E. M. Melo e Castro, Pessoa: metade de nada, Livros Horizonte, 1988
e. m. de melo e castro
Natural da Covilhã, E. M. de Melo e Casto (1932-) licenciou-se em engenharia têxtil, pela Universidade de Bradford, Inglaterra, em 1956. Foi professor no IADE - Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing. Foi também professor convidado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e na Universidade de São Paulo, onde se doutorou em Letras em 1998.
E. M. de Melo e Casto foi um dos iniciadores da poesia concreta em Portugal. Participou no primeiro número da revista Poesia Experimental (1964) e foi um dos organizadores do segundo número dessa revista (1966). Organizou Hidra 2 e Operação 1, entre várias outras Antologias e Suplementos. A sua prática poética tem sido acompanhada por uma teorização sistemática sobre a linguagem e sobre as tecnologias da comunicação. Na sua extensa obra cruzam-se múltiplas práticas e formas experimentais: a explosão grafémica e gráfica que combina a fragmentação da palavra com a espacialização da escrita alfabética e do desenho geométrico; o poema-objeto tridimensional e a instalação; a recombinação intermédia de escrita, som e imagem em movimento; a performance que inscreve a presença corporal, vocal e gestual do autor nas práticas sociais e técnicas de comunicação; a teorização do poema como dispositivo de crítica do discurso no universo saturado dos média. A sua consciência da mediação técnica da era eletrónica reflete-se num conjunto de obras pioneiras no uso do vídeo e do computador na produção literária, que constituem uma síntese da consciência autorreflexiva da ciência e da arte contemporâneas.
Obras principais > Entre as suas obras de poesia, refiram-se: Queda Livre (1961), Mudo Mudando (1962), Ideogramas (1962), Objecto Poemático de Efeito Progressivo (1962), Poligonia do Soneto (1963), Versus-in-Versus (1968), Álea e Vazio (1971), Visão/Vision (1972), Concepto Incerto (1974), Resistência das Palavras (1975), Cara lh amas (1975), As Palavras Só-Lidas (1979), Re-Camões (1980), Corpos Radiantes (1982), Finitos mais Finitos (1996) e Algorritmos: Infopoemas (1998). Refiram-se ainda as antologias Ciclo Queda Livre (1973), Círculos Afins (1977), Autologia: Poemas Escolhidos 1951-1982 (1983), Trans(a)parências: Poesia I, 1950-1990 (1990), Visão Visual (Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1994) e Antologia para inici-antes: 1950-2002 (Editora Ausência, 2003). As suas obras de ensaio incluem: A Proposição 2.01 (1965), O Próprio Poético (1973), Dialéctica das Vanguardas (1976), Po.Ex: Textos Teóricos e Documentos da Poesia Experimental Portuguesa (1981; com Ana Hatherly), Literatura Portuguesa de Invenção (1984), Projecto: Poesia (1984), Poética dos Meios e Arte High Tech (1986) e Vôos da Fénix Crítica (1995). É autor, entre outros, dos videopoemas Roda-Lume (1969, 1986), Signagens (1985-1989), Sonhos de Geometria (1993), Navegações Fractais (2001) e Gerador de Universos (2005). A sua produção recente, a partir do Brasil, inclui Antologia Efémera (2001), Livro de Releituras e Poiética Contemporânea (2008), Neo-Poemas-Pagãos (2010), Quatro Cantos do Caos (2009), O Paganismo em Fernando Pessoa (2010), A Agramaticidade das Feridas do Coração (2011) e Poemas do É (2012). Realizou diversas exposições individuais desde a década de 1960. A sua obra foi objeto de uma retrospetiva organizada pelo Museu de Arte Contemporânea de Serralves: O Caminho do Leve/ The Way to Lightness (2006) e, mais recentemente, fez a exposição Do Leve à Luz, no ciclo Nas escritas PO.EX, na Casa da Escrita em 2012, em Coimbra, onde mostrou 14 novos Videopoemas (2009- 2012).
Biografia Manuel Portela in po-ex.net