Lepierre, Charles. Estudo químico e tecnológico sobre a cerâmica portuguesa moderna, Lisboa. 1912
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Lepierre, Charles. Estudo químico e tecnológico sobre a cerâmica portuguesa moderna, 2a edição, anotada. Lisboa. Tip. da Associação de classe dos compositores, 1912.
Edição: República portuguesa. Ministério do Fomento. Boletim do trabalho industrial, n.º 78.
207 pp.; Ilustrado; 25 cm. Exemplar encadernado meia
Paul Charles Lepierre, Engenheiro Químico, Professor e Investigador, nasceu em Paris (França), a 12-11-1867, e faleceu em Lisboa, a 17-12-1945. Era filho de François Joseph Lepierre, bretão de Tramelm e de Marguerite Cirgoudou, nascida em Mauriac, Cantal na Auvergne.
Casou em 1889, em Paris, com Eugénie Suzanne Champion e deste casamento nascerem três filhos, todos naturais de Coimbra: Madeleine em 1890, Henry em 1891 e Jeanne em 1896. Madeleine casou com o Dr. António Tinoco e tiveram dois filhos, António Lepierre Tinoco, que foi Director do Diário Popular, e Carlos Lepierre Tinoco, Engenheiro Civil pelo IST e que faleceu em 1941. Henry, Engenheiro diplomado em França, morreu nas trincheiras da Guerra de 14-18, em 1915. Jeanne casou com Henry Reynaud, Comerciante em Lisboa, tendo nascido deste casamento em 1920. uma filha, Paulette Lepierre Reynaud.
Charles Lepierre fez a sua Instrução Primária de 1873 a 1881, nas Escolas da cidade de Paris, e em 1881 entrou, por concurso e como bolseiro externo, na Escola Turgot, onde fez o Ensino Secundário com bom aproveitamento, tendo recebido Prémios Escolares, e evidenciando já o seu gosto pelas Ciências Físico-Naturais.
Por indicação do Professor Gérardin, que aí ensinava Física, concorreu em 1884 à École de Physique et Chimie Industrielles, de Paris, então de fundação recente (1882), Escola que mais tarde ficou anexa à Sorbonne. Frequentou essa Escola de 1884 a 30 de julho de 1887, data em que terminou o curso que lhe deu o diploma de Engenheiro Químico.
Após a saída da École de Physique et Chimie trabalhou como Engenheiro (de Agosto de 1887 a Janeiro de 1888) na Fábrica de açúcar de beterraba, no norte da França, a “Sucrerie de Clermont – les Formes” (Aisne). Foi aí que recebeu uma carta de Roberto Duarte Silva convidando-o para vir para Portugal como chefe de trabalhos de química da Escola Politécnica de Lisboa e como preparador do Instituto Industrial de Lisboa, por escolha entre vários candidatos propostos.
Em Dezembro de 1887, Charles Lepierre avista-se em Paris com o Prof. José Júlio Rodrigues, que então ensinava nos dois estabelecimentos citados, com quem estabeleceu as bases do seu primeiro contrato com o Governo Português (24 de Fevereiro de 1888).
De Janeiro de 1888 a Maio do mesmo ano ficou em Paris, em comissão do Governo Português, para tratar da organização das colecções de Tecnologia para o Instituto Industrial e de preparação do Curso prático de Química da Escola Politécnica. Chegou a Lisboa em 30 de Maio de 1888, data em que iniciou a sua carreira em Portugal, tendo sido sempre, sem interrupção, funcionário do Governo português até à sua reforma.
De Julho de 1888 a agosto de 1889, Charles Lepierre trabalhou em Lisboa como Chefe de Trabalhos de Química (6.ª cadeira, Química Mineral) da Escola Politécnica de Lisboa e como Preparador de Indústrias Químicas do Instituto Industrial de Lisboa.
Desde Outubro de 1889 a Agosto de 1911, por nomeação de Agosto de 1889, exerceu o lugar de Professor de Química da Escola Industrial de Coimbra, cidade onde viveu 20 anos.
Em Outubro de 1891 foi nomeado Preparador e Chefe de trabalhos do Laboratório de Microbiologia da Universidade de Coimbra, lugar que desempenhou até Agosto de 1911. De Julho de 1894 a Outubro do mesmo ano esteve em Paris em missão da Universidade de Coimbra.
Em 03 de Agosto de 1911 foi nomeado Professor do Instituto Superior Técnico de Lisboa, após convite do Ministro Dr. Brito Camacho, por indicação do fundador do IST, Alfredo Bensaúde, pelo que deixou Coimbra, e todos os lugares oficiais que, até então, aí desempenhara, numa permanência total de 22 anos. Foi então encarregado, pelo seu contrato (de 3 de Agosto de 1911), do Ensino da Química Tecnológica, da Análise Química e, um ano depois, da Química Orgânica. Exerceu o ensino durante 26 anos no Instituto Superior Técnico até à sua reforma em 12 de Novembro de 1937, data em que atingiu o limite de idade, tendo-lhe sido concedida por um decreto especial.
A pedido da Ordem dos Engenheiros ao Conselho Escolar do IST, que unanimemente o aprovou, foi dado ao Laboratório de Química Analítica, nas novas instalações, a designação de Laboratório Charles Lepierre onde foi colocado o seu nome no decorrer de uma cerimónia de homenagem. Estudou cerca de 198 águas minerais portuguesas.
Pertenceu a diversas sociedades francesas em Portugal; foi Presidente da Socièté de l’Ècole Française de Lisbonne e Presidente da Socièté de Bienfaisance Française (Hôpital de S. Louis).
Em Lisboa, existe o Liceu Charles Lepierre, também conhecido por Liceu Francês, na Avenida Engenheiro Duarte Pacheco. Este Liceu, embora ostente o nome de Charles Lepierre, não foi criado por ele, sendo apenas o “Patrono”, o Liceu, embora com outra designação, remonta a 1907.
Fonte: Núcleo de Arquivo do Instituto Superior Técnico.