em 1801, do Duque de Lafões a ministro, o académico exilado foi nomeado encarregado de negócios junto da Corte de Londres, onde era embaixador D. Lourenço de Lima, que tais perseguições fez ao Abade que este se viu obrigado a trocar o exílio de Londres pelo de Paris, onde foi entusiasticamente recebido nos meios científicos, rapidamente obtendo as honras de membro do Instituto de França e da Sociedade Filomática de Paris.

Para além de prosseguir os seus estudos de Botânica e de se dedicar à investigação histórica, abordando temas tão díspares como os Templários ou a agricultura árabe na Ibéria, trabalhos que eram publicados pelos Annales du Muséun, pelo Bulletin da citada Sociedade Filomática ou pelos Archives Litteraires de l'Europe, Correia da Serra foi um dos primeiros colaboradores da Biographie Universelle (1811-1828), fundada e dirigida pelo historiador Joseph-François Michaud.

Em 1813, passou à América, onde já era conhecido pelos trabalhos que publicara nas Transactions of the American Philosophical Society, sociedade de que também era membro, e na American Review. Para obter meios de subsistência passou a ensinar Botânica em Filadélfia, até que, em 1816, a Corte, então instalada no Rio de Janeiro, o nomeou ministro plenipotenciário junto do Governo da União. Escolha acertada, pois que a esse tempo já Correia da Serra era amigo pessoal de Laffayette e de Jefferson.

Em 1820 foi nomeado para exercer as mesmas funções em Londres e ali se manteve até ao triunfo da revolução liberal, altura em que regressou a Portugal, onde retomou o seu lugar de Secretário da Academia e foi deputado às Cortes (1822-1823). Também desempenhou altos cargos no Grande Oriente Lusitano.

Cientista de renome internacional, como o atestam os depoimentos de vários sábios seus contemporâneos e as numerosíssimas instituições científicas que o acolheram, era considerado no seu tempo o maior botânico nas áreas da fisiologia vegetal e da carpologia [estudo dos frutos e das sementes]. Para além das já citadas instituições científicas de Londres, Paris e Filadélfia de que Correia da Serra era membro, pertencia ainda, entre outras, às Academias de Turim, Florença, Bordéus, Lião, Marselha, Liege, Siena, Mântua e Cortona e às Sociedades de Agricultura de Piemonte e de Toscana e à Sociedade de Economia deValência. Era, naturalmente, Cavaleiro de Cristo.

Posto que tenham desaparecido muitos dos seus trabalhos, ainda em manuscrito, existe correspondência sua na Biblioteca de Évora e a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento adquiriu recentemente duas centenas e meia de documentos pertencentes ao seu espólio, entre os quais se encontra o Elogio de Benjamin Franklin, datado por Correia da Serra de 1791. Como secretário da Academia, prefaciou e anotou algumas obras que aquela instituição editou ou pensava editar, tais como: Vida do Infante D. Duarte, de André de Resende; o tomo 1 do célebre Dicionário; a Collecção de livros ineditos da historia portuguesa dos reinados de D. Affonso V, a D. João II..., 1790-1824 (5 vols.); ou as Poesias, de Pedro de Andrade Caminha.

Alguns trabalhos do Abade Correia da Serra, para além dos de caracter naturalista: De l'État des Sciences et des Lettres en Portugal, à la Fin du Dixhuitieme Siecle, 1804 (com tradução portuguesa de Francisco Freire de Carvalho em Primeiro Ensaio sobre a História Literária de Portugal, 1845); Sur l’Agriculture des Arabes en Espagne, 1805; Sur les Vrais Successeurs des Templiers, et sur leur État Actuel, 1810 (com tradução portuguesa em ilustração: Jornal Universal, 1846); Considerations Générales sur l'État Passé et Futur de l'Europe, 1812; Discurso Histórico Recitado na Academia Real das Ciências de Lisboa, na Sessão Pública de 24 de Junho de 1822, 1823.
Centro de Documentação de Autores Portugueses
08/2006


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