Búzio, 1956; António Aragão, Edmundo Bettencourt, David Mourão-Ferreira, Eurico de Sousa, Esther de Lemos, Herberto Helder, Jorge Sumares e J. Escada, Caderno Búzio, número um (e único), 1956
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Raro. Completo com os hors texte.
1.º e único publicado.
O caderno literário, Búzio, foi organizado por António Aragão em 1956; Nele colaboraram Edmundo Bettencourt, David Mourão-Ferreira, Eurico de Sousa, Esther de Lemos, Herberto Helder, Jorge Sumares e J. Escada, além do próprio António Aragão.
Natural da Madeira, António Aragão (1921-2008) nasceu em S. Vicente e faleceu no Funchal. Licenciado em Ciências Históricas e Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e diplomado em Biblioteconomia e Arquivismo pela Universidade de Coimbra. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, tendo estudado Etnografia na Universidade de Paris, onde fez estágio de Museologia. Frequentou o Instituto Central de Restauro, em Roma, especializando-se em restauro de obras de arte. Foi director do Arquivo Distrital do Funchal, tendo publicado diversas obras sobre história, urbanismo e etnografia do Arquipélago da Madeira. A sua produção artística inclui pintura, poesia, ficção e teatro.
Recorrendo à colagem e à montagem como dispositivos de estranhamento linguístico e de semiose intermédia, as suas obras intervêm materialmente nos discursos e nas inscrições de que se apropriam. Uma parte do seu trabalho visual, pioneiro na exploração das potencialidades expressivas da electrografia, caracteriza-se pela utilização de efeitos de homogeneização de textura e de distorção e repetição de imagem permitidos pela fotocopiadora. A ruptura semântica dos signos, obtida através da aglutinação de palavras e partes de palavras, tem assim uma contrapartida na própria ruptura da figuração da imagem, desfigurando deliberadamente os nexos verbais e visuais da representação. Sem dessemantizar completamente imagem e palavra, António Aragão consegue um poderoso estranhamento que coloca o espectador perante absurdas combinações de textos e imagens de um mundo sobrecarregado das mais variadas mensagens. Exemplos dessa justaposição de retóricas são as electrografias O Elogio da Loura do Ergasmo Nu Atlânticu (1983), Céu ou Cara Dente por Dente (1983) e Merdade My Son (1983).
Obras principais > Realizou diversas exposições de pintura e poesia visual, tendo participado também no movimento internacional de mail-art. Pioneiro da poesia experimental em Portugal, foi um dos organizadores dos dois números da revista Poesia Experimental (1964, 1966). É autor das obras de ficção Romance de Izamorfismo (1964), Um Buraco na Boca (1971), Os 3 Farros (com Alberto Pimenta, 1984) e Textos do Abocalipse (1992). Das suas obras de poesia, refiram-se Poema Primeiro (1962), Folhema 1 (1966), Folhema 2 (1966), Mais exactamente p(r)o(bl)emas (1968), Os Bancos antes da Nacionalização (1975), Metanemas (1981), Filigrama (1981), Pátria, Couves, Deus, etc. (1982) e Joyciana (1982; com Alberto Pimenta, E. M. de Melo e Castro e Ana Hatherly). É também autor da peça de teatro Desastre Nu (1980). De entre as suas obras verbivocovisuais, merece destaque Poesia espacial POVO/OVO (1977, representação portuguesa na Bienal de São Paulo).
[Biografia escrita por Manuel Portela e Rui Torres]