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Livros invulgares Literatura portuguesa

Sá de Miranda, Francisco de. As obras do doutor Francisco de Sá de Miranda, Vicente Alvarez, 1614

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Homem de um só parecer,

dum só rosto e d’ua fé,

d’antes quebrar que torcer

outra cousa pode ser,

mas da corte homem não é.

 

Sá de Miranda, Carta a D. João III

 

Descrição completa:

AS OBRAS DO DOCTOR FRANCISCO DE SAA DE MIRANDA

Miranda, Francisco de Sá de, 1481-1558; Fernandes, Domingos, 15---16--, livreiro; Álvares, Vicente, fl. 160--162-, impr.; Coutinho, Gonçalo, ca 1560-1634, co-autor;

Agora de novo impressas com a Relação de sua calidade, & vida [Lisboa] : por Vicente Alvarez : Domingos Fernandez livreiro, 1614

DESCR. FISICA:
[12], 160 ff. ; 8º (19 cm)

Referências bibliográficas:


Barbosa Machado 2, 254 e 393
Palau 283214
Inocêncio 3, 53-54 e 155; 9, 371
Gallardo 4, 3736
Pinto de Matos 554
Fonseca, M. Subsídios 280
Garcia Peres 501
Condessa de Azambuja 2261
Monteverde 4696
Samodães 2933
Ulrich 3437
Avila Perez 6830
CCPB CCPB000700283-1 ; CCPB000748091-1
UCBG. Res. 1613
Marinha. Impr. séc. XVII 533
NUC NS 3058
Arouca M 382
Iberian Books B69965 [59095]

NOTAS:
Segundo bibliografia, Gonçalo Coutinho é o autor da "Vida do Doutor Francisco de Sa de Miranda..."
Provavelmente impresso em Lisboa, lugar de actividade do impressor e do livreiro.
Sobre o pé de imprensa: "Com todas as licenças necessarias"
Sob o pé de imprensa, Taxa
Na f. [2]r., Licenças e Taxa
Na f. [2]v., Erratas
Na f. [3], "Domingos Fernandez Livreiro. Prologo"
Na f. [4]r., "Dom Manoel de Portugal... Soneto"
Na f. [5]r.-[9]r., "Vida do Doutor Francisco de Sa de Miranda, collegiada de pessoas fidedignas que o conhecerão, & tratarão, & dos livros das gerações deste Reyno"
Na f. [9]r., "Epitaphium..."
Na f. [9]v.-[12]v., "Taboada deste Livro"
Na p. de tít., vinheta xilogr. com vaso grego
P. de tít. enquadrada em filete simples duplo
Erros na pág.: p. 14 em vez de 19, 142 em vez de 148
Assin.: A1//4, A22//8, A-V//8

Enc. da época em pergaminho; pp. 29-82, com pequenas marcas de xilófagos no pé de página, muito raramente, na última linha. Capa, guardas e frontispício com assinaturas de posse de vários proprietários. Marginália antiga a lápis, praticamente indetectável.

Em muito bom estado de conservação.

 

Sobre o valor da atual edição veja-se o notável trabalho de Carolina Michaelis:

«A edição B (1614) refere-se, com efeito, a um original que é, em última instância aquele que a neta do poeta (não a filha), D. Antónia de Menezes, levou para Salvaterra de Galiza como parte do seu dote, quado casou com D. Fernando de Osores Sotomayor. Esse original seria o grande livro de apontamentos poéticos, um borrão, cheio de emendas de toda a sorte e quase indecifrável, um cartapácio velho, cheio de entrelinhas, riscas, notas marginais e variantes, de que o poeta se aproveitaria para tirar as cópias mais apuradas que ofereceu aos seus amigos e protectores. Este cartapácio continha em germen todos os outros manuscritos. O editor Domingos Fernandez não consultou, porém, este ms. original, directamente; parece até qu eele nem o viu, tendo somente uma vaga notícia do precioso autógrafo, maltratado do tempo, e já gasto em vida do poeta pelo uso quotidiano. Guardava-se a relíquia com certo ciume, e não se mostrava a ninguém. D. Gonçalo Coutinho, ou quem quer que fosse o autor da "Vida..." do poeta, seria o informador de Domingos Fernandez. Lá se encontra ao menos na sua biografia uma nota sobre esse Livro original de poesias, asseverando que a neta do poeta o tinha na deida estimação. Em nossa opinão o editor apenas pode alcançar uma cópia do original; se em 2ª ou em terceira mão, não é fácil decidi-lo- As palavras: Pequena maravilha até marginado parecem confirmar essa hipótese. Em todo o caso, o texto da ed. B, que apresenta variantes tão extraordinárias sobre a ed. A, deveria ter sido acolhido com maior reserva e menos credulidade, prestando-se mais credito à edição de 1595. Sucedeu, porém, exactamente o contrario, por motivos fáceis de compreender. A ed. B é mais rica do que a outra; tem além d'isso a biografia de D. Gonçalo Coutinho, que é um subsidio precioso, o apresenta uma redação mais corrente, mais limada, uma fraseologia mais inteligível, em varias partes, um sentido mais verosímil nas passagens difficultosas. Foi isto o que lhe atraiu as simpatias do público, que logo a declarou superior a primeira, sem reflectir se a maior clareza o superior elegância de frase pode ser com efeito argumento decisivo pro ou contra a autenticidade de uma obra. Não se reparou sequer que a ed. B oferece às vezes passagens muito mais incorrectas e esquisitas do que A, e outras, que se podem até dizer adulteradas, viciadas e semeadas de erros. Finalmente, não devia passar desapercebido que a ed. B contém muitas vezes estrofes em duplicado, que representam as substituições propostas pelo poeta, as quais o redactor Domingos Fernandez não reconheceu, imprimindo-as todas juntas. Esta última circunstância é alias, seja dito entre parêntesis, um indício em favor da procedência do borrão de Salvaterra.»

Nota: (edição A de1595 e edição B de 1614)

MIRANDA, Francisco de Sá de, 1481-1558, Poesias de Francisco de Sá de Miranda / edição feita sobre cinco manuscriptos inéditos de todas as edições impressas acompanhada de um estudo sobre o poeta, variantes, notas, glossário e um retrato por Carolina Michaelis de Vasconcellos. - Halle : Max Niemeyer, 1885. - 16, CXXXVI, 949, [3] p. : il., retr. ; 22 cm + 1 árvore genealógica desdobr.

Biografia:

Francisco de Sá de Miranda, Coimbra, 1481 - Amares?, 1558  

Poeta e comediógrafo que introduziu o novo estilo italiano do Renascimento em Portugal. As suas vicissitudes biográficas ainda não estão devidamente apuradas. Sabe-se que nasceu, de certeza, antes de 1490, mas ignora-se o ano exacto. Já bastante enfermo, vivia ainda em Maio de 1558, tendo falecido depois dessa data. Frequentou muito provavelmente a Universidade, em Lisboa, onde terá obtido o grau de doutor, pois assim aparece designado no Cancioneiro Geral, de Garcia de Resende. Em 1521 visita a Itália, onde permanece até 1526. No seu regresso aparta-se da corte e fixa residência na Quinta das Duas Igrejas, na margem esquerda do Neiva. Em 1530, já casado, transita para a Quinta da Tapada. 
Entre estes dois retiros vai elaborar a sua obra. Nela apresenta novos metros, géneros e subgéneros (a carta, a canção, a elegia, a écloga) na poesia portuguesa. Adapta o decassílabo à língua portuguesa; introduz o terceto, a oitava e o soneto. Se seguiu de perto a lição dos italianos, verdade é que Sá de Miranda não deixou menos de acompanhar as inovações de Boscán e Garcilaso em Espanha. De Garcilaso se considerava mesmo devedor, embora essa divida constitua essencialmente mais um estímulo para o que entendia fazer em Portugal. 
Poeta da chamada «medida nova», Sá de Miranda limava demoradamente o verso, apurava-o na forma e afinava-o na eufonia. Algumas das suas éclogas (Célia, Andrés, Nemoroso e Encantamento) estão repassadas de uma funda melancolia em que a natureza não é um cenário de fundo para as mágoas dos seus pastores, mas um significante passível de várias leituras no contexto dos poemas. A ambiguidade constitui um permanente desafio ao leitor, o que confere à sua poesia um insuspeitado cunho de modernidade. As suas Cartas em verso revelam a faceta do moralista e do patriota, atento à erosão dos valores castiços, que defende e considera essenciais à continuidade do carácter nacional. 
Sá de Miranda é poeta bilingue, tal como o será Camões, escrevendo algumas das suas composições em castelhano. Só António Ferreira se impôs o patriotismo linguístico de escrever unicamente em português. Mas o bilinguismo é compreensível no espírito da ecumenicidade cultural que reinava então na Península Ibérica. 
Como comediógrafo, Sá de Miranda produziu duas obras em prosa, Estrangeiros e Vilhalpandos, publicadas respectivamente em 1559 e 1560. Estas peças iniciam a comédia clássica em Portugal, mas falta-lhes o verdadeiro sentido de teatro, estando demasiado apegadas às formas estereotipadas dos modelos Plautino e Terenciano.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. I, Lisboa, 1989

Nota: Erro na datação das edições das comédias (Vilhalpandos e Estrangeiros) correcção nossa.


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