Joaquim Vieira Natividade, A região de Alcobaça, Algumas notas para o estudo da sua agricultura, população e vida rural, Lisboa, 1922
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Edição do autor. Relatório final de Engenheiro Agrónomo.
Joaquim Vieira Natividade (1899-1968), Engº Agrónomo e Silvicultor, distinguiu-se no campo da arboricultura e silvicultura como técnico e investigador, tendo ao longo da sua excepcional carreira publicado mais de 300 trabalhos.
Joaquim Vieira Natividade nasceu em Alcobaça em 22 de Novembro de 1899. Terceiro dos quatro filhos (dois rapazes e duas raparigas) de D. Maria Ajuda Garcez e de Manuel Vieira Natividade, Joaquim teve uma infância feliz no seio de uma família laboriosa e unida, repartindo o tempo entre os descuidados períodos das folgas e a escrupulosa obrigação dos deveres escolares imposta pelo seu pai.
Manuel Natividade, descendente de uma família de agricultores, era licenciado em farmácia, profissão para a qual não se sentia talhado mas que exerceu durante alguns anos como proprietário da Farmácia Natividade, localizada no centro de Alcobaça. Alguns anos antes de vender a farmácia, fundou uma fábrica de conservas de fruta alargando assim o património da casa agrícola que herdara dos pais. Depois da venda da farmácia, repartia o seu tempo entre a fábrica, onde contava com a ajuda de toda a família, e o estudo de arqueologia, etnografia e história do Mosteiro de Alcobaça, que era verdadeiramente a sua paixão. Relativamente aos filhos, a sua grande preocupação era incutir-lhes qualidades de trabalho para o que usava uma forte disciplina. Com o passar dos anos o amor que Manuel Natividade sempre tinha tido pela Natureza foi crescendo, sentimento que logicamente tentou vincular nos filhos. Uma das grandes preocupações de Manuel Natividade, traduziu-se na luta pela renovação pomareira da região através das mais diversas iniciativas, de onde se destacam a publicação do seu livro "As frutas de Alcobaça" e a fundação da Junta de Reconstituição dos Pomares de Alcobaça, onde foi arquivista o seu filho Joaquim. Por outro lado, Manuel Natividade estava relacionado com destacadas figuras da época, com as quais organizava serões de debate onde se discutiam os mais variados temas artísticos e científicos. De uma destas reuniões, da imaginação de Lopes Vieira e do seu entusiasmo, nasceu a ideia da realização de serões de arte no Mosteiro de Alcobaça, que vieram a constituir um acontecimento notável para a época.
Após a conclusão da instrução primária, o jovem Natividade ingressa no "Collegio - Lyceu Alcobacense", onde estuda até aos 12 anos de idade, altura em que se transfere como interno para o "Colégio Mondego" em Coimbra. Dado o seu feitio sério e disciplinado, transita para externo passando a residir na "República Fidalga e Amiga" até 1916, altura em que concluiu o liceu como aluno brilhante. Mantém com a família um estreito contacto passando todos os períodos de férias em Alcobaça.
Em 1916 Joaquim Natividade, dividido entre seguir a carreira de medicina e o fascínio das coisas da terra, acaba por entrar para o Instituto Superior de Agronomia por decisão de seu pai. Os anos que se seguem são anos de aprendizagem tranquila, apenas marcados pelo rude golpe de perder o pai, em Fevereiro de 1918, quando frequentava o 2º ano do curso. Com excelentes resultados, conclui o curso de Engenheiro Agrónomo em 1922, após a apresentação do seu relatório de estágio "A Região de Alcobaça, Agricultura, População e Vida Rural", que preparou durante 1922 em Alcobaça, deixando como lembrança pessoal no Instituto um pequeno carvalho que plantou no pátio Central e que hoje é uma árvore imponente.
Nos anos seguintes dedica-se a estudos no ramo da Silvicultura, sobretudo no que respeita ao sector das Quercineas (carvalhos), vindo a concluir também o curso de Engenheiro Silvicultor em 1929, com a apresentação do trabalho final "O Carvalho Português nas Matas do Vimeiro". Durante este período, dá aulas entre 1925 e 1926 na "Escola Agrícola Feminina Vieira Natividade", antigo sonho de seu pai, inaugurada em 1925 em consequência da perseverança do Engº Agrónomo José Joaquim dos Santos, e faz parte da comissão organizadora do "II Congresso Nacional de Pomologia" onde ainda apresenta o trabalho "Método de Caracterização das Variedades de Peras Portuguesas ou Tidas como Tais", estruturando um método de classificação que constituiu a primeira tentativa de classificação de castas culturais de pereiras por chaves dicotómicas.
Em Fevereiro de 1930 ingressa na "Direcção-Geral dos Serviços Florestais e Aquícolas", sendo nomeado três meses depois, Director da "Estação Experimental do Sobreiro e Eucalipto" então criada e cuja sede passa a ser em Alcobaça.
Ao longo da sua carreira trabalhou por diversas vezes no estrangeiro, nomeadamente em Inglaterra e na Holanda.
Num concurso realizado em Fevereiro de 1933, foi aprovado em mérito absoluto para professor catedrático do Instituto Superior de Agronomia. Os candidatos ao lugar vago de catedrático que havia na altura eram três, tendo Natividade ficado em segundo, facto que o desgostou tremendamente e o fez isolar-se em Alcobaça. É curioso que em quarenta anos de trabalho (entre 1928 e 1968), Natividade só não publicou algum trabalho exactamente em 1933, ano do concurso.
Porém, à força da sua enorme capacidade de trabalho e inteligência, interesse pela investigação científica e conhecimento da realidade pomarícola e suberícola do país, Natividade desenvolveu e publicou cerca de 320 trabalhos (livros, artigos técnicos, lições. comunicações, relatórios, etc.), muitos deles referências para a comunidade científica e estudantil (por exemplo os livros Pomares e Subericultura), tendo-se deste modo transformado em Mestre da Arboricultura portuguesa e, assim, acompanhado com a sua obra inúmeros alunos que em tempos tinha sonhado ensinar.
Durante a sua longa e produtiva carreira, Joaquim Vieira Natividade desempenhou diversos cargos entre os quais se destacam:
— Em 1933 foi nomeado Investigador e Chefe do Departamento de Pomologia da Estação Agronómica Nacional.
— Em 1947 foi incumbido de elaborar o plano de fruticultura da Ilha de Madeira.
— Em 1950 elabora o "Plano para o Fomento e Defesa da Subericultura Mediterrânea", adoptado como plano de trabalhos pela FAO, sendo nesse mesmo ano nomeado presidente do."Grupo de Trabalho Permanente sobre a Cortiça" da FAO.
— Em 1958 é eleito pela FAO vice-presidente da "Silva Mediterranea".
— Em 1959 é nomeado responsável pelo "Empreendimento Fruticultura" do II Plano de Fomento
— Em 1962 é Fundador e Director do Centro Nacional de Estudos e de Fomento da Fruticultura.
Conforme já se referiu, Natividade publicou cerca de 320 trabalhos, dos quais 165 foram sobre arboricultura e fruticultura, 113 sobre subericultura e silvicultura, versando as restantes publicações temas literários, artísticos, históricos e biográficos. Das suas publicações destacam-se:
— A sua tese de concurso para Professor Catedrático do Instituto Superior de Agronomia (Lisboa), "A Improdutividade em Pomologia - Estudo Fisiológico e Citológico".
— Estudos sobre pereira, macieira, citrinos, morangueiro, oliveira e outras espécies fruteiras.
— O tratado "Subericultura" (1950), que foi traduzido em várias línguas, sendo adoptado como manual de estudo em várias universidades estrangeiras, continuando a ser a obra de referência desta área.
- As séries publicadas nos anos 40 e 50, "Os fundamentos científicos da cultura racional do sobreiro" e "Sobreirais do Sul e Sudoeste de Espanha".
— "Em Defesa do Castanheiro. O plano de resconstituição dos soutos portugueses" (1945), e diversos outros trabalhos sobre esta espécie.
— "Madeira - Epopeia Rural", estudo agrícola, etnográfico e histórico da ilha.
— Dezenas de trabalhos de divulgação das modernas tecnologias de produção fruteira e de exploração florestal.
Foi ainda autor do filme "Flores, mundo de beleza", a que foram atribuídos vários prémios nacionais e o Diploma de Honra no 4º Concurso Internacional do Filme sobre Temas Florais (Trieste, Itália, 1963).
Das muitas consagrações e distinções que lhe foram atribuídas, assinalam-se:
— Eleito "Fellow" da American Association for the Advancement of Science (1940).
— Eleito sócio correspondente da Real Academia de las Ciencias Fisicas, Exactas y de la Naturaleza de Espanha (1940).
— Eleito sócio honorário da Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa (1945).
— Grande Oficial da Ordem de Mérito Agrícola (1951).
— Sócio correspondente (1952) e efectivo(1955) da Academia das Ciências de Lisboa, Classe de Ciências.
— Eleito sócio honorário da Associação Central da Agricultura Portuguesa (1960).
— Doutor honoris causa pela Universidade de Toulouse (França, 1966).
Em 1962 é fundado o Centro Nacional de Estudos e de Fomento da Fruticultura e Natividade nomeado seu director, na sequência de uma visita a Alcobaça do então Ministro da Economia, Engº Ferreira Dias, e que culminou com um despacho para a criação do Centro ainda em 1961. Dificuldades de diversa natureza fizeram com que a construção do Centro se iniciasse apenas em 1965 e só ficasse completamente concluído e operacional em Janeiro de 1968. Natividade confessou nessa altura com emoção: "Agora sim, agora tenho finalmente condições para trabalhar".
Meses depois, a 19 de Novembro de 1968, morria em Alcobaça, Joaquim Vieira Natividade.
António Barreto
Bibliografia
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