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Lourenço, Frederico. Latim do Zero. Quetzal, Lisboa, 2020

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525 pp. ; 21 cm

 

Frederico Lourenço, Lisboa, 1963

Licenciado (1988) em Línguas e Literaturas Clássicas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Frederico Lourenço integrou desde 1990 o corpo docente da mesma Faculdade, aí se doutorando (1999) com uma tese de estudo exaustivo de todos os ritmos nos cantos líricos de Eurípides. Actualmente é Professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Fez também estudos de música e de língua alemã.

Para além de colaboração crítica e ensaística em revistas como Euphrosyne, Humanitas, Colóquio-Letras, Journal of Hellenic Studies e Classical Quarterly, é o autor de Grécia Revisitada: ensaios sobre cultura grega (2004), Valsas Nobres e Sentimentais, Caracteres (2007) e Novos Ensaios Helénicos e Alemães (2008); de A Odisseia de Homero adaptada para jovens (2005) e de uma recriação poética de Filoctetes, de Sófocles. E é certamente em coerência com um mesmo apelo de leitura e diálogo com os seus autores de referência, enquanto referentes de uma cultura em que a sua própria expressão se filia, que empreende outros trabalhos de tradução e assumida recriação poética, como Dom Carlos: Infante de Espanha: poema dramático de Friedrich Schiller (2008).

Afirmou-se entretanto também como ficcionista, nomeadamente com uma trilogia de romances de cunho autobiográfico que não iludem, também eles, ressonâncias da cultura clássica e mais explicitamente da herança camoniana – Pode um Desejo Imenso (Prémio PEN Clube 2002), O Curso das Estrelas e À Beira do Mundo –, reunidos posteriormente sob o título Pode um Desejo Imenso; e com Amar não Acaba (2004), A Formosa Pintura do Mundo (2005) e A Máquina do Arcanjo (2006).

Mais recentemente, Frederico Lourenço revelou-se como poeta com Santo Asinha e outros Poemas (Lisboa: Caminho, 2010) – «um livro curto que supõe a exigência quer no acto de escrever, quer na distância crítica subsequente: não será essa a menor das suas qualidades» (cf.contramundumcritica.blogspot.com/2010/06/Frederico-lourenço-santo-asinha-e.html).

Entre a «sageza dos clássicos» e uma «respiração romântica, mas de um romantismo meditado» (cf. António Carlos Cortez, «Daniel Francoy e Frederico Lourenço: afinidades eletivas», in JL de 20 de Out. a 2 de Nov. 2010) – é como por outro lado se pode resumir o que na estreia poética de Frederico Lourenço parece antes do mais impor-se como preito de homenagem e amoroso reconhecimento na lição, e por ela, daqueles mesmos que estudou e traduziu. Exercício de depuração linguística, em boa parte plástica, da palavra e do verso, ou de auscultação dos sentidos primevo e último dos seus ritmos, lição dos textos e lição de uma música muito antiga, como se sempre do mesmo gesto retributivo se tratasse: Há uma rocha que destila, segundo se diz,/ Um fio de água do oceano, fazendo brotar/ Da pedra escarpada a pique, uma nascente/ Viva de água tirada por ânforas. (op. cit., p. 25).

Ou não fosse o poeta o mesmo que desde logo se distinguira, e não apenas no âmbito académico, pelos seus trabalhos de tradução da Odisseia (2003), que lhe valeu o Prémio D. Diniz da Casa de Mateus e o Grande Prémio de Tradução da Associação Portuguesa de Tradutores e do PEN Clube, e da Ilíada (2005) de Homero, bem como de duas tragédias de Eurípides, Hipólito e Íon, e de uma antologia de Poesia Grega de Álcman a Teócrito (2006).

Centro de Documentação de Autores Portugueses
11/2010


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