A Questão ibérica, Integralismo Lusitano, Lisboa, 1916
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O Território e a Raça, António Sardinha; A Lingua e a Arte, Hippólyto Raposo; Musica e Instrumentos, Luís de Freitas Branco; Aspectos Económicos, José Pequito Rebello; Colonizações Ibéricas, Ruy Ennes Ulrich; Direito e Instituições, A. Xavier Cordeiro; Aspectos Político-Militares, Vasco de Carvalho; Lição dos Factos, Luis de Almeida Braga, Lisboa. 1916, 352 pp.
O Integralismo Lusitano é uma doutrina política, veiculada através da Nação Portuguesa, um periódico conimbricense publicado a partir de 8 de abril de 1914, que defendia o retorno a um sistema político monárquico tradicional e nacionalista, antiparlamentar, logo antirrepublicano, no qual o monarca assumiria o papel de chefe de Estado, concentrando na sua pessoa as funções governativa, "coordenadora, fiscalizadora e supletória das autarquias locais", bem como a executiva.
Se António Sardinha era o maior doutrinário do integralismo, Raul Proença era o seu maior crítico. As suas críticas relativas a esta doutrina foram publicadas na Seara Nova, entre o número 5, de 24 de dezembro de 1921, e o número 15, de 1 de julho de 1922. Para a maioria dos republicanos, o integralismo não era mais do que uma imitação do nacionalismo francês. Mas Proença ia mais longe, ao procurar debater as suas ideias. Todavia, a sua crítica, que se pretendia completa, foi interrompida pela dedicação ao Guia de Portugal e pela sua colaboração noutros setores.
Decorridos quatro meses após a publicação da Nação Portuguesa, as atenções voltaram-se para a Primeira Guerra Mundial, que estava então a começar, deixando de lado a discussão das ideias integralistas, anteriormente perturbadas com os distúrbios entre os republicanos.
Os oficiais monárquicos que integraram o "movimento das espadas" de janeiro de 1915, contra o governo de Vítor Hugo e Azevedo Coutinho, não parecem ter tido uma grande influência destes ideais integralistas. No entanto, foram eles os maiores beneficiários da nova ditadura de Manuel de Arriaga/Pimenta de Castro, que favorecia todos os adeptos da monarquia.
Nesta época, debaixo da capa protetora do governo, os integralistas organizam um ciclo de conferências sob o tema da "Questão Ibérica", famosas pela doutrina apresentada e pela apresentação de ideias pró-integralismo lusitano. A primeira conferência, como não podia deixar de ser, foi proferida por António Sardinha, a 7 de abril de 1915, com o título O Território e a Raça.
Algumas destas conferências contudo não tiveram lugar, devido à queda da ditadura em 14 de maio de 1915. Na altura, o local onde se faziam as conferências foi atacado por alguns indivíduos enfurecidos. Começaram também, então, a surgir divergências entre os monárquicos integralistas e os monárquicos constitucionais.
Na revolução de Sidónio Pais, de 5 de dezembro de 1917, alguns integralistas pegaram em armas para lutar. Mais tarde, nas eleições realizadas durante o sidonismo, foram eleitos deputados alguns integralistas. A fação monárquica integralista neste período aumentou até à fracassada tentativa restauracionista de 1919. A partir de então, os alvos da crítica integralista eram, além da República, os monárquicos constitucionais e o antigo rei D. Manuel II. Reaparecem, entretanto, A Monarquia e a Nação Portuguesa, a 18 de agosto de 1919 e em julho de 1922, respetivamente.
Apesar das divergências, houve um período de aproximação entre republicanos e integralistas, com o estabelecimento de contactos entre ambas as partes a partir do gabinete da Biblioteca Nacional presidido por Jaime Cortesão, e nos gabinetes de António Sérgio e Raul Proença. Deste diálogo, nasceu o Homens Livres, uma folha que viria a publicar apenas dois números com esse nome, a 1 e 12 de dezembro de 1923.
No mês de janeiro de 1925, morreu António Sardinha, o doutrinário do movimento integralista. No entanto, apesar desta importante perda, os seus defensores continuaram ativos, envolvendo-se em revoltas como a de 18 de abril de 1925 e no movimento de 28 de maio de 1926, que significou uma nova viragem na nossa vida política. Em junho desse ano, alguns integralistas fizeram uma última aparição contestatária invadindo o teatro de S. Carlos, onde António Sérgio fazia uma palestra, sob pretexto de este ter desrespeitado a memória daquele que os inspirava.