Encadernação meia francesa, com cantos em pele.

Joaquim de Carvalho, Figueira da Foz, 1892 - Coimbra, 1958

Professor e escritor. Tendo-se formado em Direito e Letras na Universidade de Coimbra, foi nomeado, em 1919, professor efectivo da Faculdade de Letras daquela Universidade, para reger a cadeira de História da Filosofia. O seu magistério exerceu profunda influência no domínio da história das ideias e da repercussão destas na cultura portuguesa e, ainda, na procura de um horizonte metafísico genuinamente nacional, que o levou a uma importante reflexão em torno da problemática da saudade.
A outra vertente da sua duradoura influência manifesta-se na actividade que desenvolveu enquanto administrador da Imprensa da Universidade, de 1921 a 1935 – ano da extinção, por ordem do Salazar. No exercício desta função orientou a edição de obras inéditas ou esgotadas de autores portugueses, fundou e dirigiu a Biblioteca Filosófica (onde apareceram traduções de Aristóteles a Husserl, precedidas de preciosas introduções), promoveu a edição das colecções Bibliotecas dos Escritores Portugueses, Filósofos e Moralistas e Inedita ac Rediviva, entre outras. Também fundou e dirigiu a Revista da Universidade de Coimbra.
Trabalhador infatigável, senhor de sólida cultura clássica e de vasta erudição, o seu pensamento foi influenciado pelo neokantismo e pela filosofia de Espinosa, da qual se tornou competente intérprete. Alguns dos seus mais importantes trabalhos ligam-se à investigação dos aspectos filosóficos subjacentes à obra literária de autores como Camões e Antero de Quental (a quem, aliás, é dedicado um dos seus últimos estudos). Foi sócio efectivo da Academia das Ciências de Lisboa e do Instituto de Coimbra e membro honorário de diversas universidades estrangeiras.

in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. III, Lisboa, 1994