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Livros invulgares

Luiz Pacheco, O libertino passeia por Braga, a idolátrica, o seu esplendor, Contraponto, Lisboa, sd.

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53 pp.-[1] : il. ; 19 cm.

Sem data, mas de 1970. 1ª edição.

Edição com uma gralha no título. Uma das obras mais polémicas de Luiz Pacheco.

 

Luiz Pacheco, Lisboa, 1925 - Montijo, 2008
  
Crítico, editor, ficcionista, polemista, estudou no Liceu Camões, onde foi aluno de Delfim Santos e Câmara Reys, e frequentou o curso de Filologia Românica da Faculdade de Letras de Lisboa. Ingressou na função pública, nos anos 40, como funcionário da Inspecção-Geral de Espectáculos, do Secretariado Nacional de Informação, no tempo do Estado Novo.
Espírito rebelde e libertino, marginal aos meios literários dominantes, foi como editor, responsável pela Contraponto em fins de 1950, que se tornou conhecido, ao publicar obras de grandes autores, nacionais e estrangeiros, então pouco conhecidos em Portugal (Sade, Suassuna, Raul Brandão, Mário Cesariny, Herberto Helder, António José Forte, Manuel Laranjeira, etc.).
Desses tempos diria, em entrevista ao JL de 24 de Setembro de 1997: «Na malta nova da minha geração, que é uma malta da cidade, havia um cansaço da linguagem neo-realista. Aquilo era uma repetição, uma chatice geral e havia também o medo. Porque eles sabiam que ou o autor cortava ou era cortado. E então enveredavam por um desvio. [...] E depois, coitados, também não tinham talento nenhum, benza-os Deus. Esse é que era o problema. Os surrealistas com aqueles jogos de palavras do "Cadáver Esquisito", aquelas aldrabices, podiam dar muito mais vazas e, ao mesmo tempo que chateavam os neo-realistas, estavam a fazer coisas difíceis de pegar pela PIDE. E afirmavam-se como geração, com as suas perspectivas.»
Próximo, desde sempre, da corrente surrealista, a ele se deve a «recuperação» e divulgação da obra de António Maria Lisboa ou de Manuel de Lima, entre outros, mas é sobretudo pela sua faceta crítica e polemista, não poupando ninguém, que a sua obra se ergue, no plano da crítica literária, como uma das mais combativas, intervenientes e denunciadoras dos «males literários» que sempre nos afectaram.
A par da crítica, é importante também a sua prosa ficcionista, servida por um sentido marcadamente autobiográfico, onde patenteia os altos e baixos de uma vida de boémia e quase de miséria suportada por entre atropelos e filhos às costas, confessando-se na esteira de escritores como Sade, Genet ou Artaud.
Pelo sentido inovador da sua escrita e pela estrutura narrativa dos seus textos, a sua obra ficcional impõe-se por um sentido e comovedor clima confessional que, por direito, o afirmam como um dos prosadores portugueses de maior talento e capacidade literária.
Está representado em várias antologias literárias – Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica (s.d.), de Natália Correia, Antologia do Humor Português (1969), de Virgílio Martinho e Ernesto Sampaio, Surrealismo Abjeccionismo (1992), de Mário Cesariny, etc. –, e no seu disco Humores, de 1984, o actor Mário Viegas diz e lê o «Coro dos Cornudos», incluído em Textos Malditos.

in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. V, Lisboa, 1998


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