Carvalho, Raul de. Poesia. Lisboa: Portugália, s.d.
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259, [4] pp.; 21 cm.
Raul de Carvalho, Alvito, 1920 - Porto, 1984
Alentejano e «filho de sapateiro bêbedo», como deixou escrito, cedo se radicou em Lisboa, onde, como também deixou dito, viveu «sempre com medo da morte». Exerceu diversas profissões, entre elas a de ajudante de farmácia, propagandista de produtos farmacêuticos e empregado de escritório. Foi nos anos 50 um dos fundadores e directores dos fascículos de poesia Árvore (1951-1953) e colaborou nas revistas Távola Redonda e Cadernos de Poesia. Personalidade vigorosa e pensamento insubmisso, vida e poesia sempre, a bem dizer, se identificaram na sua obra («Pois que, ao falar-se de Poesia – quando de poesia se trata e não de um seu factotum – é de Vida (a nossa, a dos outros; a individual, a comum) que estamos, se com acerto queremos falar, a falar», diz ele no seu último e já póstumo livro).
A sua poesia, marcada, de início, por certas preocupações herdadas do neo-realismo, cedo ganha novos timbres, a que não é alheia a lição de Álvaro de Campos. Mas a isso não é também estranha a lição de Irene Lisboa (por quem confessa, aliás, a sua admiração), na busca de uma certa «estética da banalidade» que caracteriza alguns dos passos da sua trajectória poética. Um espontaneísmo excessivo e pouco vigiado, a par de uma exagerada confiança nos poderes virginais da palavra, não raro prejudicam, no entanto, a sua dicção, banalizando-a. «Como uma dramática encruzilhada de cinismo e de sentimentalismo, de amoralismo e de delicado pudor, na qual perpassa um desespero anárquico constantemente dividido entre um terno sentimento e uma solidão angustiosa», assim viu Jorge de Sena a poesia de Raul de Carvalho. Alguns dos seus poemas, «de uma segurança e de uma força exemplares ou de uma simplicidade perfeita», fazem dele um dos mais importantes poetas portugueses contemporâneos. Em 1956 recebeu o «Prémio Simon Bolivar», no Concurso Internacional de Poesia, de Siena, Itália.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. V, Lisboa, 1998